15 novembro 2019

THE BLUE BAG (III)

(Continuação daqui)


Capítulo 16. Chegado a Buenos Aires, o magistrado Tony Meadow foi abanar o capacete para as discotecas locais, o seu passatempo favorito, para distrair o espírito que, nos últimos tempos, tinha andado excessivamente concentrado, para não dizer obcecado, em Peter Throw. Ironicamente, Throw encontrava-se a uma distância tão curta do magistrado Meadow como já não estava há meses. Pelo décimo dia consecutivo, a norte da pequena cidade de Luján, no centro das Pampas argentinas, Castro, o burro, recusava-se a andar (cf. aqui).

Capítulo 17. Tudo começara mais de uma semana antes depois de uma tórrida conversa telefónica entre Peter Throw e Ofélia em antecipação do seu encontro em Cancún. A partir daí, Castro, o burro, que tinha ouvido a conversa, baixou os olhos, entristeceu, e recusava-se a andar. Certo dia, pareceu mesmo a Throw ver-lhe as lágrimas nos olhos. Mas foram necessários dez dias para Pater Throw compreender as razões da profunda depressão em que tinha caído o seu burro. Eram ciúmes. Nesse dia, prometeu-lhe uma burra portuguesa, branquinha, linda de morrer, da espécie mirandesa que só existia em Portugal. Ao escutar a promessa, Castro arrebitou muito as orelhas, abriu muito os olhos e, embora vagarosamente, lá se decidiu a andar (cf. aqui).

Capítulo 18. Peter Throw tinha ficado profundamente ofendido por, no Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos, o terem tratado por de Almeida ao passo que ao seu opositor o tratavam por Dos Santos Castro e De Campos Rangel. A questão estava no de (cf. aqui). Ele tinha agora um plano para se vingar. De uma cabine telefónica perto de Luján, com o burro Castro a olhar sem compreender, resolveu telefonar para o Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos, pedindo para falar com a juiz Cathy Littleriver, que também era de Almeida (cf. aqui).

Capítulo 19. Quando Peter Throw chegou à fala com a juiz Cathy Littleriver, reclamou. Não havia direito que nos documentos da acusação, ele fosse tratado por de Almeida e o Rangel fosse tratado por Dos Santos Castro e por De Campos Rangel. Ela própria também era tratada por de Almeida e o magistrado Tony Meadow por e Castro. Era um caso claro do crime de discriminação de letras, previsto na carta dos direitos humanos da ONU. Além disso, havia evidência que o Rangel e o magistrado Meadow eram primos, embora o Rangel fosse Dos Santos Castro e o magistrado Meadow simplesmente e Castro. Mas a principal conclusão que resultou da conversa foi a de que primos eram mesmo Peter Throw e a juiz Cathy Littleriver. Eram ambos da família dos De Almeida ali da região de Aveiro. Castro, o burro, assistiu a toda a conversa sem compreender (cf. aqui).

Capítulo 20. Menos de duas semanas depois foi recebida uma carta no Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos dirigida à juiz Cathy Littleriver. Assinando como Primo Zé De Almeida, Peter Throw pedia à prima que lhe enviasse com urgência uma burra mirandesa pelo avião da TAP porque o Castro estava insuportável e recusava-se a andar. Pedia-lhe também que lhe comutasse a medida de coacção de termo de identidade e residência para pulseira electrónica. A razão é que ia entrar na selva latino-americana e a pulseira electrónica dava jeito para o localizar a ele e ao burro, caso se perdessem (cf. aqui).

Capítulo 21. Entretanto, três meses após ter chegado a Buenos Aires, o magistrado Tony Meadow enviava para a Procuradoria Geral da República em Lisboa o primeiro relatório sobre a sua perseguição a Peter Throw (cf. aqui).

(Continua)

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