07 junho 2015

os regimes políticos caducam

Estado Novo: 1933 a 1974 - 41 anos

Novo Estado: 1974 a 2015... 16?

O Novo Estado, regime que se iniciou a 25 de Abril de 1974, completou 41 anos. Está caduco, ultrapassou o prazo de validade, e os seus protagonistas estão senis.

2 comentários:

Rui Alves disse...

Posto assim, é tentador fazer um pequeno exercício de estatística.
Admito, desde já, que é um exercício simplista e cheio de limitações:

a) O meu apuramento dos regimes políticos, e das suas datas, é subjectivo.
b) O tamanho da amostra é irrisório para este tipo de análise (n=6).
c) Assumo que o tempo de vida dos regimes segue uma distribuição probabilística normal, o que carece de prova.

Mas mesmo assim, só por curiosidade, vou atrever-me :-)

Regimes políticos em Portugal desde a queda do Antigo Regime e o começo da nossa "modernidade" (admitindo regimes que trouxeram mudanças de paradigma e rupturas com o status quo):

Pombalismo - de 1750 a 1777 ~ 27 anos
Domínio estrangeiro (Napoleão, Beresford, etc.) - de 1777 a 1821 ~ 44 anos
Liberalismo (Vintismo) - de 1821 a 1851 ~ 30 anos
Liberalismo (Regeneração) - de 1851 a 1910 ~ 59 anos
1ª República - de 1910 a 1933 ~ 23 anos
Estado Novo - de 1933 a 1974 ~ 41 anos

duração média: 37.5 anos
desvio padrão da duração: 12.11

Assumindo uma distribuição estatística normal com os dois parâmetros acima, quais as probabilidades de um regime político em Portugal durar mais de X anos?

X (anos) Probabilidade de duração > X
---------------------------------------
10 98,84%
20 92,58%
30 73,22%
40 41,82%
50 15,09%
60 3,16%
70 0,36%
80 0,02%
90 0,00%
100 0,00%


Portanto, a acreditar nesta estatística tirada "a martelo", um regime português é quase garantido sobreviver mais de 20 anos, com boas hipóteses de atingir os 40. Mas é a partir daqui que a pujança decai significativamente. Aos 50 anos, as hipóteses de sobrevivência já são minoritárias (~15%) contra as de extinção (~85%). Para 60 anos a esperança de sobrevivência ronda 3%, o que significa que é mais fácil atirar uma moeda ao ar e sair cara cinco vezes seguidas.

Nesta (grosseira) estimativa, 70 anos será o limite prático para a duração de um regime em Portugal, desde a queda do Antigo Regime.

Donde receio que irei apanhar com este regime em cima de mim até ao fim do meu tempo útil, mas os meus descendentes quase certamente encontrarão um Portugal com um novo regime político e por consequência uma nova matriz económica e social que durará pelo menos duas gerações. Qual será, não sei. A que preço, também desconheço. E ignoro se ainda cá estarão por estas terras, para vivenciar in loco tal aventura.

Rui Alves disse...

Posto assim, é tentador fazer um pequeno exercício de estatística.
Admito, desde já, que é um exercício simplista e cheio de limitações:

a) O meu apuramento dos regimes políticos, e das suas datas, é subjectivo.
b) O tamanho da amostra é irrisório para este tipo de análise (n=6).
c) Assumo que o tempo de vida dos regimes segue uma distribuição probabilística normal, o que carece de prova.

Mas mesmo assim, só por curiosidade, vou atrever-me :-)

Regimes políticos em Portugal, admitindo aqueles que trouxeram mudanças de paradigma e rupturas com o status quo:

Pombalismo - de 1750 a 1777 ~ 27 anos
Domínio estrangeiro (Napoleão, Beresford, etc.) - de 1777 a 1821 ~ 44 anos
Liberalismo (Vintismo) - de 1821 a 1851 ~ 30 anos
Liberalismo (Regeneração) - de 1851 a 1910 ~ 59 anos
1ª República - de 1910 a 1933 ~ 23 anos
Estado Novo - de 1933 a 1974 ~ 41 anos

duração média: 37.5 anos
desvio padrão da duração: 12.11

Assumindo uma distribuição estatística normal com os dois parâmetros acima, quais as probabilidades de um regime político em Portugal durar mais de X anos?

X (anos) Probabilidade de duração > X
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10 98,84%
20 92,58%
30 73,22%
40 41,82%
50 15,09%
60 3,16%
70 0,36%
80 0,02%

Portanto, a acreditar nesta estatística tirada "a martelo", um regime português é quase garantido sobreviver mais de 20 anos, com boas hipóteses de atingir os 40. Mas é a partir daqui que a pujança decai significativamente. Aos 50 anos, as hipóteses de sobrevivência já são minoritárias (~15%) contra as de extinção (~85%). Para 60 anos a esperança de sobrevivência ronda 3%, o que significa que é mais fácil atirar uma moeda ao ar e sair cara cinco vezes seguidas.

Nesta (grosseira) estimativa, 70 anos será o limite prático para a duração de um regime em Portugal, desde a queda do Antigo Regime.

Donde receio que irei apanhar com este regime em cima de mim até ao fim do meu tempo útil, mas os meus descendentes quase certamente encontrarão um Portugal com um novo regime político e por consequência uma nova matriz económica e social que durará pelo menos duas gerações. Qual será, não sei. A que preço, também desconheço. E ignoro se ainda cá estarão por estas terras, para vivenciar in loco tal aventura.