21 setembro 2015

delírio

Para já, o plano da Altice é simples, aplicar às empresas norte-americanas a mesma receita de cortes de custos usadas nas outras operadoras. “Não gosto de pagar salários. Pago o menos que posso”, afirmou Drahi, citado pela Variety.

Da junção entre a Suddenlink e a Cablevision (que se vão manter como estruturas independentes), há um potencial de poupanças de pelo menos 900 milhões de euros, diz a Altice. “O meu modelo é levar a ARPU [receita média mensal por cliente] dos Estados Unidos para a Europa e o nível de custos europeus para os Estados Unidos”, sintetizou Drahi, o terceiro homem mais rico de França.

Público

Comentário: É engraçado que os jornalistas publiquem este tipo de afirmações de forma totalmente acrítica. Todas as empresas pagam o mínimo que podem e dizer que ‹‹não gosto de pagar salários›› é patético. Por outro lado, aquilo a que Drahi chama ‹‹o meu modelo››, é puro delírio. Seria como um CEO, em Portugal, gabar-se de que pretendia o nível de custos de Marrocos e de receitas da Alemanha. Ninguém o levaria a sério.

72 comentários:

Harry Lime disse...

Seria como um CEO, em Portugal, gabar-se de que pretendia o nível de custos de Marrocos e de receitas da Alemanha. Ninguém o levaria a sério.

Jaquim,

Estas afirmações dele fazem algum sentido no contexto especifico da industria em que opera.

A titulo de exemplo, sabias que a Altice pretende centralizar a gestão da infraestrura de TIs do grupo (incluindo neste momento as operações francesas, portuguesas e israelitas) em Portugal? Se conheceres a industria de telecomunicações descobres que o grosso dos custos advem da gestão das TIs.

Assim faz algum sentido em falar em custos de Portugal e receitas de França...

Curiosamente, esta reorganização pode muito bem criar postos de trabalho em Portugal e trazer oportunidades de inovação. Quem se lixa são os franceses e toda a burocraciazinha "benzoca" que pululava na PT à sombra do Zainais e Granadeiros da vida.

Rui Silva

Harry Lime disse...

E sim, estamos a ser explorados por causa da nossa mão de obra barata... So what?

Rui Silva

Anónimo disse...

Joaquim, um empresário não está interessado em que o Joaquim o leve a sério. Há uma razão pela qual o Drahi é o terceiro mais rico de França e que continue a comprar empresas e a ganhar fortunas. Joaquim who?

Harry Lime disse...

Anonimo,

Nem mais!

Rui Silva

Anónimo disse...

Caro anónimo e Cia,

A gestão tem princípios que estão nos livros. O argumento de que o autor da bacorada é rico, tresanda.
Como a cultura portuguesa é incapaz de raciocínio abstrato e necessita sempre de um exemplo, submeto o caso do DDT.

Cumps

Joaquim

Harry Lime disse...

Jaquim,

Se olhares para a minha critica observas que não é essa a minha posição.

No entanto, o anonimo tem razão num ponto: se a utilização dos tais prinicpios (que consideras absurdos) fez a fortuna do homem quem és tu para os criticar?

E mantenho que quando escreves o seguinte:

Seria como um CEO, em Portugal, gabar-se de que pretendia o nível de custos de Marrocos e de receitas da Alemanha. Ninguém o levaria a sério.

estás a demonstrar uma ignorancia atroz das realidades especificas do negocio das telecomunicações e das TIs.

No resto do post, limitas-te a enunciar lugares comuns que, não sendo falsos, também não trazem qualquer novidade.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Jaquim,

E não se trata de raciocnio abstracto ou falta dele. Trata-se de olhar para as coisa como elas são.

Tu não falaste no campo das abstrações: criticaste uma pessoa especifica (o Drahi), CEO duma companhia especifica (a Altice) que opera numa industria especifica (telecomunicações) e em mercados especificos (Portugal, França, Israel e agora, EUA).

Neste contexto é que devemos julgar as afirmações do homem e não no campo das "abstrações" (que neste caso não passam de "rants" à maneira do melhor taxista do aeroporto de Lisboa)

Rui Silva

Anónimo disse...

