01 janeiro 2015

tempo de espera no SNS


Olá Rita,
Apreciei a candura deste seu post sobre os tempos de espera nos Hospitais do SNS neste período festivo.
Escassez, derrapagens orçamentais, má qualidade, listas de espera e tempo de espera elevado, são apanágio de qualquer sistema sovietizado, como o nosso querido SNS. Um sistema público, laborado por funcionários públicos e gerido por políticos, não consegue melhor. É da natureza das coisas.
Quantas horas demorava a comprar um papo-seco na URSS? Quase tantas quanto o tempo de espera habitual por uma consulta de urgência no SNS.
Há uma velha anedota que Ronald Reagan contava sobre a URSS que vem mesmo a propósito: toca o telefone em casa dos Ulianov e atende uma criança:
-       Posso falar com o teu pai ou com a tua mãe?
-       O meu pai está em órbita à volta da Terra e deve chegar por volta das 20 horas. Mas a minha mãe foi à padaria e não sabemos a que horas chega...
Se a anedota fosse em Portugal, a criança poderia ter dito: a minha mãe foi ao Amadora-Sintra e não sabemos a que horas chega.
No mesmo dia em que o tempo de espera no Hospital Amadora-Sintra era cerca de 24 horas, na privada qualquer doente podia ser atendido sem dificuldade.
Tentar melhorar um sistema sovietizado é um esforço inútil. Por que não focarmo-nos em demonstrar essa inutilidade, em vez de alimentarmos falsas ilusões?

23 comentários:

JS disse...

Não se podia ser mais claro.

Rui Alves disse...

O meu pai está em órbita à volta da Terra e deve chegar por volta das 20 horas. Mas a minha mãe foi à padaria e não sabemos a que horas chega...

Eheheheh!

Obrigado por recordar essa deliciosa anedota. Já que estamos numa onda de antigas anedotas sobre a eficiência soviética, deixo mais duas:

Dois anos após ter encomendado um carro, Vladimir é informado por telefone que o mesmo ser-lhe-á entregue no dia 15 de Dezembro do ano seguinte, na parte da tarde.
"E tem mesmo que ser nessa data?", pergunta Vladimir. "É que para esse dia já me marcaram o canalizador."

Brejnev morre e é prontamente recebido pelo diabo.
"Podes escolher entre o inferno capitalista e o inferno socialista", explica o diabo.
"Como é que é o inferno capitalista?", pergunta Brejnev.
"Prendem-te com correntes e cadeados a carris em brasa, e de hora a hora passam-te um comboio por cima."
"Que horror!", exclama Brejnev. "E no inferno socialista?"
"É exactamente igual", responde o diabo. "Mas se queres um conselho", diz-lhe o diabo piscando um olho, "escolhe o inferno socialista."
"Porquê?"
"Porque quando não faltam cadeados, são os carris que estão frios. E nunca conseguem que os comboios passem a horas."

Anónimo disse...

Caro joachim, Como é q uma clínica resolve um afluxo anormal de doentes às urgências?
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Rb

Anónimo disse...

Envia-los-ia, provavelmente, para o hospital ou, na ausência dele, imporia um preço que tem as qualidades de selecionar clientela pelo valor da carteira em detrimento da intensidade da doença?
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Rb

Cfe disse...

O que diz é um absurdo. Os hospitais privados recebem do seguro-saúde que paga conforme o plano que o cliente adquiriu. Se aquilo que for ser tratado não estiver descrito no contrato então esqueça: vá para o sistema público.

Eu passei horas a espera que meu plano de saúde aprovasse uma operação de emergência a pedra no rim num hospital recem inaugurado no rio de Janeiro. Sim: era top e o plano era o 2º mais caro (de 6 níveis) da seguradora.

Cfe disse...

Tenho um sobrinho que ao chegar aqui no Rio, não quis fazer o seguro porque estava acostumado ao SNS português. Deu entrada num dos melhores hospitais da cidade e desembolsou 1000 e tal reais (mais de 400 euros) por uma consulta por causa de uma forte dor de ouvido.

É que se fores a porta pagar em cash, sem a intermediação dos seguros, o preço é astronômico.

Josand disse...

Tecnicamente o Jaquim não acerta o alvo. A idade não perdoa.
Por acaso sabe qual foi o tempo de espera nos Hospitais da CUF, Grupo Trofa, etc etc, nos dias seguintes ao Natal?
E repare que estes têm menos doentes para mais profissionais( em termos de eficiência os Hospitais públicos são melhores a nível de Urgências) e mesmo assim tinham horas de espera. Imagine que tinham o mesmo número e com igual complexidade( os doentes das Urgências de Hospitais centrais são doentes mais graves e mais complexos).

