06 outubro 2014

Richard Cantillon antes de Adam Smith (II)

Richard Cantillon (1680-1734), franco-irlandês, escreveu o tratado de economia "Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral", com um conteúdo extenso e completo sobre teoria económica.

Adam Smith publicou o seu tratado em 1776.

Murray Rothbard que escreveu uma volumosa História do Pensamento Económico diria:
"Rothbard 1995, p. 435; escreveu que "O problema é que ele [Adam Smith] não originou nada que fosse verdadeiro, e tudo que ele originou era falso; e mesmo numa época em que se usava menos citações e notas de rodapé do que a nossa, Adam Smith foi um plagiador...referenciando pouco ou nada e roubando grandes pedaços , por exemplo, de Cantillon"." via wikipedia.
O segredo de Adam Smith foi claro, não ser católico num país católico. Depois, os autores franceses, como Jean Baptiste Say (1767-1832), também ele um pré-austríaco, tiveram que, de forma forçada, como que associar-se a Adam Smith, porque os principais autores franceses estavam associados ao velho regime monárquico, o que na (in)tolerância republicana, não era aconselhável, e assim nada melhor que referenciar-se a Adam Smith para resolver o assunto.

Notável como Richard Cantillon precede a Escola Austríaca (depois de contribuições várias pelos chamados escolásticos tardios...sem esquecer um tratado sobre moeda por um Bispo no séc. 14) em vários domínios e como escreve por exemplo sobre o negócio bancário e a emissão de moeda, por exemplo:
"It is then undoubted that a Bank with the complicity of a Minister is able to raise and support the price of public stock and to lower the rate of interest in the State at the pleasure of this Minister when the steps are taken discreetly, and thus payoff the State debt. But these refinements which open the door to making large fortunes are rarely carried out for the sole advantage of the State, and those who take part in them are generally corrupted. The excess banknotes, made and issued on these occasions, do not upset the circulation, because being used for the buying and selling of stock they do not serve for household expenses and are not changed into silver. But if some panic or unforeseen crisis drove the holders to demand silver from the Bank the bomb would burst and it would be seen that these are dangerous operations."
PS: E como se pode ver, a natureza da banca, emissora de promessas de entrega imediata de reservas inexistentes, na forma de notas e depósitos como se detentora fosse dessas reservas, mecanismo "tolerado" pela ciência jurídica e económica, vem de longe. Bolhas e crises económicas e bancárias, a mais velha história.

12 comentários:

Euro2cent disse...

> a natureza da banca,

A banca é como a produção de drogas - são úteis como produtos curativos mas perigosas como produtos recreativos.

Em vez das repúblicas de banqueiros que temos, falta-nos um soberano que ocasionalmente enforque ou esquarteje um banqueiro, para manter a ordem pública.

(Uma humilde sugestão.)

Vivendi disse...

Em defesa da deflação

Alimentando os 4.000

Este milagre aparece nos evangelhos de Marcos e Mateus e é conhecido como "milagre dos sete pães e peixes", dado que o Evangelho de Mateus faz referência à sete pães e uns poucos peixes utilizados por Jesus para alimentar uma multidão.

De acordo com os evangelhos, uma multidão se ajuntara e estava seguindo Jesus. Ele chamou os discípulos e disse "Tenho compaixão deste povo, porque há três dias que estão sempre comigo e nada têm que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho", ao que os discípulos responderam "Onde encontraremos neste deserto tantos pães para fartar tão grande multidão?".
Jesus então perguntou-lhes quantos pães eles tinham e a resposta foi "Sete, e alguns peixinhos." Ele então pediu ao povo que se sentasse e tomou os pães e peixes e agradeceu por eles, quebrando os pães e dando-os aos discípulos que, por sua vez, os distribuíram ao povo. Toda multidão comeu até estar satisfeita e, depois do milagre, ainda sobraram aos discípulos sete cestos com pedações de pão. O número dos que comeram foi de quatro mil, além das mulheres e das crianças.
Após a multidão ter se dispersado, Jesus embarcou num barco e partiu para as proximidades de Magadan.

Anónimo disse...

