24 setembro 2014

É a personalidade

Foi o Papa Pio XII na sua célebre alocução de Natal de 1944 que introduziu a distinção entre povo e massa. Foi um primeiro e decisivo passo, mas que eu sempre considerei insuficiente.

Estou agora em condições de avançar.

O que é que distingue verdadeiramente o povo da massa?

Os membros da massa são todos iguais ao passo que os membros do povo são todos diferentes - têm personalidade.

(Por mera coincidência, o post anterior do Joaquim ilustra o que é uma sociedade de massas)

É a personalidade, a maneira única e distintiva de olhar a vida e a viver que distingue o povo da massa. No povo, cada um é uma pessoa - e as pessoas são todas diferentes, ao passo que na massa cada um é um mero indivíduo - e os indivíduos são todos iguais.

(A palavra pessoa tem a sua origem mais remota no grego, significando personagem de uma peça de teatro. Neste sentido, num povo cada um anda na vida a representar um papel que lhe foi atribuído por Deus. Na massa, cada indivíduo não tem papel a representar na vida, não existe um sentido na sua vida).

E quem cria a personalidade das pessoas que constituem um povo e  que, estando ausente ou menos presente, produz os indivíduos todos iguais que formam a massa?

A resposta está dada nos meus dois posts anteriores.

É  a mãe-de-família. É ela principalmente que, sendo o centro da comunidade e cuidando diferenciadamente de todos os membros da família - de cada um dos filhos, do marido, dela própria, dos sogros, dos seus próprios pais e ainda dos tios e das tias idosas - os faz sentir únicos e diferentes de todos os outros.

Retire-se à mulher o lugar central na família -  tornando-a igual ao homem, levando-a a casar-se mais tarde, encorajando o divórcio, levando-a a atribuir maior importância à profissão do que à família, encorajando-a a não ter filhos ou a ter menos filhos - e aquilo que vai acontecer é que, em lugar de produzir pessoas, ela vai produzir meros indivíduos, e onde estava um povo passa a existir uma massa (às vezes chamada uma vasta classe média).

É curioso que o sistema de democracia partidária (que tem feito tudo isto em Portugal nas últimas décadas), e que alegadamente representa o povo, aquilo que na realidade faz é acabar com o povo.

E com o valor da vida humana porque uma pessoa - com a sua personalidade - é única e irreplicável, ao passo que um mero indivíduo é igual a todos os outros (que falta faz cá ele, se ainda ficam cá milhares de milhões iguais a ele?).

A revolta protestante, que está na origem da democracia partidária e da modernidade, é em primeiro lugar uma revolta contra a mãe-de-família (teologicamente, contra a Santa Madre Igreja). Que sejam as mães-de-família que hoje em Portugal são as primeiras a sofrer-lhe as consequências não deve surpreender ninguém.


28 comentários:

Anónimo disse...

As mães de familia estão a sofrer? Ó amigo, a minha mãe só conseguiu tirar a quarta classe no seu tempo, porque teve de ir trabalhar cedo para o campo, e os seus pais mal tiveram dinheiro para lhe comprar uns sapatos decentes quando ela casou. Dois irmãos seus morreram em casa à nascença, o que era banal. A minha mãe, que toda a vida trabalhou no duro, é a primeira a bendizer os tempos que se vivem agora. Mas quem é este Pedro Arroja?

Anónimo disse...

Caro Anónimo,
Quem quer que eu seja, eu sou uma pessoa - tenho um nome, que até você conhece.
Ao passo que você é massa, é mero indivíduo - que nem nome tem.
PA

Anónimo disse...

Caro Professor,

A sua visão reflete o que observo na da minha família próxima e alargada. As mulheres sempre foram o centro à volta do qual tudo gravita.

Não consigo é entender porque razão as jovens adultas querem ser iguais aos homens.
Nenhuma tem como objectivo principal ser mãe (que significa ser o centro de todas atenções e de todas as decisões importantes).
Em todas é carreira que está à frente de tudo.

