Um dos meus pontos de interesse na figura do Papa tem a ver com o meu interesse em saber como se formam e donde provêm as elites católicas. Especialmente donde provêm, qual a sua origem social. A resposta verdadeira a esta questão é a seguinte: podem provir de todos os extractos sociais, mas normalmente provêm do extracto maioritário - o povo.
Foi por esta razão que recentemente me desloquei a Marktl am Inn, a terra onde nasceu o Papa, uma mera aldeola por critérios portugueses. Para ver in loco aquilo que já sabia de leitura. Ele veio do povo. Até os pais se conheceram por anúncio no jornal. O pai era polícia, a mãe era criada.
Tendo vindo do povo, como é que ele subiu ao mais alto cargo da Igreja, também por decisão do povo? Não, porque o povo não tem julgamento. Subiu pelos critérios da própria elite católica. Dois membros desta elite foram decisivos para o promover, o falecido Cardeal Frings, de Munique, que o levou ao Concílio Vaticano II como seu assistente, e o Papa João Paulo II, que já o conhecia e ficou impressionado com a sua figura, e que o chamou a Roma no início dos anos 80 para ocupar o lugar de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Finalmente, em 2005 a elite dos cardeais elegeu-o Papa.
A origem é o povo, mas os critérios de promoção são os da elite. Simplesmente porque o povo não tem critérios. Meritocracia existe na Igreja Católica, uma instituição que frequentemente é apontada como estando nos antípodas da democracia.
4 comentários:
Provavelmente o único líder com elevação que resta no Ocidente.
É urgente a criação de um grupo think-tank (reservatório de ideias) em Portugal.
Um grupo de intelectuais altamente qualificados e de provas dadas, que teria como missão, debater e estimular o debate de ideias para mostrar à sociedade qual o melhor caminho a seguir, com uma capacidade reconhecida de fazer análises sobre os problemas sócios-económicos, debruçando-se tanto no campo nacional como também na esfera internacional.
Portugal não se pode agarrar mais à insipiência e à rigidez dos partidos políticos e acuidar-se ao lado académico, as teorias e estudos das Universidades Portuguesas são no geral ainda de uma pobreza confrangedora (recentes tomadas de manifestações assim o demonstram).
Urge assim criar uma alternativa válida e dinâmica à sociedade.
Assim, esta instituição com suas ideias serviria como um filtro de qualidade, para os responsáveis políticos e para as comunidades académicas encontrarem o caminho da lucidez e proporcionar a oportunidade em discutir e aprofundar novas ideias.
Um instituto independente, em que as suas conclusões encontradas, sejam transferidas de forma compreensível, confiável, e acessível tanto para o público como para os tomadores de decisão.
Assim é imperativo encontrar um seleto grupo de portugueses de excelência mas que até então estão na sombra da condução do destino do país.
Esse grupo deve surgir, com capacidade reconhecida, sentido de estado e isenta de responsabilidades pelo estado atual de Portugal. Um grupo forte e respeitável e sem intuito de aspiração ao poder.
Com um mandato bem definido e atento aos problemas contemporâneos, esse grupo deve ser objetivo e capaz de criar as melhores soluções económico-sociais para Portugal.
Necessário é apenas que exista uma ambição e um pensamento positivo e os nossos melhores vultos surgirão para defender Portugal.
Aja por aí quem queira defender e promover esta ideia para que chegue rapidamente o momento de verdade a Portugal.
Muito bem visto e dito.
Parabéns porque é destemido e honesto consigo mesmo. Nota-se. Continue. Você é assim como um católico protestante e livre pensador. Que bom, quando se é honesto
Benza-o Deus, como diziam os meus avós.
FC
"Aja por aí quem" ??!! Ai que confusão de verbos... Os acordistas ainda não ecretaram o fim do h "mudo" em início de palavra... mas tal maravilhosa simplificação da escrita deve estar para breve.
Um país onde as "elites" nem sabem escrever a sua língua, e desconhecem a sua cultura e história, merece as contas públicas e os políticos que tem.
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