O assédio é o comportamento pelo qual uma pessoa, de forma sistemática e recorrente, anda de volta de outra - contra a vontade desta - com o propósito de obter certo fim. Aquilo que caracteriza o assédio é, em primeiro lugar, uma forte relação emocional da primeira para a segunda pessoa, a tal ponto que ela não se consegue desligar da outra. A segunda característica é que um tal comportamento é contra a vontade da pessoa que é alvo dele. Em termos populares, o assédio é o comportamento pelo qual, de uma forma sistemática e recorrente, uma pessoa anda a chatear a outra com vista a conseguir certo fim.
Na sua esfera própria, o assédio é um comportamento altamente valioso e construtivo. É o comportamento típico da mãe em relação ao seu filho adolescente. Numa altura em que o filho se sente em condições de assumir a sua própria individualidade e capaz de trilhar os seus próprios caminhos e experiências na vida, é pelo assédio que a mãe o controla e o educa, e se certifica que ele não entra por maus caminhos: Onde é que andaste? Com quem andaste? A que horas chegaste? O que é que andaste a beber? Vai fazer essa barba, meu desleixado. Vai estudar para o exame, que ainda chumbas o ano. É esta também a razão por que, nesta fase da vida, todo o filho considera a sua mãe uma chata. O assédio que ela lhe move é frequentemente sem quartel. Aquilo que caracteriza o assédio materno é o seu altruismo, ele é feito não para o bem da mãe, mas para o bem do filho, embora contra a vontade deste.
Muito diferente deste é o assédio que é praticado para gratificar o seu próprio autor. Trata-se agora de andar a chatear o próximo por prazer próprio. É um comportamento danoso para o próximo. Por isso, nas sociedades masculinas este comportamento é inaceitável ao ponto de ser criminalizado. Trata-se de uma extensão, ainda por cima indevida, de um comportamento que, sendo feminino na origem, não é particularmente valorizado nas sociedades masculinas, como não é valorizado nenhum comportamento feminino. Pelo contrário, nas sociedades femininas, o assédio indevido, embora não sendo valorizado, é, pelo menos tolerado, precisamente por que é um comportamento na origem feminino e que corresponde, por conseguinte, à cultura prevalecente nessa sociedade. É normal, por assim dizer.
É conhecido que o assédio indevido mais frequente é o assédio sexual, geralmente praticado por homens. Nas sociedades masculinas, este comportamento é criminalizado. Nas sociedades femininas, assediar sexualmente mulheres, constitui, pelo contrário, um alegre passatempo. E, embora este comportamento, seja mais frequentemente praticado por homens, é preciso não esquecer que a sua origem é feminina. O assédio é a grande arma da mãe para educar o seu filho ou filha adolescente.
O assédio indevido, aquele que visa o prazer do seu autor, e não o bem da outra pessoa, não é exclusivamente sexual. Pode revestir outras formas, que são igualmente criminalizadas nos países masculinos, mas não nos países femininos, em que permanecem socialmente aceites. Trata-se agora meramente de andar de volta de outra pessoa com o objectivo de a chatear e para gratificação própria.
Para não ir mais longe, quem abrir as caixas de comentários deste blogue constatará que, pelo menos metade dos comentadores que aí se exprimem, vão lá com o propósito explícito de assediar o Joaquim ou a minha própria pessoa. Destes, a maior parte são homens; na realidade, eu só consigo encontrar uma mulher entre eles. Eles vão lá para diminuir o autor, para o depreciar, frequentemente para o insultar, em suma, para o chatear, e parecem retirar grande prazer dessa actividade, no sentido em que estão lá permanentemente, estão sempre de volta.
Encontramos aqui a ambivalência típica de sentimentos que é própria do espírito feminino, e que caracteriza o assédio, a coexistência simultânea de dois sentimentos radicalmente opostos e contraditórios, como são o amor e o ódio: "Detesto-te, mas não posso passar sem ti". Quando é uma mulher a fazê-lo, tudo parece perfeitamente compreensível.
Mas o que dizer, quando são homens? A resposta é que são homens tipicamente saídos de uma cultura feminina, homens em cujo espírito existe muito de mulher. Numa cultura masculina, eles seriam reprovados pela própria comunidade e, a prazo, desapareceriam: "Deixe lá o homem. Você não larga o homem. O que é que você pretende do homem?". E, na realidade, quem pode duvidar que este comportamento de "não largar o homem" é um comportamento típico de mulher?
Mas o que dizer, quando são homens? A resposta é que são homens tipicamente saídos de uma cultura feminina, homens em cujo espírito existe muito de mulher. Numa cultura masculina, eles seriam reprovados pela própria comunidade e, a prazo, desapareceriam: "Deixe lá o homem. Você não larga o homem. O que é que você pretende do homem?". E, na realidade, quem pode duvidar que este comportamento de "não largar o homem" é um comportamento típico de mulher?
4 comentários:
Meu Deus, segundo essa sua mundivisão típica das elites (cocó, chi-chi, pilinha) alojou-se-me uma mulher no espírito?
Olha, tenho uma lésbica dentro de mim!...
:O))))
"o assédio é um comportamento altamente valioso e construtivo."
Se não fosse a repugnãncia atávica que me suscita, propunha-me começar a assediar o Arroja ininterruptamente.
Pró das 5:47PM
E não é que o Arroja tem razão!? Ele acabou de avisar...!
O PA não percebeu o que é o assédio enquanto ilícito. Mesmo.
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