19 setembro 2007

coitado do rapaz


Circula, desde há dois ou três anos, nos circuitos universitários do Porto, a história daquele estudante pertencente a uma certa faculdade da universidade do Porto que foi fazer um semestre para a universidade de Helsínquia, na Finlândia, ao abrigo do programa Erasmus. (Como a história me foi contada de forma verbal, eu posso não ser exacto em um ou mais detalhes que reproduzo a seguir).

Foi apanhado a copiar num exame. O assunto subiu do professor ao director da faculdade e deste ao reitor da universidade e o estudante foi expulso. Mas não apenas isso: o reitor da universidade de Helsínquia oficiou o reitor da universidade do Porto que, se um episódio destes se voltasse a repetir, denunciaria o protocolo existente entre as duas instituições no âmbito do programa Erasmus.

Coitado do rapaz - diríamos nós - foi expulso da universidade só por ter sido apanhado a copiar num exame. Esses finlandeses são uns exagerados...
(Pelo contrário, os finlandeses estarão a dizer: These portuguese people are cheaters..., embora em finlandês)

A liberdade, embora relativa, que existe em Portugal para um estudante copiar num exame, não existe de todo num país como a Finlândia ou o Canadá.

Vejamos agora as consequências de um ponto de vista social, considerando dois países que são iguais em tudo, excepto num aspecto - no primeiro existe uma certa liberdade, embora relativa, para copiar nos exames; no segundo, não existe liberdade nenhuma.

No segundo país, as pessoas vão-se habituar desde jovens que, para conseguirem qualquer objectivo na vida (como passar uma cadeira na faculdade, ou outro qualquer) vão ter de contar apenas consigo próprias e, por isso, vão-se responsabilizar pelo seu próprio destino, esforçar-se e aplicar-se ao trabalho.

Pelo contrário, no primeiro país, as pessoas sabem desde jovens que, para atingir um certo objectivo na vida, podem frequentemente aproveitar-se do esforço e do trabalho dos outros, e por isso, vão aplicar-se menos ao trabalho do que seria o caso de outro modo.

Qual dos dois países vai ficar mais pobre? O primeiro, mas não por escassez de liberdade, antes por excesso dela.

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