Parece que a política desapareceu em Portugal. Ou melhor, que terá sido substituída pela problemática do aborto. As ideologias desapareceram, os partidos eclipsaram-se, as forças sociais sucumbiram-lhe. Só existem o «sim» e o «não». Em Portugal, nos últimos tempos, a escolha é essa, e quem não for por um ou por outro não é certamente bom chefe de família. Os alcunhados «nins» são párias políticos e sociais, gente desprezível, comparada aos colaboracionistas de todos os «reich» e de todos os «antigos regimes». Gente do pior, sem coluna vertebral e de frouxo carácter. Quem se limita a não pensar no assunto, ou a não querer que lhe falem dele, não existe para a cidade. São res nulius, os metecos, os plebeus sem cidadania.
Em tempos de sonolência e de maioria absoluta, uma pequena guerra civil fazia-nos falta. Depois do dia 11, com tudo a ficar mais ou menos igual ao que era antes, o país vai sentir falta de adrenalina e terá de voltar-se para outro lado qualquer.
Em tempos de sonolência e de maioria absoluta, uma pequena guerra civil fazia-nos falta. Depois do dia 11, com tudo a ficar mais ou menos igual ao que era antes, o país vai sentir falta de adrenalina e terá de voltar-se para outro lado qualquer.
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