15 novembro 2013

Carta ao Patriarca de Lisboa


Manuel,
Permite-me que te “tue”, no melhor espírito franciscano. Não é uma atitude desrespeitosa, apenas uma consequência do “tuar” Papal do nosso Francisco. Penso que não te sentirias bem, em bicos de pés, quando o Sumo Pontífice assume a humildade do seu Santo homónimo.
Li com interesse a tua entrevista de hoje, no Público, mas acabei admirado com as tuas afirmações. Incoerentes? Não sei. Pelo menos surpreendentes.
Começas por falar de “voluntarismo legal” em relação a alguns temas fraturantes, como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que “a lei anda à frente das convicções das pessoas”. É verdade, inteiramente verdade. O legislador não deve pretender construir uma sociedade nova, como tem vindo a acontecer recentemente.
Depois mergulhas no mundo do trabalho, afirmando que “um dos mais graves problemas da atual crise por que passa o nosso país diz respeito ao mundo do trabalho”. Verdade!
Só que dizes que “são de evitar as políticas de criação de emprego pelo corte dos justos direitos dos trabalhadores”. Aqui começo a discordar de ti (aliás este post nasceu da leitura desta frase). O que é preferível? O desemprego ou a diminuição dos chamados “direitos dos trabalhadores”?
Quando temos uma taxa de desemprego acima dos 16% para a população em geral, e de mais de 40% para certos segmentos juvenis, a tua escolha é profundamente ideológica. Da mesma nuance de vermelho que, desde logo, nos conduziu a esta crise.
O que é que são os “justos direitos dos trabalhadores”? Um mês de férias? Subsídios de férias e de Natal? Quantas empresas faliram por não poderem fazer face aos justos direitos dos trabalhadores? Quantas famílias perderam o seu ganha-pão? A Igreja não acompanha esta realidade?
Afirmas também que esperas que “tudo o que se obteve em termos de Estado Social se mantenha o mais possível”. Meu Deus, digo eu.
Manuel, concordas que uma família não possa escolher a escola dos seus filhos? Que um doente não possa escolher o seu médico? Que a poupança dos reformados se evapore no RSI ou nas reformas não contributivas?
Se apoias o sistema público de educação, essencialmente laico e de costas voltadas para Deus, não te deves surpreender que os portugueses, educados neste meio, voltem as costas à Igreja.
Já agora, o construtivismo que tanto te perturba no aborto e no casamento homossexual, não te incomoda na parcela contida no Estado Social. Porque é que o Estado deve suportar uma mãe solteira? Quando há famílias que gostariam de ter mais filhos, mas que recorrem ao planeamento familiar porque não têm recursos, à revelia da doutrina católica.
O estatismo parece-te bom para o que acreditas e mau para o que te tira da tua zona de conforto.
O estatismo para mim é sempre um Mal, foi o Mal que nos levou à perda de soberania, que nos empobreceu e que nos está, quotidianamente, a tirar a liberdade.
A liberdade que Deus nos deu e que a Igreja deve sobremaneira defender. Sem liberdade, Manuel, não há espaço para o divino.
Melhores cumprimentos,
Joaquim

13 comentários:

Vivendi disse...

Enquanto os membros da igreja andarem de mão dadas com o socialismo (e por consequência com a maçonaria)... é caso para dizer, vozes de burro não chegam ao céu.

Anónimo disse...

"Manuel, concordas que uma família não possa escolher a escola dos seus filhos? Que um doente não possa escolher o seu médico? Que a poupança dos reformados se evapore no RSI ou nas reformas não contributivas?"
.
Manel, as questões prioritarias é a fome a alastrar no seio das familias portuguesas...é destruição de valores ancestrais que hoje são promovidos pela escola publica...é a destruição da dinamica económica interna...o resto são tretas ideológicas que no actual contexto nem merecem uma linha de pensamento da Igreja Portuguesa...

Anónimo disse...

Querido Jaquim:
O estado social, que tu chamas simploriamente de "estatismo", nada mais é que uma conquista civilizacional resultante de um contrato social assente na liberdade. Ou na mais simples aplicação concreta do cristianismo, já ouviste falar? Funciona assim - há um consenso social que considera que numa determinada comunidade os mais vulneráveis - os doentes, as crianças, os velhos, as mães solteiras os pobres - não ficarão abandonados nem morrerão à fome. este consenso de superioridade civilizacional via garantir que para todos os membros de uma comunidade será garantido um mínimo de dignidade humana e de possibilidade de subsistência. Isto sim, é liberdade.

Anónimo disse...

"os doentes, as crianças, os velhos, as mães solteiras os pobres"

Nao!! Nao! para estes ha a caridade da comunidade, que voluntariamente se chegara a frente e evitara que os mais vulneraveis morram de fome, etc.

Agora vamos todos nos sentar a volta da fogueira e fumar um!!


Elaites

simon disse...

Esse Joaquim é um beato de gema, um beato de seita, do rol de privilegiados, está no papo .

Anónimo disse...

E diz o Vivendi que socialistas são maçónicos... olha, e mânfios do PSD, como do CDS, são quê?, todos opus?
Que não difere ao fim grande coisa, dados como são, chegados ao poder, de mesma seita máfia .

zézinho disse...

Jaquim

Tás porreiro, ou quê?


A minha bênção,

Manela
Cardeal Matriarca

zazie disse...

O Joaquim é ateu, ó galelo comuna.

Anónimo disse...

È ateu. Nota-se bem.Também podia ser calvinista, o efeito é o mesmo. Do tipo - és pobre, culpa tua, problema teu.Não tens para comer' Qundo muito lambe as minhas migalha caridosas, não tenho qualquer responsabilidase pela tua dignidade humana.
Ès mãe solteira? Tivesses abortado, não tenho nada que sustentar o teu filho.
Ès velho e improdutivo? Senta-te num canto e morre, não serves para nada.Porque tenho que te garantir a reforma que descontaste a vida toda?
Ès deficiente? Idem aspas, és um peso para a sociedade, porque carga de água é que tenho de te sustentar em nome de uma solidariedade comum?
Lay down anda die.

Bluesmile

Anónimo disse...

Por último - Tens úlceras varicosas?
Problema teu, vive para aí com fístulas e pústulas já que não tens dinheiro para ir fazer cirurgias vascular na clínica privada XY e nem trocos tens para um seguro de saúde privado que cubra isso.

Além disso as varizes são um nojo. Se tens varizes a culpa é tua -és nojento.

Nada mais incivilizado e anti estatismo que isto.


Anónimo disse...

.Também podia ser calvinista, o efeito é o mesmo.

.
Hum
Acho que o prof. esta a ser convincentemente eficaz. Ate conseguiu convencer a Bluesmile que os prots sao assim e assao. Como ele diz que sao...

Anónimo disse...

Se estás a referir-te ao Arroja nunca li nada dele.

Prefiro o prof. Max Weber.

Anónimo disse...

Joakim.

Tens lido as epístolas do bispo de barcelos?

Vão num caminho diferente. Fazem a apologia do verde tinto. Tens de provar.