Em suma, Jesus inflacionou o pão.
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Tambem nas bodas de canaã Ele terá criado do nada mais vinho.
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Eu sei, Ele é Deus. Mas é a atitude que conta. Ele está mesmo a dizer epá oh economistas decisores, alarguem lá a massa monetária em épocas de crise e deixem-se de merdas. Quando os preços estiverem a subir em demasia recolham a massa.
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Se existisse a escola austriaca no tempo de Jesus, esses nabos teriam aconselhado Jesus a não fazer o milagre da multiplicação dos pães e do vinho. Erradamente, claro. Seriam uma espécie de Satanás financeiro que O tentaria a fazer o mal por lógicas retorcidas.
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Rb

CN disse...

Rb

Inflação seria ter aumentado para o dobro a quantidade de moeda, fazendo aumentar o preço para todos.

Tendo aumentado a quantidade de bens de consumo, baixou o seu preço.

Anónimo disse...

CN,

Inflação quer dizer alargar, insuflar, encher etc, não necessáriamente moeda. O milagre da multiplicação dos pães é um verdadeiro caso de inflação. O do vinho é um misto de magia e inflação.
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Anyway, o preço foi zero. O preço não era o problema. O problema era mesmo a a falta de pão naquele momento(crise).
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Portanto, Deus fez aumentar a oferta, não precisando para o efeito de investir trabalho e capital. O pessoal alimentou-se e aguentou mais algum tempo a ouvi-Lo. A fome (crise) passou e voltaram para as suas vidinhas.
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Em tempos normais e para tipos que não tenham o dom de fazer milagres desses, pode-se fazer coisa semelhante, emitindo temporariamente moeda para o mesmissimo efeito. Debelar um momento de crise.
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Resulta em épocas de aflição (crise). Não é para abusar, claro está.
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Mas Deus também não perpetuou o milagre, não é? fê-lo quando era preciso.
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Rb

Vivendi disse...

A oferta manteve-se constante do início ao fim. A quantidade de pães e peixes mantém-se estável antes e depois e do milagre.

Este milagre sustenta que é possível haver uma distribuição mantendo a oferta constante.

O texto podia falar de centenas ou milhares de pães e peixes mas não fala.

zazie disse...

òh Vivendi, se se mantivesse constante aquela malta tinha morrido à fome.

Foi milagre porque ao dividir milagrosamente multiplicou.

Pode ter comparação com fabricação de dinheiro se existirem bens para troca.

Vivendi disse...

"Foi milagre porque ao dividir milagrosamente multiplicou"

É justamente esse o efeito da deflação.

Na inflação a lenga-lenga é ao contrário... os inflacionistas querem multiplicar para depois dividir e no resultado final já não existe milagre apenas desgraça e escassez.

Anónimo disse...

Expressando o seu pensamento ao extremo do ridiculo, eu diria, que se não houver necessidades (procura) o preço de qualquer produto é zero. Ao preço de zero toda a gente quer comprar. Não sei é se a oferta tem interesse em vender a preço zero.
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E é isso que vc e os Austriacos não conseguem perceber. E nem se digam a ler Hayek onde ele separa claramente dois tipos de deflação. Uma queda nos preços por razões virtuosas é aquela que ocorre por melhorias na evolução da tecnica de produção e quantidade produzida porque há percepção de procura capaz.
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A queda de preços que devém por razões não virtuosas é aquela que presenciamos e que tem a ver com redução acentuada nas margens de lucros por redução na procura.
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Se a queda de preços for limitada a um sector, a coisa pode indicar uma area de actividade anacronica (maquinas de escrever). Se a queda de preços é generalizada por todos os sectores de actividade o mais provavel é que a economia esteja doente e os empresários a perder dinheiro.
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Percebe bem quando os preços caem por razões tecnologicas e, portanto, virtuosas. Não é o caso da deflação na Europa. E não é porque os preços caem ao mesmo tempo que cai o investimento.
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Rb

zazie disse...

Mas que grande burrice- inventar pães do ar é deflação
AHAHAHAH

Não. É insuflar 7 em milhares deles. Magia que o dinheiro pode fazer se houver bens, mesmo que importados.

zazie disse...

V. só tem forma de chegar a 7 para milhares de pessoas.

Não chegam.

Como chegar a milhares deles do mesmo modo que se chega a 7?

Resposta- fornicando notas de modo que o que dá para 7 passe a dar para milhares.

zazie disse...

Claro que o exemplo só funciona existindo os bens e o problema do milagre é que não importavam.