Não sei a razão disto. Parece-me estranho.

Alberto

Anónimo disse...

Não tenho nome? Você acha que é uma máquina que está aqui a escrever? Não só tenho nome, como tenho uma vida e outros atrás de mim, pais, avós, tios, têm e tiveram nome e uma vida, que você, nem ninguém, consegue apagar. Não precisa de saber o meu nome, nem o nome de milhões de outras pessoas que vivem para além de você, que não o conhecem de lado nenhum e que você não precisa de conhecer. Não fale de mães de família, do que elas sentem e desejam e sofrem, que a única que conhece bem é a sua.

Diogo disse...

«E com o valor da vida humana porque uma pessoa - com a sua personalidade - é única e irreplicável, ao passo que um mero indivíduo é igual a todos os outros (que falta faz cá ele, se ainda ficam cá milhares de milhões iguais a ele?).»


Que raciocínio espantoso!

Uma pessoa - com a sua personalidade - é única e irreplicável. Já um mero indivíduo é igual a todos os outros.

Brilhante! Tal coisa nunca me passaria pela cabeça. Uma pessoa é única, já um indivíduo é igual a milhões de outros. Estamos sempre a aprender...

Anónimo disse...

Aguardo ansioso a próxima bacorada de D. Arroja-se.

E mais ainda dos oportunos, doutos e esclarecidos comentários da minha (perdoem-me esta tão humana sentido de posse, ela entrou por mim, transformou-se na pele que não arranco sem sangrar, ai ai ai…) Zazie.Quando ela se baba e espuma, se agarra com zelo missionário à Enciclopédia dp Readers Digest, transfigurado lanço-me aos dragões que a consomem, adita.

Populaça, teratretaneto do Sigfrid*

*O das salsichas Franfurt, claro. p

Pedro Sá disse...

Analisando friamente a situação, verifico que o PA defende basicamente a funcionalização das mulheres em razão do colectivo.

Transpersonalismo, portanto. Completamente anti-católico, portanto.

Anónimo disse...

O Pedro Arroja dirige-se a uma massa indistinta, não lhe interessa nada o povo, pessoas concretas. Cria categorias mentais, como a “mãe-de-familia”, que tem em casa como figurinhas de cerâmica num altar privado. Quando se lhe fala da vida concreta de cada um, desmancha-se. Vive na ilusão de que tem alguma influência com o que diz, como um pastor numa pequena igreja de província frequentada por meia dúzia de fiéis que vivem em redor. è um fenómeno curioso, mas nada original.

Anónimo disse...

Diogo,
Já lhe disse mais do que uma vez que você não tem idade para frequentar este blogue.
Aplica-se aos outros putos anónimos, como aquele que tem pais, avós, tias (aquilo que ele não tem são filhos).
Xi-xi cama.
PA

Anónimo disse...

Como é que eu sei que vocês são uns putos - e ainda por cima uns putos anjinhos?
Está na vossa escrita - vocês revelam-se.
Então aquele que ao invocar a família só se invoca a ele próprio, aos pais, aos avós e aos tios...
Que graça...
Filhos, netos, sobrinhos e sobrinhas, cunhados e cunhadas é que não há - não é?
Um puto a querer chatear um homem, o adolescente a querer chatear o pai.
PA

Anónimo disse...

Pedro Arroja, você não é a pessoa mais brilhante do mundo, homem. Mas então, se eu lhe relatei uma situação longinqua passada no tempo dos meus pais, é óbvio que não tenho 20, nem 25 anos, não é? Pense. Já agora, o meu pai morreu há dois anos com mais de 80 anos. Pela sua escrita amaneirada e toda arrebicada, você é que parece adolescente, deve ser mais novo do que eu, quanto mais idade para ser meu pai. Chamo-me Rui Marcelino, sou de Canas de Santa Maria e moro em Eiras, quando quiser um café, encontra-me depois do almoço no trevo verde, no Loreto. Estando interessado que eu lhe explique coisas da vida, uma conversa, sem ser essas tretas de almanaque de flosofia barata, ponha aqui se quer, que se combina qualquer coisa e pago-lhe um copo, se tiver idade para isso. talvez seja eu a explicar-lhe o que é um puto.

