21 janeiro 2011

Apelo à abstenção

A imprensa tem destacado a ausência de conteúdo na campanha presidencial que agora termina. É verdade - a campanha foi dominada por questões de lana caprina que, embora simbólicas e sintomáticas, pouco interessam ao país. Contudo, diga-se, em abono da verdade, que aquela mesma imprensa, também, pouco fez para estimular o debate. Afinal de contas, tivessem perguntado o que realmente interessava perguntar, em vez de se terem preocupado em explorar o ricochete das trocas de tiros entre os candidatos, e os putativos presidentes teriam sido obrigados a dar mais do que duas de letra.
Quanto às presidenciais em si, eu não vou votar. Vou abster-me. E vou abster-me convictamente, pois creio ser esse o meu maior dever em prol do meu país. Por uma simples razão: o regime atingiu uma indecência tal, que votar naquele que é o menos mau já não é uma opção. Essa foi a opção tomada nas presidenciais de 2006, na esperança de que se podia fazer menos mal. Infelizmente, a última presidência foi uma catástrofe - como tinha sido a anterior de Sampaio -, por isso, já não há margem de tolerância. Votar em Cavaco Silva, o incumbente, é votar na continuidade. De resto, é com alguma incredulidade que assisto àqueles que, apesar de tão desagrados com o rumo actual, se preparam para votar no mesmo Cavaco Silva e na teoria do mal menor. Ora, no meu espírito, não há dúvidas: há apenas que esperar que este regime ceda o lugar a outro. E isso só se consegue retirando ao regime actual qualquer réstia de legitimidade democrática que ainda possa ter, ou seja, através de uma abstenção maciça!
Caros Portugueses, se não gostam do que veêm, não votem. A mudança será mais célere! Assim urge a decência.

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