16 junho 2007

em nome do estado


Entristece-me que o Ricardo Alves viva na ilusão: os tribunais são anteriores ao Estado e colidiram (colidem) muito frequentemente com ele no exercício da sua missão. A esse mesmo Estado sem o qual Ricardo Alves acha que eles «servem para muito pouco ou mesmo para nada». Também ai está mal: por mim, a força dos tribunais está no povo e no direito, em nome de quem administram a justiça; para Ricardo Alves estará, essa força e a sua legitimidade, no Estado burocrático e nas suas polícias. O positivismo socialista (de todos os socialismos) é sempre assim: «tudo pelo Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado». Nada de novo, portanto.

4 comentários:

ablogando disse...

Em adenda ao comentário que fiz dois posts atrás, também gostaria de perguntar se o sr. Ricardo Alves é o que é na sua relação com quem vive por força da regulamentação da conduta introduzida pelo colectivo que o Estado representa, quer dizer, se não assassina nem viola ninguém lá por casa por esse motivo. E, já agora também se, por sua vontade, partilharia, com o maior agrado, a sua escova de dentes, coisa de que Freud, esse defensor irredutível da propriedade privada, dizia ser, para ele mesmo, impensável.
Só para terminar e a propósito de positivismos, gostaria de saber se conhece a posição de Augusto Comte no que respeita à propriedade privada.

Miguel Madeira disse...

"O positivismo socialista (de todos os socialismos) é sempre assim: «tudo pelo Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado»."

Tanto os anarquistas com os marxistas (as duas principais escolas do socialismo) tinham a abolição do Estado no seu programa

Miguel Madeira disse...

"E, já agora também se, por sua vontade, partilharia, com o maior agrado, a sua escova de dentes, coisa de que Freud, esse defensor irredutível da propriedade privada, dizia ser, para ele mesmo, impensável."

O Joaquim Simões está misturar "propriedade" com "posse" - eo posso ter a "minha" escova de dentes (e usá-la em exclusivo) sem ser "proprietário" da referida escova (tal como os habitantes de um bairro camarário "têm" cada qual a "sua" casa, mesmo não sendo donos delas)

"Só para terminar e a propósito de positivismos, gostaria de saber se conhece a posição de Augusto Comte no que respeita à propriedade privada."

Se a questão é para o Ricardo Alves, nunca vi ele se dizer "positivista" (o Rui Albuquerque é que o chamou de tal)

Anónimo disse...

Caro Miguel Madeira,

Quando dizemos, como Ricardo Alves, que os tribunais e o direito que aplicam só valem alguma coisa por causa do Estado, o que quer isto dizer?

Saudações,

RA