Anónimo disse...

1-0 para o Marcelino

Zeze

zazie disse...

O PA começa agora a perceber a imbecilidade de insistirem em permitir comentários anónimos.

Obriguem a registo e acabou-se esta palhaçada de haver gente que se considera gente e nem nome nem nick ter.

Registam-se, comentam, e não se fazem passar por outros comentadores.

muja disse...

1-0?

Acho que o Marcelino já perdeu por falta de comparência.

Disse tudo menos quantos filhos tem...

muja disse...

Porém, não vejo necessidade de estar a distinguir entre massas e povo.

"Massas" têm um significado - e apenas, um - objectivo: para efeitos de propaganda.

E pensar-se (ou ignorar-se) que a propaganda (que é uma coisa neutra, ao contrário da conotação que hoje se lhe dá) se aplica a "massas" mas não a "povo" foi logo o que permitiu a revolução das luzes.

Com algumas excepções, a "reacção" nunca percebeu essa coisa fundamental. Nunca percebeu o poder da propaganda.

Anónimo disse...

Caro Marcelino,

Vamos então de volta ao seu primeiro comentário.

Você contesta a importância central que eu atribuo à mãe-de-família na vida de cada um de nós e da comunidade.

E quem é que você cita para me rebater?

A sua própria mãe.

Não lhe dá para ver que, em lugar de rebater o que eu digo, você o confirma?

Benza-o Deus.
PA

Anónimo disse...

A Zazie com sanha estalinista. Giro, não é?

Dá a carita, que eu te digo.

Populaça, atrevidote

Anónimo disse...

Pois leu mal. Refiro a mãe, os pais dela, tios meus e poderia referir-lhe mais gente da minha família. Apenas lhe disse o que a minha mãe diria hoje, pois já não tenho mais família da geração da minha mãe para falarem. E onde é que eu ou a minha mãe confirmariamos o que você disse? Vá lá ler outra vez o meu primeiro comentário. Você diz que as mães de família estão agora a sofrer, qualquer coisa a ver com a modernidade e a democracia partidária, e eu estou a dizer-lhe que é um disparate generalizar isso. Cada um fale por si. Você é um gajo complicado e um bocado tortuoso, fale direito e de forma franca. A sua mãe está a sofrer com alguma coisa relacionada com a democracia partidária e modernidade? Alguma vez teve de percorrer dez quilómetros a pé no inverno com o filho ao colo para ir ao médico, com medo que ele morresse? Sofrer é isso, homem. E guarde lá as benzeduras.

Anónimo disse...

2-0 para o Marcelino.

O PA como aliás é costume, reagiu sem ponderar e sempre na linha "eu é que sei tudo, os outros são uns putos" e chutou completamente ao lado.

O PA faz umas reflexões interessantes, mas depois tira leis gerais que se aplicam a ele e a todos. E quem não concordar é um puto.

E faz melhor, molda a realidade para encaixar sempre nas leis gerais que inventou.

Podia abrir-se à discussão e tentar aprender com os outros mas não, o PA é um ser superior e chega lá sozinho.

Se isso passar por contradizer tudo o que andou a dizer até há meia dúzia de anos, assim seja. Afinal de contas, ele também já foi um puto (até um bocado tarde mas enfim, cada um é como é).

Vai ser giro ver o PA a debater com o Marinho Pinto na campanha para as presidenciais!...

Zeze
(pai de família com 3 filhos, 1 cão e 2 gatos)

Anónimo disse...

Ó Sr. Anónimo,

Quem fala assim não é gago. E não me parece ser alguém que precise de conselhos arte em que não me distingo. Mas, à laia de sugestão, deixe este blog paroquial, que aqui não se aprende nada de jeito. É sempre do mesmo: a mediocridade feita gentinha.

