03 outubro 2020

a tradição de perseguir os denunciantes

Conforme referido anteriormente (cf. aqui), perante as acusações de corrupção dirigidas à Igreja Católica nos alvores da modernidade, Portugal e a Espanha alinharam do lado da Igreja.

O principal instrumento que utilizaram para defender a Igreja das acusações de corrupção por parte de judeus e protestantes foi a Inquisição.

E o que fez a Inquisição?

A Inquisição perseguiu os judeus e os protestantes que denunciavam a corrupção na Igreja, poupando os corruptos. Na realidade, os inquisidores acabariam a tornar-se os principais corruptos dentro da Igreja e das monarquias católicas de Espanha e Portugal.

É esta tradição de perseguir os denunciantes, protegendo os corruptos, que está ainda hoje presente no Ministério Público, que sucedeu à Inquisição em 1832.

O caso Rui Pinto é exemplar. 

É exemplar mas não é único. Na realidade, é a regra que pretendo ilustrar. Por exemplo, dos 48 processos abertos no Ministério Público por corrupção no futebol, só dois resultaram em acusação. Em ambos os casos, segundo esta fonte (cf. aqui), os  acusados não são os alegados corruptos, mas os denunciantes.

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