08 março 2015

+ gestão e - economicismo


Na intervenção que fiz recentemente sobre o “Futuro da Saúde” – numa conferência da Dish Mob, na Faculdade de Ciências da Saúde da U.M. – afirmei que o actual sistema de saúde não é gerível e que apenas pode ser administrado por critérios economicistas.
Defendi a minha tese partindo de alguns conceitos básicos, as definições de economia, de gestão e de utilidade.
Economia: é a disciplina que analisa o uso alternativo de recursos escassos.
Gestão: é a disciplina que procura  retirar o máximo de utilidade dos recursos investidos.
Utilidade: é o prazer ou satisfação (value for money) que obtemos do consumo de um determinado bem ou serviço (conceito subjetivo e PROFUNDAMENTE INDIVIDUALISTA).
Ora sendo o sistema de saúde “universal, geral e gratuito”, não é possível conhecer a utilidade que os serviços têm para os utentes e, portanto, o administrador fica limitado à análise económica de diversas alternativas.
É por isso que todos (esquerda e direita) acusam a administração do sistema de saúde de economicismo.
O economicismo é o patamar possível de planeamento e organização de um sistema quando a gestão não tem cabimento. O problema é que provoca um conflito constante entre as necessidades dos utentes e a percepção que os economistas têm dessas necessidades.
Para ultrapassar este conflito, o que eu recomendei foi:
+ GESTÃO e - ECONOMICISMO

5 comentários:

Euro2cent disse...

Paralelo: muitas empresas necessitam de um sistema de apoio ao cliente, em que procuram resolver problemas com a utilização dos seus produtos e serviços. Não me consta que tenham dificuldades em encontrar métricas para avaliar o sucesso, ou contabilizar os custos respectivos.

(Óbviamente que em questões de saúde apanhar com um "WONTFIX" como o da hepatite C dá má PR, que também tem os seus custos, mesmo que irracionais, pelo que etc. e tal.)

Harry Lime disse...

Erm... eu não penso que a utilidade no contexto da saude seja tão subjectivo como isso.

Acho que de um modo geral utilidade no contexto da saude é uma coisa muito simples:

- ser tratado de forma efectiva e rapida a uma problema de saude.

Depois é necessário gerir os recursos de forma a concretizar essa visão. Há que fazer perguntas como: o que é efectivo? o que é rápido? é evidente que do ponto de vista dp utente "rápido" significa "já". Mas isso é impossivel, por isso temos de encontrar uma definição de "rápido" que seja razoavel . O mesmo se passa para "efectivo".

Apesar de profundamente indivdualista, o utente não é completamente idiota... e estou certo que está aberto a ideias razoaveis.

Até aqui penso que estou de acordo com o Jaquim... mas depois conhecendo o pensamento do Jaquim já sei o que vem a seguir.

Eis o que o Jaquim pensa: como a utilidade é subjectiva e profundamente individualista (discordo!) e solução será individual: defini-se, da forma classica, um trade-off entre a utilidade da saude e a do dinheiro. Para a mesma utilidade haverá uma serie de pontos Saude/Custo ao longo da qual cada utilizador estará.

Por outras palvras e falando bom portugues: o que o Jaquim propõe é que se o Zé Povinho quer saude tem de a pagar senão está disposto a paga-la lixa-se.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Ora a solução para um serviço publico de saude (tal como para outras areas: educação por exemplo) é outra.

O papel do serviço publico será definir um patamar minimo de qualidade na prestção de serviços que corresponde a um minimo de qualidade (as tais "eficiencia" e "rapidez")

Porque aqui não há trade-offs: o pagamento de zero euros não corresponde a um serviço de zero qualidade, até porque ninguem paga zero euros... há aquela coisa chamdaa impostos, lembram-se?

No caso da saude será a tal eficiencia e rapidez minimas (que repito, não são subjectivas).

E depois qual o papel dos privados? Muito simples: fornecer mais do que a qualidade minima do serviço publico. E acima disso cobrar o equivalente a essa qualide extra.

Ora o que o Jaquim propõe (por portas travessas com esta conversa fiada da utilidade) é que o privado (ou um publico pago) se subsitutam a um serviço publico não pago.

Errado, existe um serviço privado pago que terá de competir com um publico "não-pago".

Então e se os privados não conseguirem providenciar produtos e serviços melhores do que os do publico que justiquem o custo extra para o utilizador? Pá, azar... A vida é dura...


Rui Silva

zazie disse...

«E depois qual o papel dos privados? Muito simples: fornecer mais do que a qualidade minima do serviço publico. E acima disso cobrar o equivalente a essa qualide extra.»

Nesse caso pode-se concluir que a ADSE é inconstitucional.

Lá vai a igualdade para o maneta.

Anónimo disse...

Joaquim.

Acha correto a Câmara de Carrazeda de Ansiães, pagar para a populaça ir ao cinema ver as" cinquenta sombras de Grey", e justificar isso como sendo dar cultura à populaça?

Ou esses autarcas, são gente que ainda não percebeu o que passa em Portugal desde 2008?

jc