15 agosto 2019

inovação social zero

Vou agora responder à pergunta que formulei no post anterior, começando por fazer outra pergunta: "A que propósito é que o MP anda a investigar o Pardal Henriques por burla, se nós temos uma instituição de excelência para a investigação criminal, que é a Polícia Judiciária?"

É porque o Pardal Henriques não cometeu crime nenhum. (Se tivesse cometido algum crime a sério seria a PJ a investigar).  Pretende-se apenas assassinar a sua pessoa e o seu carácter.

O Ministério Público é o braço armado do Governo para pôr termo a qualquer tentativa de inovação socio-política em Portugal. Tudo aquilo e todos aqueles que, pela sua acção social relevante, fujam ao controlo do poder político, ou ameacem fugir, são perseguidos pelo MP, às ordens do Governo.

O Pardal Henriques é um inovador social e político que deu poder  (empowerment) a uma classe - a dos motoristas de matérias perigosas - que não o possuía, e que o fez à margem das instituições existentes, como as centrais sindicais do regime, CGTP e UGT.

É um alvo a abater.

O mesmo se pode dizer da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco,  que, pela mesma razão, também já tem o Ministério Público à perna, depois de uma sindicância mandada fazer pelo Ministério da Saúde (cf. aqui).

Eu próprio que, respondendo a um pedido, ambicionei fazer e estava a caminho de concretizar, um hospital pediátrico por via mecenática, que fazia estarrecer de vergonha políticos e administradores hospitalares, em breve tive o Ministério Público à perna, primeiro através de um magistrado de segunda categoria, chamado António Prado e Castro, depois através do próprio director do DIAP do Porto - um magistrado no topo da carreira (Procurador Geral Adjunto) -, chamado António Vasco Guimarães, que é assim que se chama o célebre magistrado X.

Ali andou ele, ao longo de quatro meses e várias sessões, a representar o Estado num "crime" de ofensas, como se lá no DIAP não existissem crimes a sério para investigar (e, na realidade, não existem), comparecendo a todas as sessões, excepto a uma, e foi porque lhe morreu a mãe (cf. aqui). Naturalmente, na altura eu dei por falta dele (cf. aqui).

Durante estes quatro meses, enquanto o próprio DIAP e a Cuatrecasas me devassavam a vida - estando feitos um com o outro -, o magistrado X estava à espera de descobrir indícios na minha vida que lhe permitissem abrir um inquérito por um crime realmente grave e lançar para a comunicação social uma manchete que acabasse comigo e com a obra do Joãozinho (v.g., "Pedro Arroja investigado por lavagem de dinheiro (ou por fraude fiscal ou outra coisa do género").

Teve azar, o safado.

Os magistrados do MP são os garantes do conservadorismo da sociedade portuguesa, assegurando que toda a manifestação de inovação social é morta à nascença. O Ministério Público desempenha na democracia a mesma função que a Inquisição desempenhou na Monarquia Absoluta e a PIDE no Estado Novo  - garantir o conservadorismo e o marasmo do país, assegurar que a inovação social  é zero e está, na prática, proibida, a fim de que os políticos do sistema possam mandar e aproveitar-se dele à vontade.

Daí que o Ministério Público tenha os políticos nas mãos e, para que os políticos não se esqueçam disso, de vez em quando abre um dos seus famosos inquéritos (que, normalmente, dão em nada), arruinando a carreira de um ou de outro (p. ex., cf. aqui), como agora pretende fazer ao Pardal Henriques.

Perante este poder de chantagear os políticos, não surpreende que os políticos cedam a todas as reivindicações do Ministério Público.

Imaginar que os pides do regime vão ter um aumento de 700 euros  mensais, e passam a ganhar mais do que o primeiro-ministro, só mesmo através de uma lei  promulgada pela calada no pino do Verão enquanto a população estava na praia. Se fosse no Estado Novo, o regime tinha caído.

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