O ódio ao sucesso, que portugueses e espanhóis parecem partilhar, não é inveja, é uma espécie de xenofobia. Não saquem já da
pistola e deixem-me explicar.
A inveja é um sentimento universal, mau é
verdade, mas presente em todos os seres humanos, tal como a concupiscência ou a
agressão. Devidamente orientado pode até tornar-se numa força positiva que
estimule a trabalhar mais e melhor.
O ódio ao sucesso não é nada disso, é apenas
rancor pela diferença. A maioria dos portugueses e dos espanhóis abominam a
personalidade e o estilo de vida dos que têm sucesso. Abominam as 12 horas de
trabalho diárias, a ausência de férias, a determinação, a capacidade de
estabelecer objectivos e sobretudo o gosto pelo risco.
Os portugueses olham para este tipo de pessoas
como se fossem alienígenas de outra galáxia. Não parecem de carne e osso
como nós... não se cansam, nem se desviam do seu caminho. Para quê? Amanhã é
outro dia... mañana, como dizem aqui ao lado.
Assim sendo, tratam-nos como se fossem pretos,
amarelos ou vermelhos. As pessoas de sucesso são diferentes, são de outra raça,
de outra tribo. Não fazem parte da nossa “comunidade” e portanto só merecem
indiferença ou desprezo. Quando colocam em xeque o nosso estilo de vida surge o
ódio.
Alto aí! Não disparem ainda.
A corroborar a minha tese, acresce que os
portugueses e os espanhóis não odeiam a riqueza. Especialmente quando provém de
heranças ou quando cai do céu – Euromilhões. Odeiam o sucesso individual, o que
resulta do esforço pessoal, o que resulta de um estilo de vida diferente. É uma
xenofobia este ódio.
OK, já podem disparar. Desde que sejam tiros
virtuais na caixa de comentários. Eu sei que ninguém gosta que se exponha
assim o seu ódio de estimação.
28 comentários:
Interessante.
A minha família é de uma cidade pequena e sempre foi «odiada» por ter dinheiro. Era desprezada pela famílias com «berço», ou seja, que tinham herdades, quintas e dinheiro de herança (na altura, diga-se, já falidas, por manterem um estilo de vida faustoso e por não serem dadas ao trabalho)e pelos mais pobres ou pela classe média do funcionalismo público.
Os meus avós descendiam de pequenos proprietários com pequenos negócios, uma mercearia, padaria e armazém de óleos e azeite. Acordavam às cinco da madrugada, chegavam a casa por vezes às oito da noite, não havia fins-de-semana nem férias. Juntaram assim dinheiro, compraram terras e casas, nos anos 60, 70 e 80, com ameaças de morte pelo meio e sem empregados durante meses no Verão do PREC!
E agora com este artigo fez-se luz. Olho à minha volta e é isso que constato! «Eles» detestam quem consegue acumular riqueza com trabalho, com esforço individual.
Os tugas são invejosos.
Ponto final.
A vigarice do seu exemplo não é triunfo algum por conta própria.
A palavra ódio é novilíngua do politicamente correcto, o que significa que o Birgolino também gosta muito de ir na onda
A inveja é de tal modo matriz tuga que há-de vir daí a tendência para lhes agradarem as patranhas esquerdistas da luta de classes.
É pá, ó susceptível dr., V. não diz mesmo nadinha que se aproveite.
"Ódio"?
V. é português? Compreende português?
Não somos gringos. "Ódio" é o que se tem a quem nos mata os filhos, ou a mãe, ou nos arruina a vida.
Não se odeia "a diferença", como se não ama um sapato. Só um formatado (para não dizer um mentecapto) é que pensa - e se exprime - assim, sem subtileza de sentimentos. Ou ama ou odeia. Tristeza...
Olhe para os comentários que os seus postais levam normalmente. Na página inicial o máximo que vejo é dois. Compare com os do PA ou CN.
Não que isto seja propriamente um concurso de popularidade, mas acho que tem aí que pensar.
Já o exemplo dos vigaristas que se encostam ao Estado é apenas chico-espertice.
E confundir chico-espertice com triunfo a pulso é coisa de estrangeirismo mal-amanhado.
