05 abril 2018

a bomba

Como não tenho experiência de tribunais, cada vez que acontece alguma coisa de novo, eu fico de olhos muito abertos à procura dos sinais que me permitam entender o que se passa.

Aconteceu ontem, logo no início.

O Dr. Avides Moreira, director da Cuatrecasas, sentou-se no banco das testemunhas e o juiz avisou-o, como faz em relação a toda as testemunhas, dos crimes em que incorria se mentisse ou prestasse falsas declarações. Mas acrescentou um elemento novo, que eu não conhecia: como era advogado, estava protegido pelo sigilo profissional.

O Dr. Avides Moreira, num gesto um pouco teatral, exibiu então um documento da Ordem dos Advogados, que o dispensava do dever de sigilo profissional, e levantando-se, foi entregá-lo ao juiz.

Fiquei a pensar que significado teria aquilo.

Iria ele revelar informação confidencial que mantinha com o seu cliente HSJ?

Foi isso mesmo. Ao longo de mais de hora e meia, ele articulou uma história que parecia inicialmente credível, porque citava factos verdadeiros, mas que, no fim, desembocava numa enorme barafunda.

Ao longo dessa história, ele foi-se referindo a vários e-mails trocados entre a administração do HSJ e a Cuatrecasas, e até a alguns da Associação Joãozinho para a administração do HSJ, que esta reencaminhava para a Cuatrecasas.

Até que já muito próximo do final, surgiu a bomba. Era um e-mail que lhe era dirigido pelo administrador Amaro Ferreira do HSJ, datado de 23 de Junho de 2015, em que este dizia que a "a ruptura" com a Associação Joãozinho "estava iminente".

-Estava?...,

pensei eu. Se estava, eu nunca  soube de nada, tanto assim que em Julho viríamos a assinar o Protocolo.

Conclusão: Quem queria romper com a Associação Joãozinho, e acabar com a obra do Joãozinho - o que viria a fazer mais tarde, boicotando-a - era a administração do HSJ.

A Cuatrecasas não tinha nada que ver com isso.

Parece ser um comportamento normal nas grandes sociedades de advogados. Quando se sentem apertados por algum mal que fizeram, a fim de salvar a pele, lançam as culpas sobre os seus próprios clientes, que é a mão que lhes dá de comer. O Ronaldo e o Messi que o digam.


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