13 julho 2015

Grécia dá uma lição de democracia à Europa

É assim:

... os deputados que não concordam com o acordo podem demitir-se de imediato.

PS: Será que o Varoufakis vai voltar a meter baixa?

6 comentários:

Anónimo disse...

Hoje os "tugas" estão consternados. Não se conformam com a "violência" sobre o Tsipras. Devem pensar que a segunda principal moeda mundial é para brincar. É pena que não experimentem o que seria uma crise do euro a sério, se os responsáveis europeus dessem ouvidos à tralha que andou a levar o Syriza ao colo. E uma crise do euro seria os mercados atirarem-se à moeda - como se atiraram às dúvidas soberanas dos países da periferia - se deixassem de confiar na governação política e económica da moeda única. Foi este, aliás, o intento do Varafukis, mas falhou. Temos pena.

Ricciardi disse...

Será que falhou?

Ricciardi disse...

Será que falhou?

Ricciardi disse...

Será que falhou?

Anónimo disse...

Como tenho algum tempo, vou escrever um "testamento". Em Portugal toda a gente fala da Grécia, mas poucos sabem do que estão a falar.

O dilema dos programas de ajustamento é que a Grécia, por ser parte da UE, é tida pelo FMI como uma economia avançada, mas não tem muitas das características de uma economia avançada, desde logo instituições credíveis, uma base industrial, e um Estado minimamente organizado; e por isso as premissas em que se baseavam os programas não estavam de acordo com o que que existe no terreno (para além de haver uma grande má vontade no país). A Grécia é sim um país fortemente subsidiado pela UE. Sempre recebeu mais fundos comunitários per capita do que Portugal, por exemplo.

Vou só dar alguns exemplos. A Grécia tem muito pouca indústria, logo, tem pouco que exportar para além do turismo. Pelo contrário, importa 70% dos bens essenciais. O sistema financeiro grego está 15 a 20 anos atrasado em relação ao português (por isso é que o endividamento privado também é muito mais baixo lá...). O BCP chegou lá e foi "faca na manteiga", estava muito à frente da concorrência grega em tudo. O comércio também está muito atrás do nosso. No entanto, antes da crise o ordenado mínimo grego era 900 euros (hoje são 750 euros e os credores querem que desça mais) e o salário médio era 1500 euros. Como é que se pagava isto? Com dívida. E atenção que a dívida pagava coisas muito boas, como por exemplo livros grátis para os estudantes desde a escola primária até à Universidade, mas era dívida na mesma.

Uma dívida que já era galopante antes dos resgates, só que eles não ligavam a isso. Um grego com quem falei, dos mais esclarecidos porque tinha uma boa formação de base económica e curiosamente até fala português brasileiro, disse-me a que a Troika na Grécia tinha como bitola Portugal. Ou seja, a Troika queria que a Grécia se alinhasse por Portugal, porque para os credores a Grécia não tem economia para pagar mais salários e pensões do que Portugal. Mas os gregos achavam isso uma barbaridade...

Anónimo disse...

(Continuação)
Outro exemplo. O estado disfuncional da Cultura/Turismo, que é de longe o de maior potencial do país. Foi depois da Troika que os horários dos museus foram alterados para estarem abertos mais horas, pois ali a conveniência era a dos funcionários públicos, não a dos visitantes. Imagine-se o que era ter de visitar a Ágora de Atenas até às 15.30h da tarde com aquele calor! Vá lá que agora no Verão o espaço fecha mais tarde. Também ninguém conseguia entender porque é que o Museu Nacional de Arqueologia tinha um horário e o novo Museu da Acrópole podia ter um horário alargado. Agora já está tudo mais ou menos uniformizado.

O que me parece é que se os gregos se sentem humilhados não devia ser por terem de fazer o que está no novo programa, mas por não terem muitas daquelas coisas! Deviam sentir-se mal por pedirem um terceiro resgate, não por serem obrigados a fazer reformas. Não é possível um país da UE não ter registo da propriedade, não ter uma máquina fiscal, e ter uma economia puramente distributiva. Isto não é viável, muito menos na zona euro, que é um estádio de integração europeia muito mais exigente e competitivo (competitivo inclusive entre os Estados membros, daí os choques dentro do Eurogrupo...). É até duvidoso que a Grécia tenha estrutura para estar no euro, mas uma vez que já está, andam os outros às voltas a experimentar como é que o país pode deixar de ser um peso para os outros (sem os resgates, e sem acesso aos mercados a Grécia tinha "crashado" na hora).

É por isso que os países de Leste, que passaram por tantos, ou até mais, sacrifícios do que os gregos para se adaptarem à UE, porque tinham o desígnio de saírem da órbita russa, que eles associam ao atraso económica e à opressão política, são tão intolerantes com os gregos. Os eslavos não entendem a volatilidade da Grécia.

PS - Um jornal trazia em capa esta semana que o número de turistas portugueses na Grécia aumentou mais de 500% neste ano. Para a esquerda a Grécia deve ser a nova Cuba e então visitam o país por causa do Syriza, não por causa da cultura grega. Por acaso os brasileiros são dos povos que mais visitam a Grécia, daí que seja muito comum encontrar guias turísticos gregos que falam português (brasileiro). Por aqui se vê também o atraso de parte do nosso país...