09 janeiro 2014

inflação e crescimento 5

O que acontece num período de grande crescimento económico e baixa inflação?

A crise de 1929.

O FED tinha sido criado em 1913 a tempo de financiar por inflação a entrada dos EUA na Grande Guerra - para mal de todos nós, mas essa é outra conversa - depois em 1920/21 deu-se uma crise severa que passou rapidamente sem qualquer tipo de intervencionismo, os preços caíram 15%, os salários caíram nominalmente, bancos faliram, foi operada uma redução agressiva das despesa do Estado e... a crise passou em 18 meses.

Após essa última das crises pré-Keynesianismo, os EUA e o mundo entraram num período de forte crescimento, e com o FED a operar uma baixíssima taxa de inflação.

É a obra " A Grande Depressão" de Murray Rothbard que conta com uma introdução de Paul Johnson em 1999 que analisa em detalhe as causas e as desastrosas consequências das acções de Hoover e Roosevelt. Mas o "Capítulo VI - Teoria e inflação: os economistas e a sedução de um nível de preços estável VI" vai directamente ao ponto relevante:

"Uma das razões por que a maioria dos economistas da década de 1920 não reconheceu a existência de um problema inflacionário foi a ampla adoção de um nível de preços estável como critério da política monetária. A medida em que as autoridades do Federal Reserve foram guiadas por um desejo de manter estável o nível de preços tem sido uma questão bastante controversa. Muito menos controverso é o fato de que cada vez mais economistas vieram a considerar o nível de preços estável o principal objetivo da política monetária. O fato de que os preços em geral ficaram mais ou menos estáveis durante a década de 1920 dizia aos economistas que não havia ameaça de inflação, e portanto os acontecimentos da grande depressão os pegaram completamente de surpresa. 
Na verdade, a expansão do crédito bancário cria seus maliciosos efeitos ao distorcer as relações de preços e ao elevar ou alterar preços em relação ao que eles teriam sido sem a expansão. Estatisticamente, portanto, podemos apenas identificar o aumento na oferta monetária, um simples fato. Não podemos provar a inflação apontando para os aumentos de preços. Só podemos dar explicações aproximadas de complexos movimentos de preços ao tentar fazer uma história econômica abrangente de uma época — tarefa essa que ultrapassa o escopo deste estudo."
O que podemos concluir é que a manutenção de um objectivo dito de baixa inflação, digamos de 2.5%, num período de grande crescimento por boas razões, onde por hipótese os preços poderiam estar a descer 2.5%, consegue esconder e acumular problemas graves ao ponto de provocar uma bolha seguida de crise severa.

O argumento de manter uma moeda onde seja possível inflacionar de modo a reduzir os salários reais para substituir a necessidade de reduzir os salários nominais, fica aqui posto em causa como um argumento circular e falacioso.

Em primeiro lugar, as pessoas podem e devem considerar reduzir salários nominais (parece ser o caso das negociações com os sindicatos no BCP ), em segundo, a ferramenta que se propõe como substituição é ela mesma a causa do problema que pretende resolver.

Sem comentários: