«Beto Maluco» morreu metralhado pelas balas que, segundo se julga, os seus rivais da noite portuense lhe terão destinado. A origem do conflito estará, ao que tudo indica, nas vinganças de gangs ligadas a negócios ilícitos, sobretudo ao tráfico de droga, e em disputas de territórios e quotas desse mercado negro. Ele não será, no fim de contas, muito diferente dos outros inúmeros casos de criminalidade violenta organizada, que existem por esse mundo fora.O que leva pessoas como, supostamente, o «Beto Maluco» a entrarem neste tipo de negócio não é, como uma certa esquerda se esforçou durante décadas por demonstrar, nem a pobreza congénita dos protagonistas, nem as condições sociais onde nasceram e viveram, menos ainda a falta de estudos ou de educação. Não são, por isso, «bons selvagens» que a sociedade estragou e encaminhou, por falta de recursos e condições, para uma vida criminosa. Eles são, como quaisquer outros, profissionais que fizeram escolhas e tomaram decisões racionais.
Na verdade, o que leva as pessoas a este tipo de crime é a apetência por uma actividade de baixo esforço e elevadíssimos lucros obtidos num curto prazo de tempo. Se comparada com outras profissões, o comércio de droga confere ganhos fáceis, rápidos e muito consideráveis, que permitem atingir rapidamente elevados níveis de vida a quem a exerce. Os riscos da profissão são grandes, é certo, desde a prisão até à morte, mas, apesar de tudo, não são tão frequentes, nem atingem tantos profissionais, quanto isso. Veja-se, concretamente, quantas pessoas morrem, por ano, devido a homicídios provocados pelo tráfico de droga em Portugal? Provavelmente, durante anos seguidos, nenhuma.
Afinal de contas, nem o Beto era «maluco», nem malucos são os que fazem do comércio da droga a sua actividade profissional principal. Se esta passar a ser lícita e, consequentemente, os ganhos diminuírem substancialmente em virtude da normalização da actividade e da diminuição do risco, a probabilidade de os criminosos se afastarem dela será também muito elevada.
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