06 agosto 2014

Mostra-me os teus sinais

Quem já teve que entrevistar candidatos a emprego saberá o quaõ complicado é distinguir os bons dos maus. Medir o nível de inteligência e capacidade de comunicação é fácil numa entrevista. Mas como é que se antecipa quem serão os mais criativos, com mais atenção ao detalhe, mais capazes de trabalhar em grupo, os mais ambiciosos e aqueles que se preocupam mais em acabar o trabalho do que no horário de trabalho? É complicado.

Esta avaliação é particularmente complicado em recém-formados, pessoas que não têm qualquer historial de emprego. Na ausência de um método eficaz de testar isto, procuram-se sinais. Um desses sinais é a presença de tatuagem. As pessoas que fazem tatuagens não são uma amostra aleatória da população. Pessoas mais rebeldes, criativas, individualistas e impulsivas estão sobre-representadas entre as pessoas que fazem tatuagens (o que não é o mesmo que dizer que todas as pessoas que fazem tatuagens o são). Mantendo tudo o resto constante, pessoas com este perfil têm uma desvantagem no acesso a certas profissões. Hospedeira será uma delas. E a Cláudia deveria estar satisfeita que a companhia aérea coloca isso preto no branco. Sempre evita perder tempo em entrevistas.

13 comentários:

thebugswillbite disse...

Essa racionalização não segue. Se o a razão fosse essa (perfil psicológico de alguidar) então o facto de as tatuagens estarem cobertas ou não pelo uniforme não seria um factor a ter em conta, mas aparentemente é.
A explicação que sobra é que a empresa partilha a opinião popular(provavelmente maioritária) de que as tatuagens são classe baixa, 'trashy' e não se quer associar a estas características.

Carlos Guimarães Pinto disse...

" tatuagens estarem cobertas ou não pelo uniforme não seria um factor a ter em conta"

O sinal que as tatuagens enviam é aos clientes, não directamente aos empregadores.E, sim, o local onde é colocada a tatuagem também diz algo sobre a pessoa.

Anónimo disse...

Talvez fosse assim antes de se tornar numa moda. Apartir do momento em que se faz uma tatuagem por imitação e para se estar na onda, passa a coisa a não ter nada a ver com o perfil psicologico da pessoa em causa.
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É, nos dias que correm, como usar um penteado com risca ao lado ou ao meio.
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Provavelmente Wall Street terá tantos dealers tatuados quanto os jogadores do Real Madrid. A julgar pelo que tenho visto por esse mundo fora parece não haver macaco que não tenha uma tatuagem.
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Às vezes até me sinto de uma espécie diferente. Um gorila vá.
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Rb

muja disse...

Deus nosso senhor tirou este século para testar a paciência ao Homem. Chamemos-lhe o século de Job.

Gostava de ver o estardalhaço que faria a Cláudiazinha se a rádio onde trabalha contratasse um colega com uma suástica tatuada na testa, por exemplo.

Creio que rapidamente verificaríamos que "o direito de pintar o meu corpo" afinal era um bocado mais subjectivo que isso e deveria ser emendado para direito de pintar o meu corpo desde que eu concorde com a pintura dos outros.

Uma enxadinha nas mãos fazia falta a tanta gente...

Rui Alves disse...

Essa menina quer o melhor dos dois mundos, e não entende que a liberdade com que escolhe tatuar o seu corpinho é a mesma liberdade com que as empresas escolhem os colaboradores que darão a cara junto do seu público.

Ou seja, isto da liberdade até é fixe para mim, mas aceitá-la nos outros é uma chatice.

Resta responder à grande questão existencial que a Cláudia coloca: mas afinal porquê que as companhias aéreas, que têm clientes nas quatro partidas do mundo, vindos de múltiplas culturas e credos, não querem gente tatuada a atender ao público?

Será preciso fazer-lhe um esquema?

http://www.bbc.com/news/world-asia-27107857

muja disse...

E aconselho a passar a vista pelos comentários. O tema recorrente é "que já não estamos na idade da pedra".

Quem diria... com tanto "alargador", "osso" atravessado na orelha, pulseira de couro, cristas, "rastas", "piercings" e todo a restante panóplia de aparelhagem decorativa que por aí se vê...

