02 outubro 2014

filosofista ou humorista?

Deus - Epístola de Paulo aos leitores do Observador
  • As sociedades não podem sobreviver sem um conjunto de crenças colectivas
  • A crença em Deus é uma dessas crenças colectivas, inseparável da criação cultural do Ocidente
  • Logo: quem não acredita em Deus é antissocial (ou pelo menos menos associal) e inculto
Comentário: A entrevista que Hawking deu ao El Mundo, para promover os seus livros, serviu de isco para alguns intelectuais e humoristas portugueses exibirem os seus conhecimentos de teologia e exercitarem os seus e os nossos risorius.
Em particular, achei piada a esta epístola do ateu Paulo Tunhas a criticar o ateu Hawking. Aparentemente pertencem a duas seitas ateístas distintas: as "Testemunhas da Ciência" e as "Testemunhas da Filosofia".
Se aceitarmos a afirmação de que as sociedades não podem sobreviver sem crenças religiosas (extrapolação que é possível intuir da referida epístola) então Hawking e Tunhas representam um perigo considerável. É aqui que o ateu Tunhas passa de filosofista a humorista:

- É pá, então se todos seguissem o teu exemplo a sociedade implodia... ou não?

13 comentários:

Anónimo disse...

O problema dele começa logo em considerar Deus uma "crença colectiva".
Erro. é um sentimento pessoal.
PA

Anónimo disse...

Sim, esse é um erro a destacar.

Tb achei piada ao espírito de seita - o ateísmo dele é bom e o do Hawking é mau.
Há mais seitas ateístas do que religiosas :-)

Joaquim

zazie disse...

Pois eu acho o artigo bem pertinente e é de realçar esta passagem:

«Mas se quisermos pensar a sociedade através dos seus critérios arriscamo-nos a acabar como os sábios da Academia de Lagado, nas Viagens de Gulliver de Swift, que, na sua paixão pela uniformidade e pelo geométrico, comem as costeletas de cordeiro cortadas em triângulos equiláteros, a carne de vaca em forma de rombóides e o chouriço é cicloidal. Não consta que a sociedade possua essas formas. E, pelo que tenho lido, Deus também não.»

Sim: a dita Ciência também é um aglomerado de crenças.

E sim, nunca existiu uma sociedade sem crenças, incluindo aquelas cujos sentimentos nem tinham grande desenvolvimento- exemplo- Astecas.

zazie disse...

O que ele disse, por outras palavras, foi o que eu já tinha dito- os cientistas modernos são umas bestas incultas.

zazie disse...

E, salientou, o mesmo que eu já tinha salientado- nada pescam de filosofia.

O sujeito é de filosofia, tinha obrigação de dizer isto e disse-o muito bem.

Francisco disse...

"Aparentemente pertencem a duas seitas ateístas distintas: as "Testemunhas da Ciência" e as "Testemunhas da Filosofia"."

Eu julgo que esta é uma boa observação, e apesar do Joaquim a ter dito em tom de piada, ela caracteriza bem um certo tipo de ateísmo que surgiu do deslumbramento científico e tecnológico actual. Uma espécie de reciclagem do deslumbramento científico durante o iluminismo, agora actualizada com computadores, física quântica e K. Popper. É a ideia de que o método científico é a origem de todo o conhecimento, ignorando que não se pode validar a ele mesmo. A ideia não é nova, e parece ser ressuscitada sempre em períodos com avanços científicos extraordinários e aparentemente incompreensíveis para o comum dos mortais, tranformados em autênticos milagres sem Deus.

É neste movimento que se insere toda a tropa do R. Dawkins, Hawkins, Sam Harris, etc. Curiosamente a esmagadora maioria provêm de áreas das ciências naturais, sendo as ciências sociais mais imunes a este fenómeno.

O principal motivo de embirramento com este tipo de ateísmo é o facto de eles não reconhecerem que o método científico está subordinado a uma questão filosófica. Daí que toda a comunidade mais ligada à Filosofia (ateísta ou crente, nem interessa muito) tem um desprezo especial por eles.

Anónimo disse...

Zazie aflorou o tema muito bem. Como é seu hábito, dom ou carisma — esta é, agora, a palavra chique na igreja católica. Acho que Zazie odiará carisma.
Os ateus perdem para os agnósticos. São palavras, mas a humanidade funciona com palavras.
Todos os ateus e todos os agnósticos são mandriões intelectuais. É muito mais fácil classificarem-se do que pensarem, pensarem, pensarem.
eao

Unknown disse...

Caro Eao: o Eao tem alguma coisa publicada?

Digo-o com estima dado que aprecio muito os seus comentários por aqui e gostava de conhecer melhor o seu "pensamento".

Cumprimentos

Pedro Sá disse...

Eu sabia que o PA iria odiar o artigo do Tunhas eheh porque é absolutamente kantiano.

zazie disse...

O post é do Birgolino

zazie disse...

E também não faço a menor ideia onde desencantaste que ele era absolutamente kantiano.

Tudo o que escreve no texto é absolutamente anti-kantiano.

Anónimo disse...

Ó Dr.Birgolino(zazie dixit),vossência, mal acomparado,quando ouve falar de Deus, puxa logo da epístola,eheheh

Anónimo disse...

Eu gostava era de ler a epístola de Paulo(Portas)aos germânicos