Manuel,
Permite-me que te “tue”, no melhor espírito
franciscano. Não é uma atitude desrespeitosa, apenas uma consequência do “tuar”
Papal do nosso Francisco. Penso que não te sentirias bem, em bicos de pés,
quando o Sumo Pontífice assume a humildade do seu Santo homónimo.
Li com interesse a tua entrevista de hoje, no Público, mas acabei admirado com as tuas afirmações. Incoerentes? Não sei. Pelo
menos surpreendentes.
Começas por falar de “voluntarismo legal” em
relação a alguns temas fraturantes, como o aborto e o casamento entre pessoas
do mesmo sexo e que “a lei anda à frente das convicções das pessoas”. É
verdade, inteiramente verdade. O legislador não deve pretender construir uma
sociedade nova, como tem vindo a acontecer recentemente.
Depois mergulhas no mundo do trabalho,
afirmando que “um dos mais graves problemas da atual crise por que passa o
nosso país diz respeito ao mundo do trabalho”. Verdade!
Só que dizes que “são de evitar as
políticas de criação de emprego pelo corte dos justos direitos dos
trabalhadores”. Aqui começo a discordar de ti (aliás este post nasceu da
leitura desta frase). O que é preferível? O desemprego ou a diminuição dos
chamados “direitos dos trabalhadores”?
Quando temos uma taxa de desemprego acima dos
16% para a população em geral, e de mais de 40% para certos segmentos juvenis,
a tua escolha é profundamente ideológica. Da mesma nuance de vermelho que,
desde logo, nos conduziu a esta crise.
O que é que são os “justos direitos dos
trabalhadores”? Um mês de férias? Subsídios de férias e de Natal? Quantas
empresas faliram por não poderem fazer face aos justos direitos dos
trabalhadores? Quantas famílias perderam o seu ganha-pão? A Igreja não acompanha esta realidade?
Afirmas também que esperas que “tudo o que se
obteve em termos de Estado Social se mantenha o mais possível”. Meu Deus, digo
eu.
Manuel, concordas que uma família não possa
escolher a escola dos seus filhos? Que um doente não possa escolher o seu
médico? Que a poupança dos reformados se evapore no RSI ou nas reformas não
contributivas?
Se apoias o sistema público de educação,
essencialmente laico e de costas voltadas para Deus, não te deves surpreender
que os portugueses, educados neste meio, voltem as costas à Igreja.
Já agora, o construtivismo que tanto te perturba
no aborto e no casamento homossexual, não te incomoda na parcela contida no
Estado Social. Porque é que o Estado deve suportar uma mãe solteira? Quando há
famílias que gostariam de ter mais filhos, mas que recorrem ao planeamento
familiar porque não têm recursos, à revelia da doutrina católica.
O estatismo parece-te bom para o que acreditas
e mau para o que te tira da tua zona de conforto.
O estatismo para mim é sempre um Mal, foi o
Mal que nos levou à perda de soberania, que nos empobreceu e que nos está,
quotidianamente, a tirar a liberdade.
A liberdade que Deus nos deu e que a Igreja
deve sobremaneira defender. Sem liberdade, Manuel, não há espaço para o divino.
Melhores cumprimentos,
Joaquim
13 comentários:
Enquanto os membros da igreja andarem de mão dadas com o socialismo (e por consequência com a maçonaria)... é caso para dizer, vozes de burro não chegam ao céu.
"Manuel, concordas que uma família não possa escolher a escola dos seus filhos? Que um doente não possa escolher o seu médico? Que a poupança dos reformados se evapore no RSI ou nas reformas não contributivas?"
.
Manel, as questões prioritarias é a fome a alastrar no seio das familias portuguesas...é destruição de valores ancestrais que hoje são promovidos pela escola publica...é a destruição da dinamica económica interna...o resto são tretas ideológicas que no actual contexto nem merecem uma linha de pensamento da Igreja Portuguesa...
Querido Jaquim:
O estado social, que tu chamas simploriamente de "estatismo", nada mais é que uma conquista civilizacional resultante de um contrato social assente na liberdade. Ou na mais simples aplicação concreta do cristianismo, já ouviste falar? Funciona assim - há um consenso social que considera que numa determinada comunidade os mais vulneráveis - os doentes, as crianças, os velhos, as mães solteiras os pobres - não ficarão abandonados nem morrerão à fome. este consenso de superioridade civilizacional via garantir que para todos os membros de uma comunidade será garantido um mínimo de dignidade humana e de possibilidade de subsistência. Isto sim, é liberdade.
"os doentes, as crianças, os velhos, as mães solteiras os pobres"
Nao!! Nao! para estes ha a caridade da comunidade, que voluntariamente se chegara a frente e evitara que os mais vulneraveis morram de fome, etc.
Agora vamos todos nos sentar a volta da fogueira e fumar um!!
Elaites
Esse Joaquim é um beato de gema, um beato de seita, do rol de privilegiados, está no papo .
E diz o Vivendi que socialistas são maçónicos... olha, e mânfios do PSD, como do CDS, são quê?, todos opus?
Que não difere ao fim grande coisa, dados como são, chegados ao poder, de mesma seita máfia .
Jaquim
Tás porreiro, ou quê?
A minha bênção,
Manela
Cardeal Matriarca
O Joaquim é ateu, ó galelo comuna.
È ateu. Nota-se bem.Também podia ser calvinista, o efeito é o mesmo. Do tipo - és pobre, culpa tua, problema teu.Não tens para comer' Qundo muito lambe as minhas migalha caridosas, não tenho qualquer responsabilidase pela tua dignidade humana.
Ès mãe solteira? Tivesses abortado, não tenho nada que sustentar o teu filho.
Ès velho e improdutivo? Senta-te num canto e morre, não serves para nada.Porque tenho que te garantir a reforma que descontaste a vida toda?
Ès deficiente? Idem aspas, és um peso para a sociedade, porque carga de água é que tenho de te sustentar em nome de uma solidariedade comum?
Lay down anda die.
Bluesmile
Por último - Tens úlceras varicosas?
Problema teu, vive para aí com fístulas e pústulas já que não tens dinheiro para ir fazer cirurgias vascular na clínica privada XY e nem trocos tens para um seguro de saúde privado que cubra isso.
Além disso as varizes são um nojo. Se tens varizes a culpa é tua -és nojento.
Nada mais incivilizado e anti estatismo que isto.
.Também podia ser calvinista, o efeito é o mesmo.
.
Hum
Acho que o prof. esta a ser convincentemente eficaz. Ate conseguiu convencer a Bluesmile que os prots sao assim e assao. Como ele diz que sao...
Se estás a referir-te ao Arroja nunca li nada dele.
Prefiro o prof. Max Weber.
Joakim.
Tens lido as epístolas do bispo de barcelos?
Vão num caminho diferente. Fazem a apologia do verde tinto. Tens de provar.
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