29 maio 2012

um país feito num 8

Duas empresas têxteis do Vale do Ave não conseguem encontrar trabalhadores, apesar de estarem numa das zonas mais afectadas pelo desemprego. Necessitam urgentemente de 200 costureiras. A associação do sector diz mesmo que há empresas a falhar encomendas por falta de funcionários.
Sic Notícias

28 comentários:

Ricciardi disse...

Se quiserem subir o salário encontram uma chusma de gente disposta a trabalhar. Garanto. mas como querem pagar 450 euros, que não dá nem para mandar cantar um cego, o pessoal prefere ver se encontra alternativas lá fora.
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Ora, aqui está um bom exemplo em como o mercado não funciona para certas e determinadas coisas. Num mercado decente não existe falta de mao de obra. Oferecia-se um salariozinho maior e resolvia-se a questão. No entanto, os tecelões do Ave querem pessoal baratinho; se possivel fosse, abaixo do salario minimo. O pessoal não quer trabalhar para receber codeas, tam pouco lhes apetece trabalhar para não conseguir pagar as contas à mesma, que são carinhas. Emigram. Fazem biscates. Recebem subsidios e mandam à fava os empregadores de escravos.
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Aqueles que não conseguem emigrar, fazer biscates ou receber subsidios tem duas ou três hipoteses: 1) a nobre actividade do gamanço 2) visitar as casinhas de refeições gratuitas que proliferam como cogumelos ou 3) sujeitam-se a receber migalhas numa fabrica.
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Eu, sinceramente, ia de imediato pela primeira hipotese. O gamanço. Andava por aí a gamar. Gamanço de qualidade, é certo, mas gamanço.
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Rb

Eduardo Freitas disse...

A "Escola inclusiva" e demais tentáculos do Estado Social deu no que deu. Não é bom de se ver.

Ricciardi disse...

Eu, digo-lhe, se esses tecelões não são capazes de pagar salarios melhores, então não percebo o que ainda fazem em Portugal. Eu desmanchava logo tudo e ia para Marrocos produzir. Pronto, admito que alguns tecelões não o consigam fazer, que isto de desmanchar e voltar a manchar noutro local envolve investimento. Mas, em virtude do mais nobre ideal existente à face da terra, o livre-comercio, eu se tivesse um negócio orientado para o preço baixo e margem curta nunca estaria em Portugal a produzir.
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Tecelões portugueses levantai arrais... ou criai negócios com maior Valor acrescentado.
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Rb

marina disse...

enquanto durar o subsídio..depois , quando acabar , já essa hipótese de emprego foi para Marrocos :)

aí há uns 10 anos lembro-me de o dono de uma fábrica de cordas em espinho estar a pensar ir para o Brasil pq já na altura não encontrava trabalhadores.

Anónimo disse...

Caros,
As empresas em causa oferecem 750 € líquidos.

Ricciardi disse...

Pois, mas quando estes empresários encontrarem pessoal especializado (costureiras)para trabalhar a troco de 450 é porque a coisa está mesmo preta.
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Eu, se fosse costureiro, ia procurar emprego a Marrocos para as fabricas portuguesas. O salario é mais baixo, mas o rendimento disponivel é superior. Um litro de gasolina não custa 1,7 euros. Um carneiro é muitiissmo mais barato. Um carro é ainda mais baratinho e arranjar uma casa, aí, bem, não conheço a realidade, mas no deserto deve-se arranjar uma caverna, de um tuaregue que emigrou para portugal, a bom preço.
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E já que estão a fazer com que o pessoal pague a saúde e a educação, mais os impostos todos, então, porra, o melhor é mesmo ir embora. Não há motivo algum para se ficar. Um só que seja. Bem, há uma excepção; Portugal tem as melhores pessoas do mundo.
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Rb

muja disse...

Pois.

Embora, no geral, concorde com o Rb, acho que aqui se passa mais qualquer coisa.

