16 julho 2015

o esquerdismo como populismo

Com a vitória do Syriza na Grécia e a ascensão eleitoral do Podemos em Espanha, ambos oriundos de movimentos anti-capitalistas radicais e absolutamente hostis à tradição social-democrata, criou-se uma vaga de adesão emocional, e como tal muito sectária e dogmática, a uma certa representação da esquerda que se julgava historicamente invalidada pelo insucesso das experiências comunistas reais. É irrelevante ajuizar das motivações concorrentes para tão estranha adesão; elas são, de resto, mais ou menos evidentes. Chegamos agora, porém, a um momento em que é possível aquilatar objectivamente o mérito político deste caminho.

Francisco Assis

6 comentários:

Anónimo disse...

Ontem ouvia o José Gil na TVI24 e dei comigo a pensar como é que aquele homem pode ser tão ingénuo. Ele pensava que o Syriza trazia uma nova esperança, uma nova forma de fazer política. Mas, pergunto, o que é que é novo nos marxistas e nos anarquistas? É tudo profundamente retrógrado, reacionário. Estes movimentos só singram nos países derrotistas.

Ricciardi disse...

O parlamento grego tem a oportunidade histórica de se por a andar da zona Euro chumbando o acordo efectuado. Uma oportunidade oferecida em bandeja pelos alemães que ajudariam o país a debelar problemas relacionados com a saída.
O povo parece que confunde a ideia (ou trata-a como se fosse a mesma) de sair da zona Euro com sair da união europeia.
Não é racional, nem vantajoso, permanecer com uma moeda que pressupõe produtividades semelhantes entre aqueles que a adoptaram.
A produtividade portuguesa é 60% da alemã. Quer dizer, um trabalhador português tem de trabalhar 18 horas por dia para produzir o mesmo valor que os alemães. Bem podem aumentar horas de trabalho, o segredo não está no tempo. Está naquilo que se produz. Cinco melros alemães produzem um mercedes de 80 mil euros. Cinco melros portugueses produzem mil euros de rolhas.
A diferença tem a ver com três coisas essenciais. Qualidade da gestão. Formação dos trabalhadores. Capital.
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O Capital não encontra destino se a Gestão e a Formação forem más.
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Sendo boas, o Capital deve estar à disposição. Mas não está. Não está por falta de visão estratégica governamental.
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Não vejo discutir, por exemplo, a criação de uma bolsa de valores para pme's. Nem de incentivar as financeiras de Capital de Risco. Fala-se de um banco de fomento que não sai do papel.
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Um empresário que tenha boas ideias para melhorar a empresa e um mercado novo para explorar só pode recorrer à banca, que é muito má a avaliar projectos. Os bancos concedem crédito a quem lhes prestar garantias melhores. Logo, financiam quase exclusivamente imóveis. Até à próxima bolha. A banca não analisa projectos: analisa garantias.
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Os dois partidos de governo (PS e PSD) falam de tudo menos daquilo que interessa. O desenvolvimento. Pretendem crescer usando varinhas mágicas. Ora tocam nos impostos, ora tocam nas pensões. Em economia é que não pensam de todo.
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Portanto, não voto em ninguém. E se me der para cometer um crime dessa natureza votarei contra. Contra qualquer partido que governe sem governar.

Ricciardi disse...
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Harry Lime disse...
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Harry Lime disse...
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Harry Lime disse...

O Varoufakis, sim, trouxe uma nova forma de fazer politica. E estava a resultar... até à vitória do Não no referendo que, em si, foi das jogadas polticas mais brilhantes que eu conheço, ao nivel de um Mario Soares, duma Margaret Thatcher ou dum Churchil (os animais polticos mais audazes que eu conheço).

Algo aconteceu naquela noite. Podemos até dizer que o "Não" foi o pior que podia ter acontecido ao Syriza.

Rui Silva

PS. Não acredito que meti o Varoufakis no mesmo saco que a Margaret Thatcher, senhora pela qual tenho e sempre tive o maior respeito e admiração, apesar de, como é evidente, eu nunca ter partilhado dos seus ideais.

PPS. Quer dizer... nos dias que passam e da forma como as coisa evoluiram provavelmente até a Thatcher seria considerada uma perigosa xuxa, comunista e anarquista... muitas das criticas feitas pelo perigoso komuna Varoufakis à Europa já eram feitas pela Maggie há 25 anos atrás.