Joaquim estou mesmo desejoso de uma lição sua de gestão. Entretanto, sempre o informo, humildemente, que o desenvolvimento do capitalismo sempre foi, historicamente, feito de baixos custos de produção, incluindo salários baixos, ou menos do que isso. Busque por "revolução industrial", por exemplo. Se se quer ficar pelas economias protestantes, tenho a informar que as maiores empresas americanas e inglesas pagam o menos que podem aos seus empregados. Eu sei isto porque estive dois anos empregado numa das maiores empresas inglesas de distribuição. Mande sempre. Mas com menos soberba e presunção. Não é ao Joaquim que alguém vai procurar lições de capitalismo.

Anónimo disse...

Caro anónimo,

O Sr. insiste em manter os seus comentários a nível pessoal, que quer que lhe diga...
No meu post eu afirmo:
"Todas as empresas pagam o mínimo que podem e dizer que ‹‹não gosto de pagar salários›› é patético".
O Sr. apenas está a repetir o que eu disse. Isso não me dá nem tira razão, o que eu afirmei vale o que vale e nada mais.
Eu não aceito argumentos de autoridade, venham do homem mais rico do mundo ou até do Papa. Penso com a cabeça que Deus me deu.
Sugiro-lhe que faça o mesmo, em vez de farpas de natureza pessoal.

Joaquim

marina disse...

por isso eh que o marx elaborou aquelas teorias todas de exploradores e explorados . como judeu sabia o que os seus gastavam e gastam :)
e agora gramamos todos com a esquerda ah cause.

Anónimo disse...

Joaquim, nenhuma apreciação pessoal. Acontece apenas que o que escreve sobre o assunto revela a sua ignorância sobre gestão e capitalismo, história do capitalismo, etc. Acredito que o Joaquim seja muito competente noutros assuntos, não faço ideia.

Anónimo disse...

Mas até lhe dou razão. Qualquer gajo de esquerda concordaria consigo que esse Drahi é uma vergonha ;). O Marx não diria melhor.
O Joaquim é da corrente católica apostólica romana do capitalismo, uma especialidade respeitável. É a corrente Mariana do capitalismo (aqui de braço dado com a corrente Marianne ;))

zazie disse...

É mais uma corrente mariana que Marianne. Os resultados do capitalismo pencudo na Venezuela também fizerem o resto e até este Papa.

Anónimo disse...

Anónimo,
O argumento de ser o terceiro homem mais rico de França é muito básico.
Estas listas dos mais ricos olham para a carteira de acções e não avaliam a dívida.
O Joe Berardo também era um dos homens mais ricos de Portugal e, vai-se a ver, tem menos guita do que eu... (que não tenho nenhuma, mas ele tem ainda menos!) E não acredito que vc suportasse teorias económicas debitadas pelo Joe só porque era (naquela altura) um gajo (aparentemente) bem sucedido.
Vamos ver como vai ser o modelo de crescimento da Altice quando os juros subirem e alguém fechar a torneira do crédito.

Anónimo disse...

:-)

E o Joe passava a vida na televisão. Fuck isto, fuck aquilo.
Enfim.

Anónimo disse...

Meu caro, isto começa a tornar-se surrealista. A família mais rica da América, os Waltons, dona do Walmart, é conhecida pelos salários baixos que paga aos empregados. Qualquer modesto contabilista lhe diria que se não fosse o salário baixo pago a uma multidão enorme de empregados, eles não eram tão ricos. É irrelevante que eu diga que são a família mais rica da América? A sério? Obviamente, grande parte da sua fortuna é feita de ações. Acredite, se quiser, que nenhum deles tem uma conta à ordem para poderem levantar no multibanco duzentos biliões de dólares. Se tem dívidas e qual o montante, não sei, assim como não conheço a contabilidade da Altice. Mas todos os muito ricos são os melhores clientes dos bancos; o que interessa é a gestão da dívida.
Mas o seu ponto, a que respondi, é que seria uma vergonha que o Drahi tenha dito que não gosta de pagar salários. Ora, eu também acho que é uma vergonha que o sacana do capitalista explore os seus trabalhadores ;)
Mas, mais uma vez lhe digo, talvez lhe interesse saber que o capitalismo é isso mesmo. O aforramento é coisa dos católicos, não dos capitalistas protestantes.

zazie disse...