Claro que num país onde metade da população é isenta por insuficiência económica, se quisesse transitar para um modelo baseado em seguros, pagos do próprio bolso era uma sentença clara de exclusão destes do sistema de saúde, pelas razões óbvias( a prestação de cuidados, principalmente hospitalares, é cara e inacessível à maioria da população portuguesa). A escolha que fazemos, é diminuir o acesso tentando não comprometer a universalidade.

Não se esqueça que um modelo como o americano não é viável( se não quisermos comprometer os nossos valores de solidariedade colectiva) num país com tantos pobres como Portugal e com poucos "ricos" que "contribuem" para todos os outros.

A propósito, sabe ler inglês? É que a incapacidade de atendimento em serviços de urgência é frequente no mundo inteiro, inclusive nos países sem sistemas sovietizados.

Mas comme d'habitude... vai-lhe passar ao lado.
A jihad a favor do quanto pior melhor não pára. Fim aos serviços públicos. O que vem a seguir? Não interessa... desde que não seja público!

zazie disse...

O problema do SNS é os médicos não trabalharem.

Mais nada. Morreu um desgraçado na maca por estar tudo em casa na noite de Natal.

Anónimo disse...

Uma requisiçãozinha civil em alturas destas era coisa bem metida. Assim mesmo. Sem dó nem piedade.
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Afinal de contas não há maior motivo para executar este tipo de leis impositivas do que nestas alturas. Se o governo usou (e bem) uma requisição civil para as greves da TAP, tambem podia colocar uma requisição civil perpectua para os médicos em alturas destas.
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Joachim, lamento, mas a si tambem se aplicava.
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Ahhh e sem remuneração extraordinária. Uma espécie de voluntariado compulsivo.
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Que se lixem as leis de mercado.
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Rb

Josand disse...

Zazie eu tenderia a concordar consigo mas a culpa maior é de quem negoceia o modelo de trabalho destes.

Repare que os médicos, têm uma carreira negociada, no SNS, considerando que as Urgências é algo feito quase "caridade para os doentes" mas que na realidade é assegurada em horas extraordinárias.
O "magnífico"Paulo Macedo conseguiu aumentar o número de médicos em 2%, contra uma redução em média de 1,7% nos restantes trabalhadores do Ministério da Saúde e mesmo assim "faltam" médicos e dos outros não sa houve falar em faltas.
Repare que não existe o "hábito" de ter equipas dedicadas ao Serviço de Urgência, por parte dos Médicos, sendo este trabalho assegurado quase só por trabalho extraordinário ou por prestação de serviços.
Ora no paraíso liberalóide português, se eu trabalhar por recibos, por 30 euros à hora, e até tiver outras fontes de rendimento, num dia de Natal até compensa faltar(acho que mesmo aumentando exponencialmente o valor todos os anos, existiria sempre a tentação de faltar numa altura destas) quando se tem um regime de trabalho assim.

Repare que o Ministro Macedo até negociou e aumentou em quase 60% o valor inicial de remuneração base, com o pressuposto de diminuir as horas extraordinárias e... Charam!!! Estas aumentaram este ano!
Ora nos Hospitais, com equipas dedicadas, o tempo de espera é menor. Mas com as USF's a levarem tanto dos recursos é normal que os Hospitais fiquem descapitalizados e não contratem pessoal.

Agora ...

Não é admissível que um doente esteja 1 hora com fezes agarradas às nádegas porque não há quem o ajude.
Não é admissível que um doente esteja com febre, cansado e não haja um cadeirão ou uma maca onde se deitar.
Não é admissível que um doente esteja a ter uma convulsão e se tenham de afastar 20 macas para chegar lá.
Não é admissível que um doente não coma há 20 horas porque não há quem o possa ajudar a comer.
Não é admissível que um doente esteja 6,7,8 horas sem se mexer numa maca porque não há quem o mobilize.
Nada disto é admissível existindo tanto desperdício na gestão do dinheiro público noutros sectores.
As Urgências, pelo menos as pessoas com prioridades mais altas, não devem morrer em prol duma eficiência de gestão que é absurda face ao resto da gestão nos mais variados sectores!

Anónimo disse...

Oh Joachim, tenho uma certa dificuldade em interpretar aquelas letras distorcidas. Às vezes desisto do comentário. Não sou robô.
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Rb

zazie disse...

A culpa é de médicos e enfermeiros e o resto é conversa.

Há 3o e tal anos os hospitais erram um nojo mas os médicos faziam de médicos e estavam lá e os enfermeiros faziam de enfermeiros e estavam lá.

A coisa melhorou nas instalações e há cerca de 15 anos até estava bom.

Agora os médicos não existem e é só mordomias, os enfermeiros fazem de médicos nos gabinetes deles e é só mordomias e os doentes estão entregues ao voluntariado e às mulheres da limpeza.