Dúvida? Então leia en vol d'oiseau as cretinices da Zazie e pense que a tola é bem capaz de estar mais ao menos ligada ao ensino. Consegue imaginar? Eu consigo: a Judite de Sousa deve ter aprendido com alguém...

Saudações respeitosas.

Populaça, pesaroso

PS. Não lhe pague um copo. Se lhe destrava a língua vai ter de o aturar. p

Anónimo disse...

Isto digo eu, óviste, mais ou menos ligado ao manicómio. Nota-se a descendência- o Marocas foi meu aluno.

Populaça, sintético e confessional

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=wgm0cD21Feo

Marcelino, come la tortilla

Populaça, saudosista. p

Anónimo disse...

É meio esquisito, aturem-no vocês. A internet é um mundo, carago. Saúde a todos. Obrigado pelo video. Ainda às vezes me chateiam com o titulo do filme ;)

Rui Marcelino

Anónimo disse...

"Pride only breeds quarrels." Prov. 3:10

Elaites

Anónimo disse...

f....-da-se! Alguém reparou bem no que se passou aqui? Estava aqui o professor a palestrar e rebéubé renhonhó, mães de familia e a virgem maria, ó ai ó linda, o costume, e aparece aqui um gajo vindo das berças e tumbas. veio, disse e foi-se embora. você está benzinho, professor? professor?

Vivendi disse...

O PA virou-se para as massas e para a populaça e lá se foi a seriedade do debate.

Vamos lá falar de coisas sérias...

"Os homens providenciais da cultura católica não vêm das massas; são seleccionados pelos guardiões da tradição quando o momento certo chega."

Como juntar os guardiões da tradição para aclamar o homem providencial?

Rui Alves disse...

Caro Vivendi

Na Igreja Católica Romana os guardiões são os membros mais elevados da hierarquia, os cardeais, que se reunem em conclave para eleger o chefe supremo. Note-se que apesar de ser eleito por um processo eleitoral bem humano e terreno, o Papa considera o cargo uma incumbência vinda de Deus.

Na nossa História, após crises dinásticas e de sucessão, o chefe de estado era seleccionado em Cortes, onde se reuniam os mais eminentes representantes dos diversos grupos sociais e profissionais da sociedade portuguesa. E novamente, não obstante um processo de escolha bem terreno e temporal, o novo Rei reconhecia o seu poder como proveniente de Deus.

No meu entender a resposta à sua pergunta estará algures entre estes dois patamares. E tal como nestes dois casos, é fundamental que o líder eleito admita que o seu poder provém de Alguém superior ao Homem, e que governe segundo os Seus desígnios.

Ou seja, tanto o processo de eleição como a forma de governo devem garantir que depois de eleito (presumindo obviamente um processo de eleição honesto), o novo líder não fique refém das forças que o colocaram no poder, mas seja um tipo de homem que ofereça garantias de temer a Divina Providência.

De outra forma não resulta. Ainda assim, como a infelizmente a nossa História e a História da Igreja o demonstram, isto é falível, não previne completamente a escolha de governantes incompetentes ou corruptos. Mas se o chefe supremo for eleito em condições em que assumidamente deva a sua lealdade no poder a grupos ou corporações, então aí o fracasso não é um risco, é uma certeza.

Anónimo disse...

Ça bouge. O Vivendi, que quer é tratar de coisas sérias e práticas, colocou aqui uma questão procedimental: Como juntar os guardiões da tradição para aclamar o homem providencial? Se alguém percebeu o alcance prático da proposta do Rui Alves, ponha o dedo no ar; eu não. Não podemos andar a engonhar isto eternamente, como se compreende. Se viesse aqui o parolo do Marcelino, com aquele espírito terra a terra da populaça mais baixa, que nem tem mães de família como deve ser, com sofrimentos ontológicos, diria assim: “amigo, coloca-se um edital na junta de freguesia. Quer mais explicações? Venha ter comigo, que lhe pago um bagaço”. Serve? Não convoquem é o Marcelino para a assembleia, por todos os santinhos...