música celestial II

Tudo o que sei sobre o amor e o sexo, por muito pouco que seja, aprendi-o com as mulheres. Não aprendi nos livros, nem em filmes.

Foram as mulheres que paciente e generosamente me tiraram da minha jumentice XixIpisloniana e me abriram a mente para o maravilhoso mundo feminino. Mundo que eu comecei verdadeiramente a apreciar depois dos meus trinta anos.

Estou agradecido a todas as que me ajudaram nesta peregrinação a Vénus, mas especialmente às que me permitiram contemplar o relacionamento amoroso entre elas.

Meu Deus, como comecei por me sentir patético, ao ver o modo como uma rapariga toca noutra. Toca-a com os olhos, com o sorriso, com o cabelo, com as mãos no cabelo ou no rosto. Toca-a na alma, com beijos suaves e prolongados. De uma forma que faz qualquer macho sentir-se incapaz.

Aos poucos fui aprendendo, perdendo as manias da juventude e amadurecendo. Um dia, já há muitos anos, a M. disse-me com carinho: ‹‹Joaquim, tu, por vezes, consegues pensar como uma mulher››. Foi o maior elogio que jamais recebi de uma rapariga. Rotundamente exagerado, claro está, mas que eu aceitei, de peito feito, como se fosse verdade. A verdade, obviamente, é que nenhum homem jamais consegue penetrar nesse labirinto emocional que é a mente feminina.

Numa dessas cenas em que eu estava com uma namorada e com a sua melhor amiga – é verdade, a carne é fraca – vi como se despediram com beijinhos, abraços e sorrisos. De volta, a minha namorada, já longe dos ouvidos da sua extremosa amiga disse-me ao ouvido: ‹‹esta gaja é a maior puta que eu já vi››.

- Pensar como uma mulher? - Só para nos gabarmos de que conhecemos o belo sexo e impressionar os amigos. O eterno feminino é uma caixinha de surpresas inesgotável. E é isso que lhe confere um interesse sempre renovado.