28 dezembro 2014

1 de Janeiro de 1999


Os acontecimentos mais significativos para Portugal, desde o 25 de Abril, foram, na minha modesta opinião:
  1. A adesão ao Euro, em 1999
  2. A prisão preventiva do ex-primeiro-ministro José Sócrates
Sobre a adesão ao Euro nada será necessário acrescentar por ser por demais evidente que tudo mudou desde então.
Relativamente ao José Sócrates, já é necessária alguma elucubração para evitar juízos histéricos.
O Sr. Sócrates não é um cidadão qualquer. Governou o país durante 6 anos, em representação e com um mandato (por assim dizer) do Partido Socialista.
As dúvidas que agora recaem sobre ele afetam todos os que diretamente o apoiaram, é verdade. Mas afetam também todos os que colaboraram com os seus governos ainda que de forma institucional. Em resumo, afetam o regime.
A sua prisão (mesmo que se venha a provar a inocência) demonstra que o sistema político entrou num desvario psicótico donde será difícil sair sem convulsões.
Se me permitem também a liberdade de algum possível desvario mental, gostaria de relacionar a adesão ao Euro com a prisão de Sócrates.
A adesão à moeda única implicava uma “mudança de vida” que nunca ocorreu. As pressões eram grandes e, recordemos, antes dele, dois primeiros-ministros piraram-se e a outro “piraram-no”.
Sócrates não terá compreendido que os tempos tinham mudado e limitou-se ao costume: ajudar os amigos e aplicar o regulamento aos adversários. Até o céu lhe cair em cima e ser obrigado a pirar-se também. Caído em desgraça, era só esperar pelo momento oportuno para lhe desferirem o golpe fatal.
Não tenho nenhuma bola de cristal, mas não me parece despiciendo especular que, se não tivéssemos aderido ao Euro, Sócrates ainda estaria em liberdade.
Ricardo Salgado continuaria a ser o DDT e José Sócrates estaria bem posicionado para vir a ser o próximo Presidente da República.
A nossa realidade mudou no dia 1 de Janeiro de 1999 e é muito perigoso, como dizia a Ayn Rand, ignorar a realidade. Não só para José Sócrates mas sobretudo para todos nós.

6 comentários:

Anónimo disse...

e eu a julgar que a prisão se devia ao seu caracter corrupto enquanto ministro e primeiro -ministro, em que através do investimento público meteu ao bolso milhões em comissões corruptas,,,mas pelos vistos essa palavra nao consta do dicionário do jaquim.

marina disse...

2 prenndas de natal :

1-- ¿Y qué es un noble?- dijo Sancho.
- Es un hombre de corazón. Es un hombre que tiene alma para él y para otros. Son los nacidos para mandar. Son los capaces de castigarse y castigar. Son los que en su conducta han puesto estilo. Son los que no piden libertad sino jerarquía. Son los que ponen leyes y las cumplen. Son los capaces de obedecer, de refrenarse y de ver. Son los que odian la pringue refanega. Son los que sienten el honor de la vida. Los que por poseerse pueden darse. Son los que saben cada instante las cosas por las cuales se debe morir. Los capaces de dar cosas que nadie obliga y abstenerse de cosas que nadie prohíbe.” (Leonardo Castellani. "El nuevo gobierno de Sancho")

marina disse...

2--http://www.finanzas.com/xl-semanal/firmas/juan-manuel-de-prada/20141228/educar-instruir-7980.html

marina disse...


um excerto do art. do jm prada ...



; y que todos los intentos de construir un código moral sin base religiosa son, a la postre, sucedáneos que se revelan insostenibles por dos razones: porque el temor a ofender a Dios solo puede ser sustituido por una amenaza represora de tipo penal que llega a hacerse asfixiante; y porque allá donde no hay una moral común cada uno acaba construyéndose una moral individual que no obliga a los demás, favoreciéndose un retorno a la ley de la selva ....

Euro2cent disse...

(Boa pesca, obrigado Marina.)

Ao fim de dois séculos de ataque "racionalista" impiedoso, o depósito de reservas morais da nossa civilização está práticamente vazio, e só sobram uns ténues vapores.

As consequências são bem piores do que as prateleiras vazias nas lojas do socialismo.

Anónimo disse...

Já o Bandarra tinha predito isso tudo. E os próprios Maias deixaram também uns zunzuns nesse sentido. Há séculos que não falava noutra coisa.