21 abril 2019

como se o mal não existisse

Como seriam Portugal e os portugueses se o país fosse habitado exclusivamente por membros do Movimento dos Focolares?

A resposta a esta questão permite identificar os grandes traços da subcultura católica criada por Chiara Lubich vai para 80 anos. Para tanto, basta lembrar que o Movimento Focolare tem como objectivo realizar a irmandade universal, a unidade da espécie humana, que "todos sejam um só" (Jo:17,21) tendo como ideal Deus.

São algumas das características dessa cultura que me proponho identificar aqui.

A primeira característica de uma sociedade focolare é o seu carácter feminino, isto é, a prevalência na sociedade das características que definem a natureza feminina sobre aquelas que definem a natureza masculina - a pessoalidade das relações, o sentido estético, a atenção ao detalhe, a compaixão, a prevalência da emoção sobre a razão, a delicadeza das relações pessoais, etc. O próprio Movimento Focolare foi criado por uma mulher e, nos termos dos seus estatutos, aprovados pelo Papa João Paulo II, a sua presidência é sempre ocupada por uma mulher (actualmente, Maria Voce, depois da morte da fundadora Chiara Lubich em 2008).

Uma sociedade focolare será sempre uma sociedade elitista. Tendo como objectivo que "todos sejam um só", um pequeno número de pessoas - os líderes do Movimento - serão chamados a falar por todos os outros, não tendo estes qualquer voz activa na discussão dos destinos da vida colectiva. A obediência ao líderes é, por isso, estrita, e a liberdade de expressão não tem qualquer utilidade numa sociedade focolare. A sociedade focolare não discute. Nela, uns mandam e os outros obedecem.

Os líderes são os "políticos" do regime e identificam-se por uma característica que indicarei mais adiante. Uma vez que a unidade de todos na comunidade é conseguida tendo como ideal Deus, que é o Bem e a Verdade, estes líderes são inatacáveis e a sua honra é intocável. Eles são os intérpretes de Deus.

A adesão ao Movimento Focolare é feita mais pela delicadeza e simpatia dos seus líderes, e pela sua capacidade de sedução, do que pela força das suas ideias. O Movimento Focolare não privilegia o intelecto, mas o coração, sendo conhecido pelo seu anti-intelectualismo.

Mas aquilo que, na minha opinião, mais caracteriza os Focolares - e que constitui a característica distintiva dos seus líderes e os distingue das massas - é a sua forma de pensar e de agir. Eles pensam e agem como se o mal não existisse.

Está aqui a sua maior grandeza e também o seu maior defeito.


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