10 maio 2012

uma população estupidificada

Gregos votaram em partidos radicais e agora desejam um governo de consenso. Já não há paciência para acompanhar a situação política da Grécia, a verdade é muito simples de enunciar: os gregos não estão preparados para viver em democracia porque estão estupidificados.

5 comentários:

Harry Lime disse...

Jaquim,

Concordo contigo, os gregos têm falta de espirito democratico.

Mas não o demosntraram nas ultimas eleições. Demonstraram-no ao longo de decadas em votar em politicos corruptos, incapazes e demagogos.

Agora nestas condições, acho perfeitamente natural que uma larga faixa da população vote em partidos radicais.

Aliás, se os franceses podem dar 20% a uma candidata fascista porque é que os gregos também não o podem fazer?

Aliás, os franceses até em tempo de bonança (há 10 ou 15 anos) não tinham problema nenhum em dar 15, 16, 17% ao Jean Marie Le-Pen.

Rui Silva

Vivendi disse...

A tese de Pedro Arroja é cada vez mais válida.

Em Portugal a maioria também não apercebe nada do que acontece.

joserui disse...

Ou isso, ou o inverso... não stressemos Joaquim... o resultado é o mesmo!... -- JRF

Lionheart disse...

Os gregos querem sol na eira e chuva no nabal. Querem ficar no euro, mas não querem austeridade. Se é verdade que se não for feito mais nada sem ser cortes na despesa a economia grega e portuguesa continuará a cair, também é verdade que ambas as economias têm de ajustar a despesa à sua capacidade de gerar riqueza e receita. Por isso o nível de vida e a despesa do Estado com a área social teria sempre de cair, porque o nível que se atingiu só foi possível com o endividamente. Como já ninguém nos empresta dinheiro para continuarmos como estávamos, não há alternativa senão adaptarmo-nos ao que podemos pagar. Com a agravante que a situação grega e portuguesa é mais delicada que a irlandesa, porque enquanto a Irlanda tinha as contas do Estado em ordem antes de ser forçada a nacionalizar a banca, Portugal e a Grécia efectivamente faliram. Ambos os países não teriam dinheiro para cumprir com as suas obrigações correntes mesmo que lhe fosse perdoada a dívida externa, enquanto que a Irlanda não teria problema. Daqui que Portugal está sem margem de manobra alguma, pois não teria dinheiro para nada sem o empréstimo da "troika", o qual mesmo assim consiste praticamente em financiamento para que Portugal pague os juros da dívida e pouco mais, tanto assim que o Estado não paga a fornecedores e interrompeu quase todos os investimentos.

Há uma coisa que gostaria de ver esclarecida. Quanto é que custou ao país o segundo governo de José Sócrates. A factura das PPP's, das barragens, das Scut, ou do TGV já sa sabe, mas quanto é que o país pagou em juros desde que começou o aumento dos juros até pedir ajuda externa. Foram milhares de milhões de euros em juros que nos levaram à bancarrota e é isso que explica porque é que o país hoje está completamente na mão da "troika". Mas gostava que se soubesse um valor aproximado, pelo menos, porque comparado com isso o prejuízo com o BPN é uma "brincadeira". Mas provavelmente não interessa à banca portuguesa que se saiba quanto custou o financiamento da República de 2009 a 2011.

muja disse...

É lógico que o prejuízo do BPN é muito menos que o total. Não é aquele apenas uma parte deste?

Mas seria bem interessante saber-se um número redondo, para se poder concretizar a trafulhice.

E, já agora, Le Pen não é fascista, tenham lá paciência... Esses acabaram com eles já há muito tempo. Preservaram apenas o fantasma que se encarregaram de perverter e diabolizaram o mais que puderam para assustar as ovelhinhas.

Para além do mais, a FN só é radical comparada com a podridão estagnada do políticamente correcto das partidocracias que, aliás, rotulam de radical tudo o que lhes não apraz.
Mas é natural que as pessoas prefiram votar nesses "radicais". Porque eles até são radicais, mas no sentido etimológico do termo - vêm da raíz. Isto ouvi eu o Chavez dizer e, não foi das coisas mais estúpidas que disse:

“Hay que ser radicales… Porque tenemos que ir a nuestras propias raíces, radicales. Esa palabra la han satanizado: “…este es un radical”, y la han asimilado como el “loco”, no, no, radical no es loco, yo soy un radical, radical, vamos a ser radicales, radicales en nuestros principios, bien enraizados, de ahí viene la palabra, de la raíz: radical, ¡radicalmente revolucionario! ¡Radicalmente humanista! ¡Radicalmente patriotas, de la Patria grande! ¡Radicalmente comprometidos con la vida y con los pueblos!, ¡cada día más radicale!”

As pessoas estão fartas do políticamente correcto de pechisbeque, as pessoas estão fartas de fantoches maquilhados de gestos ensaiados, que não dizem nada de comprometedor, que parece que andam sempre em cima de brasas quentes. Querem alguém que vejam como capaz de dar um murro na mesa (ou noutro lado qualquer) e diga: "quem manda aqui sou eu!". As pessoas já não sabem quem manda. Só sabem que não são elas.
Quando as pessoas se acham perdidas, é para as suas raízes que inevitavelmente se viram. Xenofobia o tanas! E depois há uns que se admiram porque os portugueses emigrados apoiam a FN. Pois. E não são os únicos. Até congoleses, e muitos, a apoiam. Porquê? Porque as raízes deles estão em França já. E é para elas que se viram. E o apoio continuará a crescer.

O que muitas vezes se chama racismo, não passa de choque cultural. Só quem não compreende isto é que fica espantado que descendentes de imigrantes apoiem um partido rotulado (mas por quem?) como "radical, racista e xenófobo".