Atente-se nas palavras do segundo senhor que fala em nome da fábrica: Nós contratamos costureiras. Há x pessoas inscritas no centro de emprego como costureiras. Se a seguir chegam e dizem que não são costureiras, não podemos fazer nada.

Isto começa com o absurdo de ser possível ganhar tanto ou quase de subsídios como de ordenado. Isto é logo golpe mortal na vontadinha de fazer alguma coisa. E depois, já aqui dizia há uns tempos, para alguém (que não o Estado) nos pagar para trabalhar, convém que se saiba fazer alguma coisa de útil. Como, por exemplo, saber costurar.
Ora sucede que, das x pessoas que dizem ao Estado serem costureiras, poucas o mantém perante um potencial empregador. Ou porque não querem ou porque não podem. Se as televisões servissem para informar, saberíamos. Mas como deviam estar com pressa para "informar" o espectador sobre qual a previsão do polvo Paulo sobre a "selecção", ficamos sem saber.

E 750 euros limpos não é nada mau. Um programador não sénior fora de Lisboa ganha uns 1000 ou até menos...

muja disse...

Portugal tem as melhores pessoas do mundo.

E a comida homem, é necessário não esquecer a comida!

Ricciardi disse...

Joachim, desculpe, mas vc é um desmancha prazeres.
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A empresa da entrevista é subcontratada por aquela outra a Inditex que trabalha para a Zara e que foi acusada no Brasil de praticar trabalho escravo.
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Anyway, além disso, eu volto ao mesmo, se uma costureira com experiencia ganha 750 euros e os tecelões não conseguem arranjar mais, então experimentem oferecer um salario melhor a ver se elas não aparecem. Aparecem pois. Se não aparecerem, então fechem as portinhas da fabrica e vão produzir para o caralho mais velho.
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O mundo globalizado está mesmo para isto. O sô empresario da entrevista, um sub-contratado de uma sub-contratada espoanhola da Zara, achará que, enquanto o pessoal tiver um subsidiozinho de desemprego, não vai trabalhar para a fabrica. É evidente que não vai.
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Era burro que fosse. Pelo menos de forma legal. O que acontece nestas industrias é que este pessoal que está no desemprego aceita trabalho no turno da noite, quando não há inspeção. Ganha o subsidio e o salario do turno. Não pode pois aceitar um outro trabalho na tal empresa da Zara. E quando o subsidio acabar, logo se vê.
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Qual é o problema aqui?
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1) Os baixos salarios.
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Rb

zazie disse...

«Emigram. Fazem biscates. Recebem subsidios e mandam à fava os empregadores de escravos.»

Perfeitamente certo. Estes tipos são ciganos e querem escravos, é fazer-lhes o manguito que é o que merecem.

Anónimo disse...

Pfff... 750€ não é nada mau... só tem um pequeno problema que é: não chega a nada.
Aliás, o Joaquim grande defensor do mercado de arrendamento, diga lá quanto sobra depois de arrendar um tecto para viver... mas de facto preferia receber 750€ a passar a tarde no café nos tremoços e na cerveja...
Eu ontem gastei uns 700-800 na inscrição da miudagem no colégio e desporto mensal... 95 no dentista deles... 80 no meu médico... fui jantar fora 25 (eu)... gasóleo... a minha mulher foi ao Continente nem sei quanto foi... Olhe sabe que mais?... já perdi a noção da realidade e feliz ou infelizmente, não sei como se consegue viver com 750€ por mês quando eu num dia gasto mais que isso...
Enfim, é preciso outro 25 de Abril... perdão... 28 de Maio!... -- JRF

Anónimo disse...

