18 novembro 2008

regressar a maquiavel

Uma das deficiências mais comuns a quase todo o pensamento liberal é o seu distanciamento, que por vezes se reverte numa desvalorização, do político.

Os liberais preferem acentuar a tónica das suas análises sobre o indivíduo, sobre a ordem social e o mercado, sobre a ideia de liberdade individual e quase só utilizam o estado e a soberania para os identificarem como os inimigos principais da liberdade.

Se é certo que isto não deixa de ser verdade, o que sucede é que esta metodologia praticamente ignora o estado e a dimensão política da sociedade. Necessariamente, ela acaba por ser uma visão incompleta e deficiente.

Na verdade, com a excepção de Hayek, na sua fase em que se dedicou mais à filosofia política do que à economia, e dos autores da Public Choice, a primeira escola liberal que se “transferiu” para o interior do campo adversário, a generalidade dos liberais ignora o estado e a racionalidade da acção política.

Ainda assim, a Public Choice, embora analise rigorosamente a racionalidade do estado e do poder público, não trata, pelo menos do que conheço dela, da natureza do político, isto é, do mais velho instinto da nossa espécie: o poder.

Os liberais necessitam, por isso, de regressar a Maquiavel.

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