só tu e o miguel esteves cardoso é que vêem milagres
em tudo. Lê a cronica dele de hoje. Podias enviar-lhe um livro, eu até acho que
nós e ele nos íamos dar bem. Ela também está habituada a viver com um lunático e
temos os cancros para nos compreendermos e vocês falavam de
milagres.
(recebido de uma leitora, ontem, por e-mail)
(recebido de uma leitora, ontem, por e-mail)
4 comentários:
O MEC é único (português-anglo-saxónico-convertido-ao-judaísmo-intelectual-convertido-ao-mundano), e o espírito universalista católico abarca todos.
Esposa ou filha?;)
Esposa
“Se o mundo provém do Acaso e, portanto, da irracionalidade, como explicar a racionalidade que descobrimos em nós próprios e na estruturação da natureza?”
- PA
Action is the business of Mankind – Locke
De acordo com Locke, e nesta matéria ele segue Hobbes, o homem apenas entende aquilo que produz (we understand only what we make).
Uma vez que não produzimos os seres naturais, eles são, em sentido restrito, ininteligíveis.
Ainda de acordo com Locke este facto é perfeitamente compatível com a possibilidade de uma ciência natural; mas leva à consequência que toda a ciência natural é, e sempre permanecerá, fundamentalmente hipotética.
Todavia isto é quanto nos basta para nos tornarmos donos e senhores da natureza.
Mais ainda, por muito que o homem tenha sucesso na conquista da natureza, ele nunca será capaz de entender essa mesma natureza. O universo será, para sempre, um total enigma.
É este facto que em última análise dá razão à persistência do cepticismo e o justifica até determinado ponto. O cepticismo é o resultado inevitável do carácter ininteligível do universo, ou da crença infundada na sua inteligibilidade.
Por outras palavras, como os seres e fenómenos naturais são em si um mistério, o conhecimento proveniente das ciências naturais é omisso na sua evidência (podemos mesmo afirmar que a Ciência não pensa), pois todo o conhecimento baseado no trabalho natural da mente humana necessariamente está exposto à dúvida.
Para Locke (tal como Hobbes) todo o princípio universal deverá ser abandonado a favor dos instrumentos intelectuais mais puros e artificiais. Não existe uma harmonia natural entre a mente humana e o universo.
Todo o conhecimento é uma construção; uma construção consciente. Assim sendo, o mundo da nossa construção intelectual deixa de ser enigmático porque nós, humanos, somos a sua única causa e temos total entendimento dessa mesma causa.
Uma ilha isenta da causalidade cega e caótica dos seres naturais.
É uma pura criação no sentido mais circunscrito.
O homem apenas poderá garantir a eficácia ou actualização da sabedoria, uma vez que a sabedoria é idêntica a uma “free construction”.
Mas a sabedoria, ao mesmo tempo, não poderia ser uma construção livre se o universo fosse inteligível.
Assim o Homem pode alcançar o conhecimento pelo facto de o universo ser ininteligível – not in spite of, but because of.
O homem pode dominar e tornar-se senhor da natureza apenas pela razão de que não há um suporte cósmico da sua humanidade. Ele pode tornar-se senhor do Mundo porque é um estranho no universo. Poderá tornar-se mestre do universo e deverá ser forçado a sê-lo; uma vez que o universo é ininteligível e uma vez que o controle da natureza não requer um saber prévio sobre a mesma, não há limites possíveis à sua conquista da natureza.
O homem nada tem a perder senão as suas amarras. O conhecimento nada mais que um “relief of man’s estate” como dizia Francis Bacon.
D. Costa
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