12 outubro 2014

a origem de uma elevada Distância ao Poder


É sabido que em Portugal há uma grande Distância ao Poder (PDI de Hofstede) mas não está esclarecida a origem deste fenómeno.
Neste post vou recorrer a um exemplo muito do agrado do PA para tentar dar uma explicação plausível.
Imaginemos uma família à antiga portuguesa constituída pelo pai, pela mãe e por 10 filhos. A numerosa prole, educada pela mãe, desfruta de uma liberdade assinalável. Cada um cultiva as suas idiossincrasias e maneira de estar própria (característica do povo) e até se ri da carneirada massificada (as massas do Norte da Europa) - ver este post.
Neste contexto, alguém tem que deitar a mão ao leme da barca e esse alguém só pode ser o pai. A mãe está ocupada a governar a casa. Ora ao assumir o papel de timoneiro, o pai tem de se afastar dos caprichos e birras da canalhada, para tratar todos por igual e assegurar que não há um naufrágio familiar, com cada um a remar para seu lado.
Este afastamento do pai cria um distanciamento que depois é transferido da família para todas as outras organizações sociais, dando origem a um elevado PDI.
Os portugueses aceitam um elevado distanciamento ao poder porque este lhes permite uma liberdade pessoal quase ilimitada. Por oposição aos países com baixo PDI e com uma população massificada.
À medida que a UE nos impuser a sua massificação, ao estilo alemão, os portugueses vão passar a questionar o poder central, como nunca se viu entre nós. E isto porque ficaríamos com o pior de dois mundos, pouca liberdade individual e pouca participação nos processos de decisão.

2 comentários:

Anónimo disse...

É isso mesmo, Joaquim.
É a mãe que introduz a diferença (personalidade). É o pai que introduz a igualdade.
Uma boa educação e uma boa pessoa é feita deste equilíbrio entre opostos - diferença (mãe) e igualdade (pai).
PA

Anónimo disse...

Só quando o poder está distante, eu tenho a liberdade de ser como quero e de fazer como quero.

O poder próximo retira-me toda a liberdade.

Verdadeiramente livre é a nossa cultura, não a dos suecos ou noruegueses (a dos ingleses e americanos está a meio-caminho) .
PA