08 setembro 2008

mais ou menos liberdade?

A intervenção federal na Fannie Mae e na Freddie Mac é a prova provada da ineficiência do capitalismo e do mercado livre? Aparentemente, numa leitura ligeira, tudo leva a crer que sim, e é, de facto, nesse sentido que se têm vindo a pronunciar quase todos os comentadores.

Todavia, uma leitura mais cuidada dos acontecimentos revela que, de 2005 até hoje, as duas empresas aumentaram a sua quota de mercado de 38% para 68%, atingindo, assim, um valor gigantesco de U$ 5,3 triliões em garantias a empréstimos concedidos. Para se ter uma idéia aproximada do que representam estes números, basta assinalar que o PIB do Brasil (outro gigante), em 2007, foi calculado em U$ 1,31 triliões, o que equivale a dizer que as duas empresas juntas valem cerca de quatro “brasis”. Uma concentração absurda em qualquer mercado livre, e que as autoridades da concorrência deveriam ter evitado.

Assim, o que aqui terá falhado não foi o “excesso” de mercado e da concorrência, os dois pilares essenciais de qualquer economia livre, mas exactamente o oposto: uma tomada de posição dominante por apenas dois operadores, e, consequentemente, a falta de concorrência e de mercado, isto é, de capitalismo.O facto da Fannie Mae ter surgido dos interstícios do Estado Federal, nos tempos do New Deal, é capaz de ajudar a dimensão excessiva da empresa...

Não por acaso, o Secretário do Tesouro Henry Paulson já veio dizer que a estratégia para recuperar o mercado de títulos do sector imobiliário será evitar, no futuro, a concentração e a hegemonia, isto é, reforçar a concorrência.

Afinal, melhor vistas as coisas, o remédio para esta crise passa por mais e não menos mercado e liberdade económica.

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