26 janeiro 2016

cortar o mal pela raiz

Que em Portugal se chumba mais do que na média dos países da OCDE já se sabia. Que as retenções, regra geral, não fazem os alunos melhorar também, pelo menos avaliando pelo desempenho dos estudantes nos testes internacionais do Programme for International Students Assessment (PISA).
O que talvez não se soubesse e agora fica bem demonstrado no estudo “Chumbar melhora as aprendizagens?” é que Portugal é de todos os países da Europa aquele em que o chumbo mais está associado a dificuldades socioeconómicas dos agregados familiares.
Comentário: Se acabarmos com a avaliação acabamos com os chumbos, logo - os chumbos deixam de estar associados a dificuldades socioeconómicas dos agregados familiares.

10 comentários:

Luís Lavoura disse...

"Se acabarmos com os exames acabamos com os chumbos"

Que disparate! Em Portugal, e em todos os países, chumba-se por avaliação contínua.

Harry Lime disse...

Mas os exames com que o governo acabou não determinavam os chumbos! Apenas a avaliação continua determina as reprovações.

Rui Silva

Anónimo disse...

Joaquim, não entendo a sua ligação dos exames aos chumbos. Já havia chumbos quando ainda não tenham sido introduzidos os exames no anterior governo. Qual é a sua lógica?

Ricciardi disse...

O exame da 4a classe não era má ideia. Porém, uma boa ideia transformou-se numa má ideia qdo o sr ministro resolveu fazer exames aos miúdos com obrigatoriedade de o irem fazer a outra escola com outro professor. Ora, num miúdo de 9 anos isso causa um stress inusitado. Sem sentido. Um stress nao pelo exame mas antes porque tem se apresentar a exame num mundo para ele desconhecido. Não é idade própria para isso. É uma idade em q precisam duma ajudinha da prof q conhecem para se lembrarem das coisas.
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O meu filho tem nove anos precisamente, e bem pensava no exame porque nas escolas privadas os alunos não tem de ser deslocados.
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Em suma, a nabice do sr ministro transformou uma ideia boa numa cousa ruim.
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Rb

cfe disse...

Pois o marido chega a casa e vê a mulher com outro no sofá. Para resolver o problema tirou o sofá...

Esses chumbos estão ligados a carências econômicas ou sócio-culturais: é que quanto mais baixa a literacia das famílias mais baixa a importância e autonomia nos assuntos da escola ( salvo em certas comunidades , por exemplo de emigrantes chineses é patente a importância que conferem aos estudos)

Cfe disse...

Tenho uma dúvida: os exames do 6º e do 9º ano chumbam?

Se não chumba nem qualifica para nada, serve então para aferir a qualidade média da preparação acadêmica dos alunos enquanto grupo de determinada região, escola ou turma e está certo retirar o aluno de seu meio para haver lisura no processo.

Qual professor não irá dar explicações de ultima hora ou mesmo "na hora" se souber que os resultados contam para a fotografia? E mesmo como todos farão isso, o desvio que poderá ocorrer como relata RB acerca da pressão tenderão a neutralizar uns aos outros.

Só agora que me debrucei sobre e esse assunto e reparei: não querem que se lhes faça uma inspeção de qualidade ao que andam a ensinar nas escolas.

Por outro lado acho injusto dizer - como muitos fazem - que a escola "x" é melhor do que a "y" se observar o contexto. Uma escola em localidade com melhores condições de vida tenderá -logo à partida - a ser melhor do que uma situada em bairro problemático.

Zephyrus disse...

«Ora, num miúdo de 9 anos isso causa um stress inusitado. Sem sentido. Um stress nao pelo exame mas antes porque tem se apresentar a exame num mundo para ele desconhecido. Não é idade própria para isso. É uma idade em q precisam duma ajudinha da prof q conhecem para se lembrarem das coisas.»

Sabe o que era stress? Era viver numa aldeia no meio da serra e andar uma hora a pé ou mais com frio no Inverno para ir à escola. Era assim em Portugal nos anos 40 ou 50, quando Salazar encheu as aldeias de escolas, mas os tugas sempre gostaram de viver no meio do nada, e era inviável fazer uma escola em cada monte, e como não havia estradas, as crianças iam a PÉ! E hoje estas pessoas falam desse tempo com nostalgia e alegria, faziam o exame na capital de distrito, a dezenas de quilómetros de casa.

