10 julho 2015

o memorando camisinha

One size fits all

Portugal não é a Grécia, mas o memorando grego (ver último post) é igual ao português.

9 comentários:

Anónimo disse...

Não se preocupe, camarada, porque se a Grécia sair ainda sobram 18.

Após descolar de Moscovo, um Airbus da TAP é sequestrado por um terrorista que pretende despenhá-lo sobre Nova Iorque. Obama, Putin e Cavaco Silva reunem-se de emergência.

"Não há problema", diz Putin. "Já telefonei para a Força Aérea. Se ele tentar se despenhar, os meus caças explodem o avião no ar."

"Não há problema", diz Obama. "Telefonei para o FBI. Se ele tentar se despenhar, os meus agentes secretos a bordo abatem-no a tiro."

"Não há problema", diz Cavaco Silva. "Telefonei para a TAP. Se ele se despenhar, ainda sobram dezoito Airbuses."

Ricciardi disse...

A brincar q o diga, é um bocado a nossa mentalidade. Nunca pior.

Ricciardi disse...

A brincar q o diga, é um bocado a nossa mentalidade. Nunca pior.

Anónimo disse...

Segundo se diz por aqui, no rabo da sua filha cabem tamanhos maiores

Euro2cent disse...

> One size fits all

(Oh camarada, vá já entregar ao seu cartão de MBA.)

Então a segmentação do mercado, para extrair o máximo possível de rendimento do gado?

Tem de ter pelo menos tamanhos médio (pequeno), grande (médio) e extra-grande (médio). Este último mais caro, devido à taxa de parvo convencido.

Vezes 6 cores, 3 texturas e 4 sabores, deve dar para encher a prateleira e expulsar a concorrência para a prateleira onde o cliente tem de se ajoelhar. Mediante um pequeno incentivo comercial ao supermercado, claro.

A beleza do capitalismo avançado comove-me profundamente.


Anónimo disse...

Agora é o Tsipras que vai mais longe do que as "instituições" (já não se pode dizer "troika").

Esta embrulhada toda é derivada da diferença com que os vários países do euro encaram a moeda. Para uns a moeda é um símbolo do seu poder económico e por isso tem de ser uma moeda forte; para outros - que não têm poder económico - a moeda é para ir gerindo conforme as conveniências políticas. Como o euro é essencialmente o marco alemão reflecte a filosofia alemã, e como reacção há países, ou melhor, áreas políticas (a esquerda do Sul da Europa) que não se adaptam a essa mentalidade. Mas a questão é que nós aderimos à zona euro/marco por ser forte porque uma moeda fraca já nós tínhamos. Se por absurdo houvesse uma "zona lira", ou uma "zona franco", não nos interessava.

Só que as moedas para serem fortes têm de ser credíveis e países como a Grécia abalam a credibilidade do euro. Se o comportamento da Grécia se generalizasse o euro não tinha futuro. Então, teria sido útil que os países e os seus eleitorados tivessem pensado nisso antes de aderirem à zona euro, mas como na altura só se venderam facilidades às pessoas, agora há uma dificuldade generaliza de adaptação. Os mais ricos não querem transferências orçamentais, e os mais pobres são avessos ao controlo das contas públicas. Enquanto os segundos não demonstrarem que conseguem governar sem o eterno ciclo "vacas gordas-vacas magras", os primeiros, até porque têm mais força, não ajudam mais. É por isso que os "eurobonds" não avançam, que a união bancária anda a passo de caracol, etc. E a Grécia só contribui para que a gestão do euro nunca mais "desemburre".

Rui Alves disse...

Caro Anónimo

"Então, teria sido útil que os países e os seus eleitorados tivessem pensado nisso antes de aderirem à zona euro"

Mas desde quando algum eleitor da Zona Euro teve voto na matéria?

Nos países que referendaram o Euro, o povo recusou. Já esqueceu o Tratado de Maastricht que esteve dependente do SIM de um referendo na Dinamarca, e que... chumbou?
E o que fizeram? Simplesmente repetiram o referendo, pressionando os dinamarqueses, com a União Europeia a usar o seu poderoso orçamento e autoridade para fazer propaganda desigual a favor do SIM.

E o tratado de Lisboa, em que voltaram a fracassar nos referendos mas tornaram a repeti-los. Recordo-me, num desses "referendos de segunda época", de um aviso severo e mui democrático vindo de um determinado presidente da comissão europeia, a advertir (cito de memória) "vamos ver se desta vez reina o bom-senso".

Vale a pena ler também as memórias de alguns pensadores fundadores da União Europeia, onde hoje admitem que por detrás do ECU e do SME, houve desde uma agenda oculta para implantar o euro.

Posto isso... o que resta para os eleitorados pensarem ou reflectirem?

Anónimo disse...

"Mas desde quando algum eleitor da Zona Euro teve voto na matéria?"

Não tiveram e também não fizeram nada por isso. E em Portugal, anda tanta gente às voltas com o aborto há anos, porque é nunca se lembraram de questionar a norma constitucional que não permitia a realização de referendos sobre Tratados internacionais? Se calhar o problema começa na nossa Constituição, pois é aquela que não deixa mesmo mexer em nada. Toda a oligarquia está protegida por aí.

Rui Alves disse...

Caro Anónimo

Ora ainda bem que falou no aborto, pois aí está mais um caso interessante de lusitana democracia referendária.

Recorda-se do primeiro referendo ao aborto? Aquele em que a proposta chumbou expressivamente? Recorda-se o que se passou depois? Sete anos volvidos, repetiram o referendo, com o governo de então a propagandear descaradamente a favor do sim (obviamente com dinheiro de todos os contribuintes, incluindo os pró-vida, que foram obrigados a financiar a campanha do adversário).

Dessa segunda vez ganhou o sim, com as vozes democráticas habituais a gritar a "derrota da hipocrisia", "a vitória da dignidade", entre outras demonstrações de respeito democrático pela opinião contrária.

Para legitimar o segundo referendo, alegavam que após sete anos as circunstãncias tinham mudado e que a sociedade portuguesa já podia pensar de forma diferente. Se é assim, então está na hora de fazer um terceiro referendo, porque já se passaram oito anos desde o segundo. E mais razões haveriam agora, pois os portugueses puderam avaliar os resultados e os efeitos dessa nova lei, e podiam pronunciar-se mais esclarecidamente sobre se desejam mantê-la ou voltar à situação anterior.

Contudo, a hipocrisia e a incoerência são totais. Novo referendo? Agora que o "sim" está quentinho e seguro? Nem pensar! Vou ali e já venho, e a sociedade portuguesa, entretanto, que vá mudando como quiser...