07 março 2008

mentalis restrictio

É possível descodificar através de uma ressonância magnética funcional ao cérebro o que é que estamos a ver. Dentro de algum tempo será possível descodificar as imagens que nos surgem em sonhos e não faltará muito até ser possível descodificar o conteúdo do pensamento.
Os cientistas da Universidade da Califórnia, em Berkley, estão deslumbrados com as suas próprias descobertas e, claro está, conscientes das respectivas implicações éticas. Os cientistas consideram-se sempre uns grandes especialistas em ética.

Resta-nos perguntar o que será do nosso direito de reserva mental – mentalis restrictio, ou do direito à mentira. Kant, que recusava o direito à mentira mesmo para salvar a pele, manteve uma acesa polémica com Benjamin Constant sobre este assunto. Constant, um verdadeiro intelectual e um defensor da liberdade afirmava, nesta polémica, que devemos dizer sempre a verdade mas só a quem tem o direito de a ouvir. Eu tomo o partido de Constant.

Leonard Peikoff realça que Kant foi o primeiro filosofo da história a rejeitar a realidade, o pensamento e os valores, pela sua simples rejeição, sem contrapor qualquer visão alternativa do mundo. Os seus seguidores, Fichte, Hegel e Marx, souberam tirar as respectivas conclusões, da filosofia de Kant, com o resultado que se conhece. Comunismo e Fascismo vão buscar as suas raízes a Kant.

Um inimigo da liberdade como Kant deveria ficar contente com a perspectiva destas descobertas científicas. Acabar com a mentira, quaisquer que sejam as circunstâncias, parece uma encomenda Kantiana.

Não faltará muito, portanto, até que a ciência permita acabar com o nosso direito à reserva mental. E para descobrirmos o quê? Para descobrirmos o que já sabemos, que os socialistas cobiçam mais a propriedade alheia do que os libertários e que ambos cobiçam com idêntica luxúria as mulheres dos outros.

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