Estar já não estamos, mas se as aparências não iludem completamente, é para lá que vamos direitinhos...

Mas que sei eu? Sou só um (islamo)faxista reaça.

Anónimo disse...

Agora, pá, quanto a tatuagens tenho um estória que nunca mais esqueci.
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Passou-se há uns 20 anos. Nessa altura era gerente de um banco. Um moça pediu para falar comigo. Mandei-a subir. Era brasileira. Sentou-se à minha frente a pedir um crédito. Tinha um decote alargado. Do tamanho das mamocas que ostentava. Numa das mamas, mais precisamente na mama do meu lado direito, ligeiramente descaida para dentro estava lá uma tatuagem. Um rosa. Pequenina. Ela falava-me do crédito que precisava e os meus olhos caiam invariavelmente e doentiamente para a Rosa.
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A coisa estava a tornar-se um tanto ao quanto incomodativa. Coloquei-me de lado na cadeira e falava para ela a olhar para o lado.
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-Ah olhe, menina esses créditos são analisados ali pela minha colega; faça o favor de esperar aqui que eu vou chama-la.
-Tá legal.
-Não se esqueça de regar a Rosa.
-Oi?
-Estava a brincar, eu vou chamar a colega... com licença... de nada... volte sempre... pronto.
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Rb

sampy disse...

Eu ainda sou do tempo em que tatuagem era o que se fazia às vacas, com ferro quente. Para terem direito ao seu corpo durante o tempo de criação...

Anónimo disse...

"Mas eu quero mesmo ser hospedeira!..."

Alguém que sugira à menina o... Ébola. Ela vai ver como voa.

Anónimo disse...

Oh Muja eu por exemplo não contrato pessoal com um turbante ou com um kipá na cabeça. Muito menos um de cada espécie ao mesmo tempo. Trancinhas (peot) e rastas e barbichas islamicas tambem não marcham cá pelas admissões.
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Agora se o gajo tiver uma tatuagem a dizer 'amor de pais' ou mesmo outro a dizer 'ultramar 1968' a coisa não me incomoda, apesar do mau gosto.
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Candidatos com tatuagens a dizer 'SS' ou mesmo uma dizer 'mujahedin' passam de fase no processo de seleção e transitam imediatamente para a sala de testes de avaliação psicológica.
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Rb

Anónimo disse...

As tatuagens, assim como brincos nas orelhas dos homens são enfeites que não pertencem à nossa cultura, mas são normais na cultura africana, por exemplo. Portugueses portadores desses sinais ou apêndices reflectem sinais de modas sem outro significado, ou, então, o que não é pouco vulgar, são utilizados por homens cheios de complexos, com uma necessidade tremenda de se afirmarem, dando nas vistas por essa via.Para trabalhar é preferível um analfabeto a um desses, por muito letrado que seja, cheio de pendericalhos pelo corpo.A Psicanálise explica isso tudo.

thebugswillbite disse...


Não estou a concordar nem discordar mas é um facto curioso que na capital europeia onde vivo é este tipo de comentário(s) que são considerados da idade da pedra. Portanto quando olharem para o norte e invejarem a estabilidade e civismo não se esqueçam de que vocês não encaixam nos valores aqui vigentes e são portanto parte da razão pela qual portugal continua atrasado civilizacionalmente.

Também acho curioso que estas questões de costumes suscitem mais raiva por aqui do que crime de colarinho branco do mais alto nível. Quase aposto que os comentadores prefeririam receber Ricardo Salgado em casa do que um cidadão tatuado, bem sucedido e educado. Bússola moral bem afinada.

Eu não gosto particularmente de tatuagens nem concordo com o artigo, mas nenhuma tatuagem me entristeceu tanto como ver as reacções que o artigo suscitou nos comentários e nos blogues. Rejeitar raivosamente outrem apenas por não concordar com uma escolha pessoal estética que em nada interfere na nossa vida é primata, bacoco, retrógrada. É triste. Pensava que já não havia disto.

Rui Alves disse...

Caro thebugswillbite

Vejo que admira a malta evoluída do Norte da Europa. Já encontrou alguma hospedeira tatuada na Scandinavian Airlines?