16 fevereiro 2019

pequeno, centralizado e forte

Começo a ter o sentimento de que a descentralização não é dos temas mais populares do Programa Político da Iniciativa Liberal (cf. aqui).

Mas, então, a tradição liberal portuguesa não é a de um Estado descentralizado, sobretudo nas autarquias locais?

Não, creio que não, que não é essa a ideia que mais agrada ao sentimento de liberdade dos portugueses. Os portugueses não gostam de ter o poder político e os governantes por perto.

Creio mais que a tradição liberal portuguesa é a de um Estado pequeno, centralizado e forte.

Este é um Estado em que os cidadãos estabelecem com os governantes o seguinte convénio: "Fazemos um acordo: vocês não nos chateiam e nós prometemos que não vos chatearemos a vós.  Para isso, reservamo-vos um lugar no país, que não é sequer Lisboa inteira, mas o Terreiro do Paço,  que até tem vista para o mar, porque até os habitantes da Graça e de Arroios têm o direito a viver sem vos ter por perto. Estejam lá que nós, quando precisarmos, iremos lá ter convosco".

Trata-se, portanto, de um Estado que não se descentraliza do Terreiro do Paço para as comunidades locais, mas que, pelo contrário, é empurrado das comunidades locais para o Terreiro do Paço, permitindo às comunidades locais viver livres da intromissão do poder político.

Não é chegando o poder político mais perto das pessoas que elas se tornam mais livres. Pelo contrário, é afastando-o delas.

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