O capitalismo não é nem tem de ser isso mesmo.

Pode ser pela ganância do onzeneiro e isso é tradição que ficou e que este ilustra.

Há todo o interesse em fazer das pessoas mais do que assalariados. Há todo interesse em fazer delas também proprietários. seja qual for a escala.

Quem sabe isso, usa-o nas empresas ou usa-o como político. A Tatacher sempre defendeu isso, tal como o Salazar. Um bom exemplo até tem a ver com esta treta do acolhimento dos imigrantes que se tornam refugiados por papel.

Ela pensou que seria bom poderem vir a ser proprietários. E permitiu a uma geração mais antiga, comprar as casas que tinham sido oferecidas.

O Salazar por cá tinha a mesma ideia.

Só sentindo os efeitos no pelo é que se percebe o que também pode ser interesse colectivo e nacional.

Os sindicalistas marxistas sabem disto e daí defenderem o oposto- se for tudo despojado de propriedade e apenas ficar com a força de trabalho, temos a Revolução contra os "exploradores".

zazie disse...

Acho que o Birgolino não chegou aqui mas estou a completar o que ele disse.

zazie disse...

A ideia desse é tão parva como acabar estatelado no chão se for alvo de brincadeiras financeiras que nem precisam de pagar mal a ninguém.

Acabam-lhe com a empresa e transformam-na em fiat money em segundos.

zazie disse...

Aliás, a finança é o melhor exemplo de como essa ideia do "nem precisar de pagar" é mentira.

Sendo tudo atomizado pela ganância nem precisa de patrão a incentivar o lucro.

zazie disse...

O traider não recebe nem pequenos nem altos salários- ganha-os pelo estímulo da ganância.

Nunca é felicitado, só pode ser promovido se não falhar. Se falhar é como as empresas que acabam em minutos.

O outro pencudo que também é muito humanitário e tem grande fãs entre os xuxas- o Soros, inventou os hedge funds a pensar nisso.

Nada como a agressividade individual do pequeno ouriço que ultrapassa a grandes raposas predadoras e até citam Isaiah Berlin

http://www.cocanha.com/melius-est-fodere-quam-saltare/

Harry Lime disse...

zazie,

Depende das situações e das industrias.

Sob o risco de particularizar e pegando em dois casos extremos: a Google tem todo o interesse em fazer dos empregados "proprietarios", porque? Porque estamos a falar em empregados altamente talentosos que têm ser mantidos na mepresa. Assim, os laços a criar têm de ir um pouco mais além da relação puramente transaccional de "trabalho em troca de salário".

O exemplo extremo na outra ponta da escala é o do pobre diabo que coze sapatos numa qualquer fabriqueta na China ou no Bangladesh. O seu trabalho é pouco especializado, existem muita gente que pode fazer o trabalho logo não existe nenhum incentivo por parte do empregador para ir além da relação puramente transaccional 8muitas vezes de pura exploração). Este era o mundo descrito pelo Karl Marx por falar nisso.

Todos os outros empregos estaram algures entre dois extremos da escala mas estes exemplos ilustram o principio.

Rui Silva

zazie disse...

Pois será assim. Mas não coze porque já não precisa de lhes comer as solas.

Ainda os cose e vai coser por mais dinheiro porque entretanto a riqueza espalha-se e essa é mais contagiante e apelativa que a pobreza.

zazie disse...

Que o digam os desgraçados em flash mob que se enfiam no túnel da Mancha ou os que se enfiam nos barcos com destino à Alemanha

zazie disse...

O mundo descrito pelo Marx anda agora a ser reinventado a meias pelos internacionalismos humanistas-caritativos e os internacionalismos humanistas-selvagens

Harry Lime disse...

Já agora, noutros tempos os empregadores iam de facto além da relação puramente transacional em industrias "baratas" (ie, baseadas em mão de obra barata, de mão de obra intensiva).

Podemos usar exemplos como as fabricas da CUF no Barreiro. Mas podemos encontrar exemplos semelhantes nos EUA e na Europa (por outras palavras, não é uma coisa especificamente salazarista). Porque é que isto acontecia? Porque duma forma ou doutra estavamos a falar de empresas/ industrias/ sectores protegidos, no sentido mais lato do termo.

