18 setembro 2007

freedom of expression


Imaginemos agora um universitário canadiano que nos debates em que se envolve, seja na universidade seja fora dela - na televisão, nos jornais ou mesmo na blogosfera -, em lugar de argumentar, perde frequentemente as estribeiras, tornando-se conhecido por ofender e insultar as contrapartes nos debates.

Os seus colegas não vão gostar deste comportamento, o qual, inviabilizando o diálogo, torna impossível a great conversation que é a essência do trabalho universitário e através da qual os universitários esperam, e podem , chegar à verdade. A ofensa e o insulto no debate académico inviabilizam a própria ideia da universidade, porque uma comunidade de académicos que, tendo-se insultado e ofendido mutuamente, e que deixaram de se falar, é uma comunidade que não serve praticamente para nada.

Os alunos e os pais dos alunos também não vão gostar daquele universitário, e a comunidade em geral não o vai tolerar. Um universitário é também um educador. Mas que discípulos vão saír daquele professor que, em lugar de argumentar, recorre frequentemente ao insulto e à ofensa?.

No Canadá este homem não vai fazer carreira académica - ou nunca lá entra ou será posto fora. Ele pode fazer carreira como carroceiro, se encontrar algum lugar no país onde ainda existam carroças. Dificilmente fará carreira sequer como taxista. Como universitário é que não fará de certeza.

A liberdade de expressão que é reconhecida a um universitário no Canadá é uma liberdade limitada e, na forma de tratar e lidar com os outros, seriamente limitada. Em Portugal, pelo contrário, esta liberdade é praticamente ilimitada.

Universitários com o perfil que indiquei acima são frequentes em Portugal e, por vezes, até são encorajados e aplaudidos. Não é preciso ir muito longe. Alguns estão na blogosfera.

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