14 dezembro 2014

assim posso falar com Ele

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Francisco criticou a atitude dos que, interpretando erradamente o Génesis, apresentam Deus «a agir como um feiticeiro, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas». Também afirmou que a criação do mundo «não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo», porque Deus «cria por amor».

P.  Gonçalo Portocarrero de Almada

Claro que Deus não é um feiticeiro, é O Princípio Supremo e não apenas "um princípio". E pouco mais podemos saber sobre Ele por estar para lá do espaço e do tempo que confinam a razão humana. A tentação é grande, portanto, para O apresentar de forma antropomórfica como aquele velho senhor de longas barbas brancas que Miguel Ângelo representou nos frescos da Capela Sistina (à sua própria imagem, diga-se de passagem).
Este Deus antropomorfizado, ou Deus dos brutos, tem sido um alvo fácil para os ateus militantes como o Richard Dawkins. Infelizmente é difícil para a plebe criar empatia com o Deus abstrato dos teólogos e, por isso, a Igreja tem uma certa tendência para realçar as "características humanas" de Deus, para catequizar os fiéis.

Quando dizemos, por exemplo, que Deus cria por amor, julgo que o sentido desse Amor Divino é imperscrutável para a razão humana. Contudo não podemos fugir a conotá-lo com o vulgar sentimento de amor que conhecemos e sentimos.

Paul Johnson, na sua biografia de Jesus (cito de cor) afirma a certo ponto que gosta de pensar em Deus como se de uma pessoa se tratasse: ‹‹ assim posso falar com Ele››. É uma forma excelente (como se...) de escapar ao abstracionismo sem cair no puro antropomorfismo.

1 comentário:

Harry Lime disse...

Não deixes as drogas, não...

Rui Silva