02 outubro 2014

É a mãe de família

O momento em que nasce o primeiro filho é um momento definidor da especialização e da diferenciação de funções do homem e da mulher dentro do casal.

O filho depende inteiramente da mãe, para o alimentar, para cuidar dele e para o confortar, e é com ela que ele estabelece a primeira relação,  prolongando a relação uterina.

É também neste momento que, geralmente sem se aperceberem, homem e mulher sofrem um abalo na sua personalidade que os marcará para a vida. Aos olhos de cada um, e pela primeira vez, existe alguém na vida que é mais importante do que eles. É talvez a maior agressão ao seu amor-próprio ou egoísmo, anestesiada pela alegria de contemplarem o recém-nascido.

(Este choque à sua personalidade nunca o sofreram homens como Adam Smith, David Hume, Ludwig von Mises, ou mulheres como Ayn Rand ou Rose Wider Lane, e esta circunstância reflecte-se nos seus escritos)

A mãe a segurar o bebé ao colo, e o pai por trás dela e de frente para a criança - esta é uma fotografia frequente dum jovem casal a quem nasceu um filho. A mãe já está ao centro.

E é no centro da família que ela vai permanecer para o resto da vida.

É a mãe que faz as escolhas pela criança - o que come, a que horas come, a hora do banho, e as horas da dormida, solicitando por vezes a ajuda do pai. Mais tarde, já com dois ou três filhos, temos aquela imagem típica do casal a fazer compras no supermercado. Ele segura no carro, enquanto ela vai escolhendo os produtos das prateleiras e os mete no carro. Pessoas sozinhas  a fazerem compras num supermercado são, naturalmente e na esmagadora maioria, mulheres. Na realidade que falta faz lá o homem - para segurar no carro?

O consumidor da teoria económica convencional é um indivíduo ao qual se atribui um certo conjunto de preferências e do qual se deriva a sua curva da procura individual para um certo produto que, por agregação com as de outros indivíduos, produz a curva da procura de mercado.

Mas quem é este indivíduo? Não é homem nem mulher, e pode ser uma coisa ou outra. É uma abstracção que, na realidade, não existe senão, talvez, como excepção na figura do loner - o homem totalmente desligado da comunidade

O verdadeiro consumidor em que deve basear-se a teoria económica verdadeira é uma entidade muito diferente. É concreta e não abstracta, é uma figura comum e não uma figura de excepção, é ela que escolhe pelos outros e não cada um destes que escolhe por si, é o centro de uma comunidade e não vive desligado dela.

O verdadeiro consumidor é, na realidade, uma consumidora, uma mulher. Não será exagerado dizer que mais de 90% das decisões de consumo  são tomadas por ela.

É a mãe de família.

6 comentários:

zazie disse...

Sim, pois. Mas mesmo mães de família a maior parte das mulheres para gastar é um ver se te avias...

(falo por mim própria ehehehe)

zazie disse...

Mas nem entendi bem a questão.

Se é para impingir coisas, sim, é melhor seguir estudos de mercado a mulheres com filhos que a homens sozinhos ou mesmo com família.

Se é para investimentos maiores, como carro, casa, propriedades, quem melhor define o que interessa são os homens.

As mulheres tendem a ficar-se sempre pelo mais pequeno. A grande escala e investimentos passam um tanto ao lado.

Estou a lembrar-me das mulheres e homens que conheço e quais os que trocam de carro a tempo e os que deixam estragar e depois vai para a sucata e é preciso gastar mais num novo sem troca.

O segundo exemplo são elas.

Unknown disse...

Ter filhos, ter uma família de que se goste, isso define a cultura que se tem e o pensamento a longo prazo. Tem é um senão... fica-se menos disponível para escrever Tratados de Economia e Filosofia, não deixando tanto "Pensamento" escrito para a Posteridade deixando antes os seus genes.
Obviamente que isto não em todos e com todos mas é uma tendência. Talvez por isso esses grandes vultos do Pensamento fossem todos ou solteiros ou com pouca ligação à Família

José Lopes da Silva disse...

O comentário da Zazie pode servir aqui de re-introdução para um tópico antigo - sobre a definição do rumo a tomar ser uma questão masculina.

Pedro Sá disse...

Não deveria ser necessário ter que lembrar ao PA que, mesmo que se aceite esse pressuposto, ainda assim há uma imensa gama de gastos que não são decididos pela dita mãe de família.

Para além disso, está tão mas tão desfasado das famílias actuais que até mete impressão. Bem como das antigas quando se morria de parto (quer dizer, isso ainda hoje acontece, felizmente em raras situações).

zazie disse...

Sim, era nisso que estava a pensar e nas consequências da política e da justiça se terem tornado demasiado femininas