04 junho 2018

a segunda pedra

Desde cedo compreendi que o magistrado X lia o Portugal Contemporâneo e que tinha lido atentamente o meu livro Joãozinho (cf. aqui).

Porquê?

Porque havia perguntas que ele fazia que continham peças de informação que não estavam no processo. Ele só as poderia ter obtido aqui.

Por isso, as perguntas que fazia às testemunhas eram sempre perguntas bem informadas e bem formuladas e sempre dirigidas ao alvo.

A certa altura deu-se até um episódio engraçado. Comecei a vê-lo a andar demasiado tempo às voltas com uma questão que ele próprio baptizou de questão d' "a segunda pedra".

Tratava-se de saber se entre a cerimónia de lançamento da primeira-pedra que teve a presença do primeiro-ministro (3 de Março) e a data do meu comentário televisivo (25 de Maio) tinha havido alguns trabalhos realizados pela construtora (a resposta é sim: tinha sido instalado o estaleiro da obra. Foi a estes trabalhos que ele, a partir de certa altura, passou a chamar "a segunda pedra").

Ele andou tanto tempo às voltas com as testemunhas em torno desta questão que às tantas eu próprio comecei a pensar que alguma coisa não batia certo. Ele sabia tudo sobre a obra do Joãozinho, porquê a insistência nesta questão? Ter-lhe-ia eu passado informação errónea no livro do Joãozinho?

No final de uma das sessões, chegado a casa, abri o computador e fui verificar. E lá estava, eu dava a entender (erroneamente, e sem que esse detalhe fosse importante para o livro) que à data do meu comentário televisivo não havia nada feito. Corrigi prontamente. Foi  no capítulo 45.

É o que vale ter leitores atentos aos mais ínfimos detalhes.

1 comentário:

José Lopes da Silva disse...

E agora sem nada a ver (embora sempre com atenção aos detalhes):

"No sul da Europa vemos os nórdicos como pessoas muito mais organizadas e focadas, capazes de ter uma sociedade mais estruturada do que as nossas. Culturalmente somos diferentes. Seremos capazes de aprender com o seu livro?"

"Claro. As coisas sobre as quais escrevo não estão vinculadas a uma determinada cultura ou nacionalidade. (...)"

https://observador.pt/especiais/sofie-munster-se-quer-ter-um-filho-bem-sucedido-ensine-lhe-a-ter-autocontrolo/