30 dezembro 2013

a cultura consome recursos energéticos


A cultura não existe em abstracto, reside no cérebro dos seres humanos. A informação só é útil quando interpretada por um Homo Sapiens. Sem razão e sem uma consciência volitiva, todo o conhecimento reduz-se a átomos e moléculas, mesmo que arquivado em bibliotecas.
É muito importante esta perspectiva para compreender que a cultura humana necessita de energia para se manter “viva”. Mais energia do que a consumida por um computador, porque o cérebro humano tem um metabolismo deveras elevado.
Porque é que os seres humanos dedicam tanta energia à cultura? Porque esta é essencial à sobrevivência. Sem irmos mais longe, pensemos apenas no fogo e nas técnicas de caça.
Uma cultura sofisticada é complexa e fica dispendiosa, em termos energéticos. Obriga a trabalho para a manter e adaptar às circunstâncias. Pensem numa democracia liberal e capitalista a funcionar em pleno. As eleições ficam caras, os políticos também, os mercados necessitam de ferramentas adequadas, os contratos exigem advogados e tribunais, enfim... estão a ver onde eu quero chegar.
Prosseguindo o meu raciocínio, uma cultura sofisticada só pode emergir e manter-se num ecossistema termodinamicamente eficaz. A população tem de extrair energia para sobreviver, reproduzir-se, manter os laços sociais e a cultura.
Se o ecossistema for adverso, as populações limitam-se a suprir as necessidades fisiológicas e a manter uma cultura rudimentar. Não têm energia para investir no social – na cultura – e, portanto, aceitam a desordem e o caos.
Julgo que África é um paradigma desta última situação (alta entropia) e que os países nórdicos são o paradigma das civilizações complexas (baixa entropia). Até agora, a maior parte dos académicos tem analisado esta problemática sob o ponto de vista geográfico, sociológico e histórico.
Eu estou a propor uma análise termodinâmica (física).

2 comentários:

Euro2cent disse...

> a cultura consome recursos energéticos

Bah. Os gregos safavam-se com meia dúzia de bardos a declamar Homero, umas revistas do Parque Mayer em anfiteatros catitas, e uns mistérios religiosos aqui e acolá (Delfos, Eleusis, etc.).

Não devia levar mais do 5% do PIB, e deu para o que deu.

Nós é que somos finos e precisamos de filmes 3d com pipocas para sermos cultos. E/ou internet/televisão/etc.

Sem falar, é claro, da despesa em sobre-educar 90% da população porque não sabemos que mais fazer com os jovens senão fazê-los perder tempo até aos 25 ou 30 anos.

Anónimo disse...

Jaquim continua com a sua punheta intelectual...nothing to see here...

Elaites