No momento em que essa protecção foi levantada os industriais não tiveram outro remedio senão abdicar desses beneficios para os trabalhadores e ir para o custos baixos puros e duros.

Curiosamente, apesar de toda a retorica da senhora, esta "liberalização" começou a acontecer no tempo da Thatcher e sob a sua inspiração (entre outras).

Rui Silva

zazie disse...

Existir muito trabalho sem ser especializado e quem nem precisa de ser alfabetizado, é a utopia do "as fronteiras matam; toda a gente em toda a parte".

Harry Lime disse...

oops... "coser" não "cozer"... Esta é palmatoria :-)

Rui Silva

Harry Lime disse...

zazie,

Neste caso estou a falar da falta de fronteiras na circulação do capital, não sei se já reparaste...

Também és contra a livre circulação de capitais ou a tua cena é apenas contra a circulação de pessoas de cor diferente da tua?

Rui Silva

PS. Ooopss...

zazie disse...

O que mudou foi a emergência do terceiro mundo e a globalização.

Se podes aproveitar isso, que é que te impede?

Toda a gente em toda a parte, as fronteiras matam.

E a globalização não foi nem má em si mesma. Mas pode ser da forma como é canalizada. E aí estes aproveitam mas os que ajudam são os ideólgos.

Até estou convencida que os ideólogos fazem mais sozinhos que estes juntos.

A Tatcher não teve nada a ver com isso. Apenas transformou um país que agora é chamariz para os socialismos terceiro-mundistas

zazie disse...

Acabou a conversa.

Vem a k7 dos ódios da moda e interrogatórios pidescos e fui.

Não se pode conversar com formatos agressivos sempre a interpretarem tudo por combate ideológico.

Harry Lime disse...

zazie,

Não percebo o stress. Eu limitei-me a por à prova a coerencia das tuas convicções.

Rui Silva

Harry Lime disse...

E já agora, o que foi a globalização senão o advento da liberdade de circulação de capitais e de marcadorias globalmente? A chave da expansaão das economias emergentes está aí. Ou achas quea China teria florescido se de repente o Ocidente não tivesse começado a importar produtos chineses?

A circulação de pessoas foi de facto implementada na Europa para cidadãos europeus. No resto do mundo e para o resto das pessoas manteve-se tudo mais ou menos na mesma.

Não estou a dizer que seja um mundo melhor ou pior. é verdade que para um chines miseravel é melhor ter um emprego mal pago a coser (cozer?) sapatos do que não ter nenhum. Mas isso teve um preço, e esse preço no Ocidente foi exactamente a extinção desses empregos "trasaccionavies" que foram protegidos durante decadas.

Rui Silva

Anónimo disse...

Não sei se sabem o que é o “capitalismo popular”, mas passada a euforia dos investimentos de risco, como se sabe, os dividendos são baixos, e isso quando são distribuídos, o que nem sempre acontece. Falando no caso específico da Inglaterra, que conheço melhor, a carteira de ações detida pela imensa maioria no “capitalismo popular”, donas de casa e reformados que vão passar férias ao sul de Espanha (mais barato do que ir ali passar férias à Foz do Arelho) é pequena e estavam eles lixados se dependessem dos dividendos para ir à mercearia no dia a dia. Get real e deixem os slogans.

zazie disse...

A questão é que já passámos da era da industrialização para a posterior.

O problema das mercadorias coloca-se quando ainda são materializáveis e fica mais caro pagar deslocações do que fabricar no próprio país (apesar de até isto não ser absoluto porque existem diferenças entre os próprios países próximos)

A diferença entre uma empresa de sapatos e o Google está aqui, neste quadro mítico do John Gast

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/American_progress.JPG

O Google é um telégrafo com publicidade. Tudo o que lida com matéria mais etérea é diferente e o território tende a ser indiferente.

A deusa columbia levava o mito do Destino Manifesto e do Progresso Americano, por fio teleférico. O Lenine também já visionava que o socialismo havia de ser comunismo a electricidade

zazie disse...

tu não tens de por à prova convicções de ninguém, porque eu teria direito igual antes de ti, já que tu estás a colocar a questão em forma de convicções pessoais e eu estou a falar em forma abstracta do mundo que temos.

