A religião é um fenómeno humano e há até
pensadores que a consideram o elemento cultural que nos distingue dos outros
seres vivos. Apesar de todos sermos obra do Criador, só nós, o Homo Sapiens,
fomos criados à Sua imagem.
Não há lugar na Igreja para outras espécies de
seres vivos, porque “estão desprovidos de alma” e Deus não lhes outorgou a
possibilidade de vida eterna. Jesus, o filho de Deus – para os crentes – é um
ser humano como nós e o catolicismo aponta-O como exemplo a seguir.
Deus, na Sua omnipotência, poderia ter
encarnado num primata ou até num extraterrestre, mas não foi essa a Sua
escolha. E é compreensível porquê. Quando recordamos a vida de Jesus temos uma
ideia das suas alegrias e tristezas, percebemos as tentações que sofreu e até o
seu calvário.
Se o Espírito Santo tivesse colocado na Virgem
o embrião de um Marciano, penso que a religião católica, como a conhecemos, não
existiria.
Pedindo desde já desculpa às pessoas que
“pensam” que por eu ser ateu não devo ter qualquer opinião sobre assuntos
religiosos, abordo este assunto na sequência de declarações do bom Papa Francisco que recentemente afirmou a disponibilidade da Igreja Católica para acolher no seu seio e baptizar, por exemplo, Marcianos (extraterrestres).
Julgo que o Francisco estava a sublinhar a
universalidade da Igreja e que as suas palavras são apenas uma espécie de
parábola. Devemos portanto ser comedidos na crítica.
Contudo, não há aqui um desvio fundamental da
doutrina religiosa judaico-cristã? Para mim, aprendiz de teólogo nas horas
vagas, só a nossa espécie é eleita, só a nossa espécie é “excepcional”, só a
nossa espécie reflete Deus.
O que pensará Bento XVI dos Marcianos? Ainda
gostava de saber.
3 comentários:
O Archie Bunker uma vez ficou preso na cave da sua casa… estava um gelo e a única coisa que ele encontrou para se aquecer foi uma garrafa. Ficou bêbado que nem um cacho (ébrio para a elite que nos lê) e finalmente reza a Deus para o libertar…
Acaba finalmente por ser libertado por um indivíduo preto a quem confunde com Deus e lhe diz:
— Perdoa-me Senhor… os Jefferson (os vizinhos pretos) estavam certos!… -- JRF
Eu não comento porque... eu nunca vi um marciano, eu não sei se ele tem natureza humana ou não. Esse é um problema teológico que nunca se colocou.
James Blish, em 1958: http://en.wikipedia.org/wiki/A_Case_of_Conscience
Mais tarde, G.R.R.Martin, não exactamente no tópico, mas interessante: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Way_of_Cross_and_Dragon
> um problema teológico que nunca se colocou.
Até ao dia que tivermos uma inteligência artificial a debater teologia (caso não tenha uma missão urgente de transformar todo o sistema solar em clips, i.e. http://wiki.lesswrong.com/wiki/Paperclip_maximizer ).
Uma criação em segunda mão conta? Tem alma? Tem pecado original? Tem salvação?
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