Porque até as auxiliares de enfermagem são trampa que também não faz nada.

zazie disse...

O Paulo Macedo tem sido excelente ministro.

Nunca imaginei dizer isto.

Tal como o Gaspar foi excelente ministro que nos salvou da bancarrota.

oresto são os maus hábitos que foram criados pelo Estado Social e nisso os neotontos têm razão.

Não têm é alternativa porque querem o mesmo sacando por encosto ao Estado nas clínicas privadas.

zazie disse...

O que está mal no SNS não é o modelo nem a sua existência, são as mordomias que foram alimentando.

Há que moralizar e acabar com grande parte do saque.

A começar pelos gestores e a acabar nos médicos que nem precisam de ir lá picar ponto porque até nessa vigarice já sabem como arranjar quem o pique por eles.

zazie disse...

Defendo é que não devia ser universal e se devia pagar de acordo com declaração de IRS.

Como foi com as propinas no tempo do Cavaco.

De resto, para a ciganice das privadas não dou.

O D.A:R do Birgolino é que desapareceu de vista e va-se lá saber porquê.

Na volta pelo mesmo motivo que o Salgado devia estar de cana.

A cena dos seguros era outra fraude de encosto bancário e saque por conta.

Anónimo disse...

Numas contas rápidas, durante o tempo em que o Paulo Macedo é ministro da saúde já foram identificadas vigarices ao Estado Português no SNS (essa vaca sagrada da esquerdalhada onde ninguém pode mexer) de valor superior a 1.200 milhões de euros. Repito: 1.200.000,00 € !
É igualmente de sublinhar que ainda há duas semanas foi notícia (embora discreta...) a sentença de 9 anos de prisão para um industrial da medicina por uma vigarice de 3 milhões no SNS. Se o exemplo pega, durante muitos anos o alfaiate do Pinto de Sousa só lhe vai fazer fatos às riscas...

Anónimo disse...

À Zazie tem uma inveja dos medicos que mete do.

zazie disse...

è. è mesmo uma coisa de inveja por não andar a abrir as tuas tripas que nem imaginas.

Caralhos de merda que nem sabem falar.

CCz disse...

E até q ponto a centralização progressiva dos cuidados de saúde em hospitais centrais cada vez maiores e "eficientes" tb tem um efeito não negligenciável neste desempenho?

zazie disse...

Não creio que o problema seja centralização mas antes um mal geral de não haver responsáveis visíveis em hirerarquias verticais.

Cada vez se autonomiza mais todas as coisas e depois ninguém responde por nada.

È tudo virtual.

Em Inglaterra o meu filho passou uma noite no hospital e nem conseguiu ver um enfermeiro, quanto mais um médico.

É tudo atendido por call centers que fazem perguntas standart como se fossem robots.

Por cá caminha-se para isso. Os médicos não falam com familiares, porque passam a trote pelas enfermarias para irem rapidamente para as clínicas deles.

Não há relatório aos pés da cama e não aparece um único efermeiro a informar rigorosamente nada de nada.

A minha mãe foi operada sem que o tivesem sequer dito aos familiares.

Depois dão alta e apenas telefonam para os despacharem para casa.

Eu tive de fazer uma autêntica espera ao médico que a operou para saber afinal qual era o problema.

Esperei 3 horas que foi o tempo que ele demorou a almoçar.

Ainda vinha a limpar as beiças

zazie disse...

Isto para nem falar da triagem nas emergências que tem casos surrealistas do que os enfermeiros inventam.

zazie disse...

Mas é na Saúde como é em tudo.

Ando em guerra com a EDP desde Setembro porque não há um responsável por nada.

Até as assinaturas estão em franshising.

Depois são call centers fuções que inventam contratos para sacarem comissões.

Podem estar a trabalhar em qualquer outro país. Nada têm a ver com a EDP.

O cliente esbarra com estas muralhas de autonomização que servem para eles garantirem impunidade por tudo.

zazie disse...

Ainda no outro dia estive a pensar que é mesmo nestes detalhes que se pode aferir algumas características negativas do capitalismo actual.

Porque estas autonomias sectoriais são feitas com vista a haver menos gastos e responsabilidades com funcionários com contrato.

Devem poupar nisso porque assim pagam a empresas e quem faz o trabalho nem é funcionário.

No caso dos hospitais isso já acontece com as auxiliares e até com enfermeiros.

Mas aí o mal é outro, o mal são as mordomias que a função pública foi permitindo ao longo de décadas.

Nas empresas o facto de estar tudo em franshising permite que também não sejam responsáveis por erros.

Para se reclamar apanha-se com a muralha do saque das chamadas de valor acrescentado.

Gasta-se uma pipa para falar com um mongo que não sabe nada, faz tudo errado e a empresa vive nesta impunidade.