Ou se analisa o que existe e nisso não há culpa de Birgolino ou desejo de Harry ou vitória de Anónimo.

Eu só consigo falar de forma teórica.

Em saindo desse campo também sei insultar.

Mas o estímulo teórico é sempre maior e até insulto quando baixam o nível e fazem desaparecer esse gostinho.

Fala-se do mundo- pensa-se as coisas que existem e as que estão aí. E depois pode-se teorizar.

Isto nada tem a ver com o voto ou com convicções ou certezas porque quem pensa não está convicto de nada.

Só está convicto quem dispensa pensar e faz propaganda.

é preciso saber-se ser neutro para pensar.

E é preciso até saber-se que não se tem resposta porque para ter resposta é preciso estudar e pensar ainda mais.

E é preciso saber que nisto a moral fica à porta. Porque isso de duvidar da moral dos outros, como dizia a Duras, é coisa de gente de moral duvidosa.

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Errado, zazie

No momento em que o capital começou a poder rodar livremente, é evidente que foi procurar os sitios onde pode gerar a maior taxa de retorno, ie, maior lucros (ok, não é mesma coisa mas para este efeito serve)

Se o capital for alocado para produzir calçado (sendo esta industria baeada em mão de obra intensiva indiferenciada) o capital vai ser aplicado em siitos do Mundo onde a mão de obra é mais barata.

O Google na realidade tambem é mesma coisa: aloca o capital onde existem os factores de produção mais baratos para o produto que produz. Pena que os factores de produção neste caso sejam tecnologia avançada e mão de obra extremamente especializada... que só existe nalgumas partes do mundo e que, devido à sua escassez, se faz pagar muito bem.

Alias, o que acontece neste momento é que nalguns paises (a India, por exemplo) já existe este tipo de mão de obra especializada em grandes quantidades (engenheiros de software vulgo "programadores", por exemplo). Isto faz com que muitas empresas de tecnologia deslocalizem para lá muitas das suas operações. Mais uma vez procurando maiores retornos para o capital investido.

Na ausencia de barreiras à circulação de capital esta é a realidade do Mundo global.

Rui Silva

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Vá lá , zezie, vai com calma estamos todos a brincar :-):-)

Rui Silva

zazie disse...

Eu não disse o contrário.

Mas foram os liberais que sempre me explicaram que não é assim e até com exemplos portugueses, porque dizem que há o factor tempo e preço de deslocação que pode não compensar.

De todo o modo, isso só certifica a ideia da bondade e do interesse por avalanches de mão-de-obra barata que nem precisa de ser especializada.

O que eu disse, fora isso, é que o Google e as tecnologias não funcionam dessa maneira e daí o enquadramento que tu até estavas a fazer da Alice e que me pareceu mais inteligente.

(se falares como um homenzinho, há resposta, em entrando a k7 das acusações, já sabes. Vais aprendendo aos poucos)

zazie disse...

«Na ausencia de barreiras à circulação de capital esta é a realidade do Mundo global.»

Sim. De acordo. É a ideia mas ninguém a cumpre. É apenas um projecto utópico porque todos sabem fazer barreiras de defesa, uma vez que o sentido de interesse nacional ainda não desapareceu.

Essa afirmação pode ser completada com esta:

«Na ausência de barreiras à circulação de pessoas esta o projecto do Mundo global.»

Foi esta a ideia que avancei e as consequências implicam extremar os campos- de um lado os super-ricos, do outro, de novo, o proletariado- em escala global porque para abolir mesmo as fronteiras é preciso destruir politicamente nacionalidades

zazie disse...

Circulação está errado. As mercadorias circulam. As pessoas só circulam em férias.

Com migram não é para circular. È mais para abusacar onde também dá mais.

Harry Lime disse...

Sim. De acordo. É a ideia mas ninguém a cumpre. É apenas um projecto utópico porque todos sabem fazer barreiras de defesa, uma vez que o sentido de interesse nacional ainda não desapareceu.

zazie,

Admito que tenhas razão. Mas o facto persiste: as barreiras postas actualmente à circulação de capitais e mercadorias são muito menores do que as que se verificavam há 40 ou 50 anos e tem os efeitos que eu descrevi em cima.

Se a circulação (ou susencia de barreiras) é "utopica" ou não, é questão que não interessa.

Os refugiados são outro problema.

Rui Silva


zazie disse...

Pois é verdade. Mas, como dizes ali no outro post, os maiores proteccionistas até são os americanos.

O que eu digo é que o proteccionismo económico é inútil se não houver proteccionismo de imigração de mão-de-obra terceiro-mundista.

Aí ninguém precisa de ir para o cu de judas e gastar pipas em transportes, se pode fabricar tudo isso, com preço igualmente barato em casa.

zazie disse...

O que significa que nada disto pode ser pensado em termos absolutos porque a globalização não vai voltar atrás nem o resto.

Mas vai ter de ser pensado e com muito mais racionalidade- pelos políticos porque se for por mando de fora de quem lucra, vai tudo à vida e a utopia do internacionalismo global não me parece um cenário muito harmonioso.

Já não está a ser porque o que tende a desaparecer é o meio termo. Seja económico, seja social. A classe média ou os países mais fracos, tramam-se.

Harry Lime disse...

Até porque as barreiras à circulação de pessoas se mantêm as mesmas que se verificavam à 40 anos em todo o Mundo excepto na Europa e para os europeus... para o resto da maralha as coisa estão mais ou menos iguais

Mas pronto estas à vontede se queres voltar ao tempo pre-Schengen em que passavas 2 horas na fila da tronteira quando querias ir comprar uns caramelos a Ayamonte.

Eu lembro-me desse tempo da mesma forma que conheço (de vista...) as filas nos aeroportos europeus destinadas a não-europeus. Por isso não quero regredir.

Rui Silva

Harry Lime disse...

O que significa que nada disto pode ser pensado em termos absolutos porque a globalização não vai voltar atrás nem o resto.

zazie,

Quem disse que a globalização não vai voltar atras? No final do sec. XIX/principio do sec. XX era possivel a um cavalheiro circular sem restrições na Europa (desde evidentemente que estivesse equipado com libras esterlinas, a moeda de referencia da altura). Nesse tempo tambem se verificava que as unicas restrições ao comercio livre eram as dificuldades tecnologicas de trasnporte de mercadorias e de comunicação.

Já na altura, os mercados europeus e americanos estavam muito integrados, sendo possivel a um investidor em Londres ou Paris ou Berlim investir nos caminhos de ferro americanos (e vice-versa)

No entanto, 30 a 40 anos depois tudo isso tinha ido por agua abaixo.

Posso-te dar exemplos de algumas regressões deste tipo ao longo da história.

Rui Silva


Harry Lime disse...

Claro que os maiores proteccionistas são os americanos mas mesmo assim são muito menso proteccionistas do que eram há 40 anos.

E o Nixos, esse perigoso comuna, era o pior de todos.

Rui Silva

zazie disse...

Nessa altura a globalização era colonial.

Estamos no mundo de uma globalização pós-colonial. Com características de ocupações populacionais em sentido inverso.

Quem circulava no mundo globalizado do Império Inglês era colono ou a dar para o escravo e o colono mandava no país da matéria prima e da mão-de-obra e até deve de criar países e de desenvolver esses locais para também para lá mandar mais mão de obra mais especializada e se aliviar das necessidades caseiras.

O que temos pela frente não tem no horizonte a aceitação de novo colonialismo do homem branco. O que circula acontece em sentido inverso- em termos numéricos.

Não se encontra alemães na sopa dos pobres nem suíços a venderem canivetes em Lisboa e muito menos no Médio Oriente ou em Africa

":OP

zazie disse...

Mas já temos refugiados sírios a fugirem de Portugal.

AHAGHAHAHAHAH


E agora vou indo

":OP

Harry Lime disse...

Para um cidadaão europeu ou americano com posses a globalização não era colonial. Na realidade, era uma coisa muito parecida com o que a globalização actual é para um cidadão europeu ou americano com posses.

Bem, é evidente que há 130 anos, os "pretos" (nas suas diversas tonalidades) não contavam para nada.

