23 agosto 2010

autodestruição

Hoje em dia, além do despesismo público, há outro tema na agenda económica: como estimular o crescimento? A este respeito, a última edição da revista Newsweek publica um excelente artigo do gabinente de estudos económicos da McKinsey ("From the Ashes", de James Manyika), que nos recorda que não há que inventar a roda, e que reza assim:
"How exactly do we foster economic dynamism? Twenty years of McKinsey Global Institute research show that the mix of sectors within an economy explains very little of the difference in a country's GDP growth rate. In other words, dynamism doesn't turn on whether an economy has a large financial sector or big manufacturers or a semiconductor industry, but instead on whether the sectors are competitive or not. Instead of picking winners and funneling subsidies to them, countries must get the basics right. These include a solid rule of law, with patents and protections for intellectual property, enforceable contracts, and courts to resolve disputes; access to finance, particularly for start-ups; and an efficient pysical and communications infrastructure".
Em suma, transportando a teoria para a realidade portuguesa, o único campo no qual o país, apesar de tudo, qualifica é nas infraestruturas, acentuando a desnecessidade de mais obras públicas. Quanto ao acesso ao crédito, os últimos dados do Banco de Portugal (de Agosto) continuam a indicar taxas de crescimento do crédito concedido às Administrações Públicas na ordem dos 200% ao ano, gerando o típico efeito de "crowding out" do crédito concedido ao sector privado. E na Justiça, o melhor é nem falar. Num país em que a Justiça é consensualmente o sector do Estado que pior funciona, a verdade é que, mesmo no seio de tanto despesismo público, não há qualquer interesse do próprio Estado em dotá-la de recursos adequados; entre as dotações directas do Orçamento de Estado (dados de 2010) para os vários ministérios, o da Justiça recebe apenas 2% do total!

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