Sobre os escravos tenho algo a dizer: há empresas que pura e simplesmente não têm dinheiro para pagar mais... há muitas empresas que existem por existir... para o dia a dia, a sobrevivência e sustentar os vícios do estado e dos seus viciosos agentes... esse tecido empresarial micro e pequeno por vezes tão elogiado, de empresa tem muito pouco...
Chegado aqui, a solução é ir para Marrocos? Caro RB... não era isso que eu tinha de certa forma sonhado para o meu país... mas que seja...
E quanto ao gamanço, perfeitamente de acordo... aliás temos o exemplo do estado, o maior dos gatunos... -- JRF

Ricciardi disse...

«Chegado aqui, a solução é ir para Marrocos? Caro RB... não era isso que eu tinha de certa forma sonhado para o meu país... mas que seja...»JRF
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Nem eu. Mas um país-puta como o nosso Portugal, com as pernas, perdão, com as fronteiras abertas a todo tipo de entradas, dá nisto.
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Principalmente porque deixamos de poder negociar a merda das areas de pesca com marrocos para ser a porra da UE a fazer com beneficio para outros. Nunca para Portugal. Era um bom acordo, os marroquinos deixavam-nos pescar por ali e nós importavamos cenisses de lá, na mesma e exacta medida. Reciprocidade. Agora assim, como está a coisa, não nos cabe nada. Vai tudo para os galegos. A mesma coisa nas quotas da agricultura e leite.
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Rb

JR disse...

750 € é o chamariz para um ou dois empregados! Não acho muito viável que seja tudo pago nessa fasquia. Quem conhece o Norte sabe do que estou a falar.

Aliás já temos licenciados a serem contratados por bem menos valor.

Quanto à Inditex é um colosso, hoje é a empresa de maior capitalização no Ibex.

E outra tendência que se assiste sobre linhas de montagem:
Mais de 80% dos ‘operários’ da linha de montagem da Autoeuropa são robôs (que não recebem salário, nem fazem greve, nem têm direito a férias).

No meu entender as pessoas estão cada vez mais fartas deste sistema e querem mudar de paradigma e procuram outro tipo de alternativas.

JR disse...

Como disse o "digníssimo" Primeiro Ministro o desemprego é uma oportunidade para mudar de vida e é o que as pessoas estão a fazer.

zazie disse...

Há empresas que eu sei como existem e para o que existem.

Para alimentarem a famelga que não sabe fazer corno e nem para trabalho escravo se oferecia.

É isto. Há gajos com empresas aguentadas por escravos que têm lá as filhinhas e filhinhos e mulherzinha a irem ao cheque ao fim-do-mês.

E não fecham porque elas não sabem fazer mais nada.

zazie disse...

Aliás, isso da fraude é feita a meias.

Eles pagam pouco e declaram metade e o resto é passado por baixo da mesa porque sabem que o trabalhador está com subsídio de desemprego.

Anónimo disse...

Exacto Zazie... mas esse é o tal tecido empresarial que temos e que volta e meia é o orgulho da nação...
A verdade é que há patrões, empresários, bem piores que os funcionários, em tudo... -- JRF

Anónimo disse...

Caro RB... como chegamos até aqui ainda vai dar muitos livros de história, para todos os gostos... um dos capítulos que dará gosto ler será o da CEE, deveres, direitos, benefícios e prejuízos...
Porque digo-lhe uma coisa... o indivíduo que sonhou liquidar as nossas pescas por exemplo, é tão criminoso como o Sócrates e restante comandita... se analisar a nossa situação por diversos ângulos, verá que seria uma impossibilidade isto estar muito diferente. Mais ano, menos ano...
E a procissão vai no adro... porque pessoalmente, continuo curioso como retirando o dinheiro do bolso das pessoas e das empresas, se sustenta um país de comércio e serviços... -- JRF

Anónimo disse...

"Caros,
As empresas em causa oferecem 750 € líquidos."

Joaquim. Não acredite nisso, pois é impossível isso ser verdade.Muito provavelmente nem o salário mínimo querem pagar.

A um conhecido, engº electrotécnico com 3 anos de prática, ofereceram-lhe 600€ e ainda se puseram com manhozices para ele descer o valor.