Ele é amaricanês. também tem ódio às batatas fritas.
Não concordo nada com essa cena da inveja.
Sociologia de tasca zazie, desculpe lá.
Nisso, o susceptível dr. tem razão. Invejosas são todas as pessoas, geralmente falando.
Nem vejo que grande vantagem há em estar com este tipo de merdas.
Conversamos sobre o assunto no Portadaloja.
Aqui não merece a pena.
A inveja tuga é uma variante da ganância do avarento.
Invejam tudo, seja por cair do céu, seja por nascença, seja por sorte, seja por mérito. São capazes de invejar merdoquices.
Há um dito que a resume:
"Até inveja a camisa lavada a um pobre".
Talvez seja por termos um inconsciente colectivo «feminino».
Os andaluzes também devem ser uma sociedade feminina. O culto da Virgem é fortíssimo. Falar em «Espanha» é complicado pois trata-se de uma mistura de povos, línguas, climas... Mas o Sul, que conheço bem, parece-me claramente feminino. Daí a inveja.
Marranice e o resto é conversa.
Acha que é coisa herdada dos sefarditas? Eles estiveram em força no Sul de Espanha... até ajudaram os berberes e os árabes na conquista da Península.
Sim. É marranice.
A ganância tuga não é estímulo para criar ou ter mais. É sempre inveja por medo de se perder.
é "o monte" do avarento do Molière
A ideia que se ganha por os que têm mais perderem é a base do comunismo.
O comunismo é uma ideologia pencuda.
Aliás, isso misturado com a sonsice moura deu cá um resultado...
Eu já vivi no Algarve, em Coimbra e no Porto. Noto grandes diferenças...
No Algarve havia muitos alentejanos, e não fiquei com boa impressão. Preguiçosos e invejosos. Parece que as famílias no Sul são muito complicadas, há sempre um irmão ou irmã que não quer trabalhar e quer ficar com os bens todos da família para si. Há sempre uns «escravos» na família que trabalham para os outros.
No Norte encontram-se as pessoas com o tal fundo cristão de que falava Marcelo Caetano. São mais humildades, trabalhadores, menos invejosos.
*humildes
« "Ódio" é o que se tem a quem nos mata os filhos, ou a mãe...»
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Maquiavel dizia qude 'O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio'.
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«Marranices»
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Inveja e a Avareza são coisinhas distintas. A segunda, a avareza, tem a ver com egocentrismo. Uma patologia que deriva num comportamento de indiferença perante os outros.
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A primeira, a inveja, tem a ver com o contrário. Uma excessiva precocupação com aquilo que os outros têm. Aquilo que os outros têm não é indiferente à pessoa invejosa ao contrario do avarento que esta a marimbar-se.
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O avarento não é, provavelmente, invejoso. É apenas um individualista empedernido do genero libertário. O invejoso é mais do estilo revolucionário do tipo Bloco de Esquerda.
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Uma marranice, no sentido que a Zazie lhe quer dar, na minha opinião, podia perfeitamente ser um qualquer avarento, mas nunca um invejoso.
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Rb
Para o tuga o azar dos outros é o seu sucesso!
ódio, ódio só o sinto na esquerda pura e dura. Ainda hoje os oiço rosnar "é preciso um novo 25 abril mas desta vez com sangue". A inveja, sim é inerente à nossa cultura tuga. Ela manifesta-se quase diariamente no trabalho, na vizinhança e nos cafés. Passamos demasiado tempo a julgar os outros em vez de olharmos para nós.
> No Norte encontram-se as pessoas com o tal fundo cristão de que falava Marcelo Caetano. São mais humildades, trabalhadores, menos invejosos.
Hahaha. Experimente ter uma propriedade no Norte, para ver como os vizinhos se habilitam a ratar-lhe uns pedaços à má fila. Se a malta pensar que está a lidar com duques, sente-se no direito de lhes esfolar um bocado.
Mas, pensando bem, nem deixam de ter razão. Aqui há dois meses veio isto da inveja à baila, e repito o que disse na altura:
... faz parte da negociação entre o individuo "dominante" e os individuos "dominados" ver-se de quanto é que o primeiro está disposto a abrir mão para não levar uma pedrada que lhe estrague o "domínio".
