24 novembro 2008

Combater a deflação


Apesar de todos os esforços recentes, a cedência de liquidez no mercado interbancário permanece estrangulada. Deste modo, a Reserva Federal (FED) está a pensar em introduzir incentivos que incidirão sobre aqueles que podem contribuir no sentido de atenuar esse estrangulamento. Medidas extraordinárias, como já veremos.

O principal mecanismo de cedência de liquidez é a operação REPO. Trata-se de uma transacção em que o banco central cede um empréstimo ao banco comercial em troca de um activo colateral. O empréstimo é temporário, definido em função da maturidade definida no momento do leilão. Ora, nos últimos três anos, a qualidade dos activos aceites pelo FED como contrapartida dos empréstimos aos bancos comerciais baixou significativamente. Em 2005, cerca de 94% das operações REPO tinham como contrapartida obrigações do Tesouro norte-americano - em teoria, o título mais seguro do seu sistema financeiro. Em 2008, as obrigações do Tesouro representam apenas 14% do conjunto de activos entregues pelos bancos comerciais junto do banco central.

Assim, as obrigações de Tesouro são hoje os activos mais valiosos na carteira dos investidores institucionais que recorrem às operações REPO do Estado norte-americano. Acontece que, recentemente, têm ocorrido vários leilões falhados, em particular, na hora de fechar negócio através da troca de liquidez por obrigações de Tesouro. Por isso, o FED poderá vir a pagar um prémio, equivalente a 3% menos a taxa de juro directora (actualmente, em 1%), àqueles que se apresentem a leilão com obrigações de Tesouro para troca. Se esta medida for implementada, na prática, o FED estará a pagar um juro de 2% aos bancos comerciais que, detentores de obrigações do Tesouro, se endividem através de REPO's.

Esta medida de emergência é mais uma que evidencia o estado dramático da actual situação. De resto, o FED não está a inventar a roda. Está apenas a replicar aquilo que já foi feito antes. Nomeadamente no Japão, durante a década de 90. Qual a principal consequência associada a esta política? O aumento extraordinário da dívida pública.

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