E agora continuam a não contar para muito. Contam apenas como fonte de mão de obra barata (não é muito diferente de há 130 anos) e quando nos decidem chatear porque querem usufruir de um nivel de vida semelhante ao do europeu ou americano com posses (isto de facto é novo). Não os censuro...

Rui Silva

Ricciardi disse...

Não há mal algum que os negócios se deslocalizem à procura de vantagens. Inteligencia ou mao de obra. Mal haveria se os empresarios não pudessem fazer.
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O problema desta globalização é outro que posso ilustrar com uma pergunta retórica:
-Como é possivel vender na europa brinquedos chineses se a forma como os fabricam na China é proibida na europa?
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A China produz sem restrições ambientais. Usa mão de obra infantil e abusa na mão de obra escrava. A produção não cuida de testar toxidade dos produtos (brinquedos, carros etc) com impacto na segurança pública.
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Pelo contrário, na europa se quisermos produzir o mesmo temos de investir em redutores de poluição, o trabalhador tem direitos, a toxicidade dos produtos sao testados etc.
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Um empresário chinês vende para a europa produtos que a própria europa proíbe a sua produção. Pode-se comprar aos chineses, mas não se pode produzir.
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A moral, a dignidade e todas essas coisas entra aqui. Sim, discutir o mundo sem introduzir Valores é discutir o Nada absoluto. Sao ideias tipicamente de esquerda militante ortodoxa, aquela mais rufia e rasteira.
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Para este tipo de paises tem de haver barreiras à entrada de mercadorias até eles perceberem que para vender para a europa têm de adoptar na produção os Valores do mercado de destino. A bem duma sã concorrência.
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PS. barreiras à entrada de mercadorias, não de refugiados. Para estes deve estar abertinha como as pernas de uma meretriz.
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Rb

zazie disse...

As barreiras }a mao de obra chinoca por causas ambientais tambem sao estas

http://www.cocanha.com/chinocas-no-porao-ao-largo-da-baia-de-luanda-2/

Ricciardi disse...

Em questões morais não pode haver nacionalismo, nem cor de pele, nem religiões nem nada disso. Isso é coisa para se ter em questões de futebol e cenas assim.
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Se a Zazie encontrasse dois feridos no meio da estrada ia perguntar pelo BI de cada um. Estou convencido. Só ajudava o português, creio, para dar coerência à sua tese.
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Eu só procedo assim num jogo de futebol onde não há questões morais a vencer. Quero mesmo que perca quem joga contra Portugal.
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Em suma, não me interessa nada que quem precise de ajuda para escapar da morte seja português ou sírio. É-me indiferente. Só influenciaria a minha preferência se conhecesse um dos necessitados.
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Daí a razão pela qual a Igreja defende o acolhimento de refugiados. Para a igreja não há moral por BI, nem caridade por raça.
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Rb

zazie disse...

Há 6 anos andámos com essa conversa do ambiente e da China e fiz este post da Dinastia Pechincha

http://www.cocanha.com/o-algodao-nao-engana/

O Harry Lime (Rui Silva) defendia que era uma forma de progresso civilizacional que tinha de ser aceite pois também fizemos porcaria, ainda que com menos informação

http://www.cocanha.com/a-ecologia-e-fascista-mas-o-horizonte-e-vermelho-para-o-proletariado/

Ricciardi disse...

Epá se não responde a provocações já não brinco mais contigo.
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Rb

Ricciardi disse...

Eu tenho algumas pessoas que gosto particularmente de provocar. Às vezes nem penso nada daquilo q escrevo. Tu és uma Zazie. Adivinha os outros dois?
.
Rb

zazie disse...

Quanto à patrulha do Inquisidor de consciências e, para acabar de vez com essa hipocrisia que fede, deixo aqui um link de um blogue de uma pascácia escardalha e beata que diz o mesmo e faz jardinagem por eles:

http://conversa2.blogspot.pt/

Cospe nos tugas porque se acha de elite almã; tudo é pretexto para mostrar o racismo e a xenofobia de quem é português e de quem não acolhe todos os refugiados.

Idolatra a Bismerka e cospe no Sul por serem madraços.

Andou a fazer onda em directo de Berlim por causa disto- apenas para acusar os outros.

