03 setembro 2019

Opus Dei

A teologia franciscana da pobreza é dominante na doutrina católica. Mas não é única.

Se a Igreja Católica (uma palavra que significa universal) é verdadeiramente universal, então, ela também há-de conter outras teologias da pobreza, como a calvinista (que é, propriamente falando, uma teologia da riqueza).

E, na realidade, a teologia calvinista da riqueza aparece dispersa no Catecismo da Igreja Católica, embora sem o ênfase da teologia franciscana. Por exemplo, no artigo 2461 que diz assim: "O verdadeiro desenvolvimento é o do homem integral. Trata-se de fazer crescer a capacidade de cada pessoa para responder à sua vocação e, portanto, ao apelo de Deus". Dificilmente se poderia exprimir de forma mais clara a ideia calvinista de "chamada" (calling).

Não apenas a doutrina católica contém a teologia calvinista da riqueza - embora, não é de mais insistir, sem lhe dar o ênfase que dá à teologia franciscana -, como existe, dentro da Igreja Católica uma corrente teológica que a desenvolve plenamente.

Trata-se do Opus Dei.

O Opus Dei é o calvinismo catolicizado (como os jesuítas são o luteranismo catolicizado), isto é, com sentido de comunidade e obediência ao Papa.

O Opus Dei procura celebrar a vida laica de Cristo, aquele período da sua vida até à revelação. Até aos 30 anos, Cristo era um homem como os outros que vivia do seu trabalho de carpinteiro.

O Opus Dei visa a santificação do homem pelo trabalho (e, mais geralmente, pelos actos da vida corrente). A maior graça que Deus concede ao homem é a sua vocação, diz S. Josemaría Escrivá (Caminho: 913). E o homem agrada a Deus exercitando as capacidades e os talentos que Deus lhe deu para responder à chamada em que consiste essa vocação.

É a mesma mensagem do calvinismo.

O liberalismo económico, que é uma doutrina de origem anglo-saxónica e calvinista, encontra a sua melhor expressão doutrinal, e os seus melhores aderentes, nos países de cultura católica, como Portugal, entre os membros do Opus Dei (da mesma forma que o socialismo, que é germânico e luterano, encontra a sua melhor expressão nos países de cultura católica nos Jesuítas. O Papa Francisco é o exemplo acabado).

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