13 janeiro 2011

o nobre candidato

"Se tomar posse em Março e poucos meses depois o Governo lhe propuser um novo agravamento fiscal, promulgará?
- Não promulgarei um novo agravamento fiscal, farei toda a pressão para que o governo corte nas gorduras que tem. Temos de repensar o desvario na gestão do bem público.
(...)
É favorável a um imposto sobre património detido?
- Com certeza. É preciso ver sinais exteriores de riqueza que não enganam. Tem de haver limites, senão torna-se obsceno com 300 mil idosos com reformas inferiores a 300 euros. Confrontei amigos que possuem bens de luxo se deixavam de os comprar com IVA adicional de 30%. Disseram-me que não. Então qual é o problema [em taxá-los]?", Fernando Nobre, candidato presidencial, hoje no Jornal de Negócios.
Quando surgiu a candidatura de Fernando Nobre, pensei: até que enfim alguém fora da política! Por isso, fiquei atento. Infelizmente, e sem prejuízo das suas admiráveis preocupações humanistas, são as contradições, evidenciadas na entrevista acima transcrita, que o torpedeiam sem misericórdia. Em matéria económica, não sabe o que quer. Um dia não quer impostos. No outro já quer. Um dia diz que criaria um patamar de IRS de cinquenta e tal por cento (como defendeu durante o Verão). Outro dia não se percebe se diz que aumenta os impostos sobre a propriedade ou sobre o consumo. É pena. Como afirma, e muito bem, é o único que cumpre os requisitos essenciais para o cargo e que, hoje, passam por uma carreira distinta no sector privado e ausência de ligações político partidárias. Mas só isso não chega. Tem de pensar e comunicar com nexo. E não o tem feito.

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