E agora procurem lá uma imagem que seja de Berlim que é onde ela vive. E uma imagem que seja do exemplo que ela dá do inverso que acusa nos outros.

Só se vê esnobar na vivenda, fazer jardinagem, esnobar de férias e mandar o resto da Europa ficar com o lixo que ela nem à porta quer.


Está aqui o teu retrato de cura untuoso e hipócrita.

zazie disse...

Tens gosto de provocar mas comigo tramas-te que eu sou mais rápida que o Lucky Luke

":OP

zazie disse...

Ainda estou à espera do relato em fotografias dessa denúncia do tráfico de escravos na Baía de Luanda.

Do mesmo modo que se pode esperar sentado pelo que a comuna beta que se julga alemã, mostre o exemplo que faz com o que tem à porta.

nem uma imagem. Nem uma crítica, nem uma pequena reportagem, nem um único exemplo para os acusados poderem imitar e seguir.

Anónimo disse...


"Para este tipo de paises tem de haver barreiras à entrada de mercadorias até eles perceberem que para vender para a europa têm de adoptar na produção os Valores do mercado de destino. A bem duma sã concorrência."

Ricciardi
E proibimos também na Europa a comercialização de produtos de empresas europeias que são fabricadas na indonésia, Filipinas, India, etc? ;)hihihi

Ricciardi disse...

Claro. Essas até deviam ter taxas agravadas.
.
Rb

Anónimo disse...

A sério? Ena pá!... vamos passar a comprar desde bolas de futebol a telemóveis pelo triplo do preço! Isso tem efeitos retroativos até à exploração da mão de obra escrava pelos texteis de Manchester?

Harry Lime disse...

A sério? Ena pá!... vamos passar a comprar desde bolas de futebol a telemóveis pelo triplo do preço! Isso tem efeitos retroativos até à exploração da mão de obra escrava pelos texteis de Manchester?

Anonimo,

Porque não?

Rui Silva

Anónimo disse...

LOL

O Ricciardi fez um comentário apelando ao boicote ou à taxação agravada dos produtos feitos na China, uns bárbaros que não partilham dos "nossos" valores. "Pelo contrário" continuava o Ricciardi, "na europa se quisermos produzir o mesmo temos de investir em redutores de poluição, o trabalhador tem direitos, a toxicidade dos produtos sao testados etc." Na europa, portanto, é assim que se faz... Ora, lembrei eu umas coisas básicas sobre a produção europeia. Enfim, da produção europeia depois do séc. XVII. Ah, pois, isso, cof cof, era também nisso que estávamos a pensar todos, obviamente, ora por quem sois. Vamos aplicar uma taxa agravada a tudo o que consumimos e que é produzido em fábricas fora da Europa, seja, ou não, produzido por empresas americanas, europeias ou chinesas, whatever. Claro, porque não, ora essa?! Fiz uma pergunta parva, né?

Ricciardi disse...

Não anónimo, não defendo barreiras à entrada a países semelhantes em valores. Entre os EUA, o Japao, o Canada e a UE não devem existir barreiras.
.
E com a China, se a empresa chinesa for devidamente certificada de que cumpre critérios 'ocidentais' tb não deve haver barreira alguma.
.
Olhe funcionária como funciona a UE com os países da zona Euro. Portugal tem de cumprir certas normas e procedimentos para poder estar na europa e beneficiar de fundos comunitários e até empréstimos. Com a China devia ser a mesma coisa.
.
rb

Ricciardi disse...

Zazie, não tenho fotografias dos chineses nos porões ao largo de Luanda. Também já não estou em Angola. Saí definitivamente há já uns 5 meses.
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Rb

zazie disse...

Então, agora que te puseste a salvo é que devias ter as fotografias para as poderes mostrar sem risco.

Anónimo disse...

Ricciardi, mas que "China" e que "valores"? Está a brincar? Continua a falar da China ignorando que as grandes empresas europeias e americanas que consomem grande parte do que consome não produzem de acordo com esses valores de que fala e há séculos que não o fazem. Ainda não percebeu?

Anónimo disse...

Correção:
"que produzem grande parte do que consome"

Ricciardi disse...

"Que te puseste a salvo"
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Bruxa
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Rb