Oh Ricci deixe-se de tretas.

Ricciardi disse...

Nao são tretas ZEP. É a verdade. Se se pretendia avaliar escolas primarias (e em parte alunos) não se colocam crianças de 9 anos sob um stress inusitado. Ainda são crianças. Meninos do Papa e da mama. Uma exame de 4a classe fora do ambiente não é um teste aos conhecimentos. É um teste a outras capacidades (resistência etc). A maioria das crianças, pelo q me disseram alguns profs, bloqueavam por medo. Não conheciam o prof, nem a escola onde faziam exames e tinham receio de dizer q não percebia certas perguntas.
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O facto de antigamente haver crianças que iam a pé não serve de argumento aos dias de hoje. A sociedade evoluiu entretanto.
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Olhe, angola, as criancas tb vão a pé e, espante-se, cada um leva um banco para se sentar. Pelas bermas são milhares de crianças a fazer isso. Espero q esse tempo passe, como passou em portugal e que essas crianças possam ir de autocarro ou de metro para poderem ser avaliadas por aquilo q sabem e não pelas capacidades fisicas.
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Rb

Ricciardi disse...

Portanto, uma exame aos miúdos parece-bem, desde que não os tirem do ambiente a que estão habituados. Em idades do 6o e 9o ano já me parece que tem resistências para lidar com esse stress.
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Portanto, uma boa ideia foi transformada numa má ideia pela forma como a quiseram executar. O q mais me espantou é q os alunos dos colégios privados não tinham q sair do ambiente. Porque uns precisarem de sair e outros não?
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Não faz sentido. O q faz sentido é fazerem exames nas respectivas escolas.
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Rb

Zephyrus disse...

Tenho falado este assunto com pessoas do tempo da outra senhora. Fizeram exame na capital de distrito fora da escola e não havia cá queixinhas de bloqueios disto e daquilo. O que há hoje em dia? Bandos de totós. É isto que os país estão a criar. Quando eu era criança andava pelos campos atrás de casa a subir árvores e a atirar pedras aos colegas. Ahah. E ia para o campo da vila jogar à bola com os rapazes mais velhos. Com 7 anos ia a pé para a escola e os meus pais só me levavam de carro quando chovia ou estava muito frio. E a partir dos 6/7 anos já ficava sozinho em casa e sabia perfeitamente o que podia e o que não podia fazer. Com 7 anos abria a boca do fogão e fazia o pequeno-almoço.

Este ano estive na minha vila e qual foi o meu espanto quando vi marmanjos de 14 e 15 anos que moram perto da escola a chegar de carro. Era uma confusão de carros à porta da C+S. Quando ali estudei não havia um único estudante que fosse de carro. Todos iam a pé, de bicicleta ou de autocarro, mesmo os que moravam a 10 a 20 kms. Mas agora os pais vão levá-los e buscá-los de carro.

Quando estudei as escolas eram abertas sem gradeamentos, havia um muro antigo que pulávamos a toda a hora e íamos jogar à bola nos intervalos para o largo municipal, e íamos à mercearia e à papelaria comprar cromos e pastilhas. Nunca ninguém foi atropelado ou raptado. Sabíamos todos que não se falava com estranhos e sabíamos atravessar as ruas.

Agora? Bem agora as escolas parecem gaiolas ou prisões de alta segurança. Gradeamentos altíssimos em ferro tapados com redes e placas de metal que não deixam ver o que se passa do outro lado. Os pátios internos são pequeníssimos e tudo muito asséptico, sem relvas, areia ou terra.

Estas novas gerações de pais vivem a paranóia da segurança e da higiene, estão a formar totós dependentes e isso dos exames traumatizarem faz tudo parte da moda que se vive. Os miúdos já nem sabem estudar sozinhos, têm de andar em explicadores. Estas gerações serão bandos de incapazes com medo de tudo!