Pretendo neste post ocupar-me da crise no sistema de educação. Terei em vista o sistema de ensino básico e secundário que é onde a crise se nota com maior gravidade, deixando de fora o nível universitário. Estabelecerei um paralelo com a crise na justiça.
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A minha primeira questão é a seguinte: Tem a actual crise na educação em Portugal a mesma gravidade da crise na justiça? A resposta é não. Nem de longe. Se a crise na educação tivesse a mesma gravidade da crise na justiça, nós não estaríamos hoje a viver no país uma mera crise institucional (para além da económica). Estaríamos à beira da guerra civil. Tendo assente este ponto, o qual já aflorei noutros posts e ao qual voltarei no futuro, pretendo então comparar a natureza da crise nestes dois sectores.
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Quanto ao sector da justiça já identifiquei nos posts imediatamente anteriores a origem da crise e a solução para ela. O sistema de justiça em Portugal está em crise porque os portugueses não sabem julgar. E a crise resolve-se pela substituição das pessoas nos lugares de primeira, e até de segunda linha, do sistema.
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Estará também o sistema de ensino em crise no país porque os portugueses não sabem ensinar? Não. Aqui a questão é de natureza diferente. Antes de indicar a resposta, uma nota acerca da capacidade dos portugueses para ensinar. São excelentes professores, os portugueses, no sentido de docentes ou transmissores de conhecimentos. A sua cultura entranhadamente católica orienta-os para a procura da verdade e faz deles os descendentes directos da primeira classe profissionalizada de professores que a nossa civilização conheceu e que, ainda hoje, constitui a classe dos professores por excelência - os padres católicos.
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Existe em cada português um professor - no sentido de um ensinador - em potência. Os seus melhores representantes nesta área são pessoas com uma capacidade excepcional, não apenas para chegarem à verdade, mas também para a transmitirem aos outros com uma clareza e uma simplicidade inexcedível. Da mesma forma que o português típico é um péssimo juiz assim também ele é um óptimo professor.
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Existe em cada português um professor - no sentido de um ensinador - em potência. Os seus melhores representantes nesta área são pessoas com uma capacidade excepcional, não apenas para chegarem à verdade, mas também para a transmitirem aos outros com uma clareza e uma simplicidade inexcedível. Da mesma forma que o português típico é um péssimo juiz assim também ele é um óptimo professor.
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Ao contrário da crise da justiça, que deriva sobretudo de os portugueses não saberem julgar, a crise do ensino não resulta de os portugueses não saberem ensinar. A crise está numa área diferente e, como não podia deixar de ser, numa área que envolve julgamento. Está em os portugueses não saberem decidir aquilo que ensinar e como ensinar. A crise está, por outras palavras, nos programas de ensino e nos métodos de ensino É nos programas escolares e nos métodos pedagógicos, não nos professores, que se centra a crise do ensino em Portugal.
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Os programas de ensino e os métodos pedagógicos não são decididos pelos professores. São decididos de forma centralizada pelo Ministério da Educação. Por isso, ao contrário da crise da justiça que só se resolve através de uma substituição substancial de pessoas, a crise da educação resolve-se substituindo apenas uma pessoa, aquela que possui a autoridade última para decidir sobre os programas e os métodos de ensino.
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A crise da educação resolve-se, portanto, pondo a Ministro da Educação um homem de elite e dando-lhe plenos poderes para decidir sobre programas e métodos de ensino. A elite em Portugal, como referi noutro post, é constituida por homens que complementam a sua sabedoria com o julgamento, e a classe mais provável onde se encontram os homens de elite é a dos professores. O Ministro da Educação em princípio será um professor, mas um professor com julgamento - o julgamento necessário para decidir sobre os programas e os métodos de ensino adequados às crianças e aos adolescentes dos diferentes graus de ensino.
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