Só povos completamente castrados (por força ou persuasão, gasta-se mais da última nos regimes modernos) é que se deixam dominar e gostam. Os portugueses ainda vão tendo a reacção salutar do anarquista de boca pequena - ressentem-se, e têm inveja, dos "dominadores".
No dia em que os portugueses perderem a sua costela invejosa, podem ter medo, porque o resto da alma também se foi, e estão a lidar com outra gente.
(Veio-me à memória esta do La Rochefoucauld: "Hypocrisy is the homage vice pays to virtue"; se pensarem na inveja como um preço, desarrinca-se bem qualquer coisa do género.)
euro2cent as histórias do norte e a diferença entre o pessoal do norte e o pessoal do sul são uma das maiores tangas que existem em Portugal.
Daquilo que me apercebi vivendo a norte e a sul, é que no norte se é mais religioso, não se tem tanta formação (educação,cultura) e o maior de cada aldeia é aquele que tiver maior tolerância ao alcool.
Indo de encontro aquilo que o euro2cent disse, as únicas experiências que tive de incompreensão pela noção de propriedade privada foi com os ciganos no sul e com uns nortenhos no norte. Aliás o facto de o comunismo não ter tido grande apoio a norte não tem nada a ver com as razões que normalmente apontam. Dito isto, as pessoas são tão diferentes umas das outras (mesmo no mesmo país ou região) que essa identidade regional ou nacional tanto falada é uma grande treta. Tirando a religião e um ou outro aspecto social (o exemplo da bebida) não existem diferenças entre regiões que não diferenças relacionadas com determinados contextos ou com a variedade do clima ou do terreno. Para além disso, as maiores diferenças observáveis entre regiões em Portugal ocorrem entre o interior e o litoral. Os Bracarenses serão mais parecidos com os Setubalenses do que com os de Bragança ou Mirandela.
J
Morgadinho:
A avareza é uma forma de ganância. A diferença é que é uma ganância extrema que faz com o que o próprio não gaste nem goze o proveito e tema sempre que o possa perder.
A avareza por cá chamava-se ser "somítico".
Somítico de semítico. Coisa de judeu usurário.
De qualquer modo tens razão. A inveja é uma forma de ganância por despeito que o avarento não tem.
Na volta é mais moura que pencuda.
Mas tens relatos históricos dos judeus ibéricos em que a avareza, a ganância e a inveja se juntavam.
De modo diferente, é um facto, mais por via da patologia de se fazerem sempre de vítimas.
Por exemplo, quando foi aquela cena durante a peste, no reinado de D. Manuel, e a populaça de Lisboa os matou, muitos cristãos lhes deram abrigo.
E o D. Manuel não descansou enquanto não perseguiu e mandou matar todos os autores da chacina.
Pois eles aproveitaram-se disso para ainda roubar os cristãos que os albergavam e queixarem-se ao rei do inverso.
É de mais o ai, ai, adonai que me estão a perseguir e a tirar o que eu tirei.
Claro que no presente isso não existe porque são todos ricos e não precisam de invejar nada aos goym.
« "Ódio" é o que se tem a quem nos mata os filhos, ou a mãe...»
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Maquiavel dizia qude 'O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio'.
Por isso é que em vez das reticências que V. pôs, está lá: "ou nos arruina a vida." E tambén está "mãe" em vez de "pai".
PS: o Maquiavel falava brasuca ou até no inferno já "adotaram" o desacordo abortográfico?
A estupidez está no facto de usarem a palvra ódio por cópia do "hate" dos crimes do politicamente correcto.
Foi a partir daí que esta malta apalermada passou a decorar o meme.
E usar ódio no lugar do vastíssimo leque semântico que temos, com palavras intermediárias que exprimem melhor a gradação da embirração, nada tem a ver com a expressão "ódios de estimação".
"Ódios de estimação" é uma expressão genuína que não tem o sentido de um sentimento brutal como o ódio.
Quer mesmo dizer- pequenas embirrações gratuitas que coleccionamos sem motivo.
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