Abençoadas pessoas que não ACEITAM TRABALHO a qualquer preço.

Luxor

Anónimo disse...

Não se aproveita nada, nem a noticia nem os comentários.
Em primeiro lugar a empresa provavelmente está a propor pagar o salario minimo, claro que alguns receberiam mais, os tais 750 €, os encarregados.
Não devem faltar candidatos. Quase certamente o problema está em que eles devem querem costureiras já formadas, não devem querer formar ninguém.
Pois na zona do vale do ave as costureiras são as menos afetadas pelo desemprego, são as que têm mais facilidade em empregar-se e entre elas o desemprego é baixo, mesmo muito baixo. O pronto a vestir era e é ainda a especialidade do vale do ave.
Agora se aceitarem qualquer pessoa e tiverem tempo para converter trabalhadoras do comercio, da construção civil, cabeleireiras, etc, em costureiras, então serão 100 cães ou cadelas a um osso.
Mas não querem, depressa, 200 costureiras já formadinhas... precisamente a área em que no vale do ave há menos dificuldade em encontrar emprego.
E sim, mesmo aí, há algum desemprego. Conheço vários casos (conheço bem a zona), normalmente ficam desempregadas até acabar o subsidio de desemprego, depois em 2 ou 3 meses encontram emprego.

Camilo

Cfe disse...

"...que foi acusada no Brasil de praticar trabalho escravo."

Não conheço o caso mas se soubesse o lato conceito de "trabalho escravo" que existe no Brasil caiam as gargalhadas.

Anónimo disse...

Ora bem: ou não aparecem 200 costureiras porque não as há- e a empresa pode tentar formá-las ou importar mão de obra. Ou não aparecem porque a oferta não é atractiva. E aí é tornar a oferta atractiva- entre condições de trabalho (creche, bom ambiente, bom horário... é usar a imaginação) e ordenado. O mercado não é diferente para atrair costureiras competentes ou físicos nucleares. Porque raio certas pessoas pensam que uma costureira, talhante, ou mecânico tem a obrigação moral de aceitar uma oferta de trabalho só porque ela está lá?

Unknown disse...

"O mercado não é diferente para atrair costureiras competentes ou físicos nucleares. Porque raio certas pessoas pensam que uma costureira, talhante, ou mecânico tem a obrigação moral de aceitar uma oferta de trabalho só porque ela está lá?"

nem mais....

Anónimo disse...

"Porque raio certas pessoas pensam que uma costureira, talhante, ou mecânico tem a obrigação moral de aceitar uma oferta de trabalho só porque ela está lá?"

Exactamente. Por outro lado, isso torna escusado aquele fado do desgraçadinho: ah e tal os desempregados coitadinhos.

Anónimo disse...

Não há mercado de trabalho, há Credencialismo.
Tens o curso X mereces Y de ordenado mesmo que hajam milhares como tu e um tipo com o 7ºano seja perfeitamente capaz de fazer o mesmo.

Se a empresa oferece 900 ou 1000 euros às costureiras todos os outros quadros da empresa que têm a cultura da aristocracia da educação incutida desde pequenos protestam e querem aumentos para continuarem a ganhar mais que as costureiras.
Empresa vai à falência...
A Cultura manda na Economia.


lucklucky

Anónimo disse...

Não há mercado de trabalho, há Credencialismo.
Tens o curso X mereces Y de ordenado mesmo que hajam milhares como tu e um tipo com o 7ºano seja perfeitamente capaz de fazer o mesmo.

Se a empresa oferece 900 ou 1000 euros às costureiras todos os outros quadros da empresa que têm a cultura da aristocracia da educação incutida desde pequenos protestam e querem aumentos para continuarem a ganhar mais que as costureiras.
Empresa vai à falência...
A Cultura manda na Economia.


lucklucky

Anónimo disse...

Perdão pela repetição.

lucklucky