Para os católicos, o comportamento moral é o
que obedece à Lei Eterna, à Lei de Deus. Lei que está inscrita no coração dos
homens, crentes e não crentes (S. Paulo, S. Agostinho). É a chamada Lei
Natural.
Este princípio não colide com a hipótese de
fundar a moral na biologia ou até na física. Em termos biológicos, o Homo
Sapiens é o produto de uma evolução de 3,5 MM anos. Tudo o que está “inscrito
no seu coração” é fruto dessa evolução. Em termos físicos, recuamos até à
origem da própria vida e ao modo como esta emergiu da matéria inorgânica, para
atenuar um gradiente de entropia. Tudo o que está “inscrito no seu coração” é
fruto dessa origem.
Quando perguntaram a Jesus quais eram os
mandamentos mais importantes do Decálogo (Mateus 22:36-40), Jesus respondeu: amar
a Deus e ao próximo. Foi uma resposta que sintetizou, de forma admirável, os
mandamentos do antigo testamento (Êxodo 20:2-17). Destes, os primeiros quatro
descrevem como “amar a Deus” e os seis seguintes “como amar o próximo”. Honrar
pai e mãe, não matar, não furtar, não cometer adultério, não prestar falso
testemunho e não cobiçar os bens alheios, são uma expressão obrigatória de amor
ao próximo.
Quando nos focamos na biologia, vemos que toda
a vida procura replicar-se e que esse é o grande “propósito biológico”. O Homo
Sapiens procura o mesmo e, para o realizar, necessita de respeitar a Verdade
(amar a Deus) e todos os indivíduos da sua espécie (amar o próximo). Este
comportamento moral, já vem inscrito nos genes - no coração dos homens - para
realizar os seus próprios fins.
Relativamente à física, a necessidade de
reduzir um gradiente de entropia determina que os seres vivos cresçam e se multipliquem
o máximo possível. Dentro de um equilíbrio com o meio ambiente que não
comprometa o propósito inicial porque exaurir os recursos naturais ameaçaria a
existência de vida. Uma moral radicada na física obrigaria o homem, mais uma
vez, a respeitar a Verdade e amar o próximo.
Todas as vias, religião, biologia e física,
convergem para o ensinamento de Jesus: amar a Deus e ao próximo. Não poderia
ser de outro modo porque antes de haver biologia e física, a nossa espécie já
tinha tido sucesso apenas com a Tradição.
Agora, a biologia e a física abrem-nos novas
fronteiras. Dentro de um equilíbrio fundamental, se Jesus fosse contemporâneo e
tivesse estudado biologia e física, poderia ter respondido: os mandamentos mais
importantes são ‹‹amar a Deus e ao próximo››, mas também respeitar todos os outros
seres vivos (biologia) e o meio ambiente (física).
À luz da biologia e da física, a moral não
pode esquecer todas as formas de vida e a Terra mãe.
4 comentários:
E santificar baratas e ratazanas, já agora, juntamente com todos aqueles vírus bacanas que os médicos desrespeitam a antibiótico.
Se a conformidade com as leis da natureza fosse a única fonte para determinar a ética, e se tudo o que eu faço segue as leis da natureza, não haveria forma de distinguir quais das minhas acções são eticamente aceitáveis. Ou eram todas ou não era nenhuma.
Caro Francisco,
O seu raciocínio está correcto, mas é parcial. O homem é um ser dotado de livre-arbítrio e nem tudo o que faz está de acordo com a Lei Natural (ou até leis da natureza).
Matar, de um modo geral, não está de acordo com a lei natural, ou está?
Joaquim
Joaquim,
presumi erradamente que fosse reducionista: tudo é deterministíco e segue as leis imutáveis da natureza.
Não sendo, certamente que o que eu disse não interessa.
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