20 setembro 2014

detesta os velhos

Um grupo de irmãos (protestantes) separa-se da família e revolta-se contra ela na pessoa dos pais (Papa e Igreja).

É uma guerra entre jovens  e velhos - os irmãos separados, por um lado, e os pais, por outro.

A cultura protestante (em qualquer das suas versões liberal ou socialista, mais ainda nesta do que naquela) é uma cultura que celebra a juventude e detesta os velhos.

A cultura liberal abandona-os. A cultura socialista enfia-os em hospícios, a que às vezes  chama lares.

A cultura católica é diferente, consagra os velhos (e por isso os conserva no seio da família) e condescende para com os jovens.

18 comentários:

Anónimo disse...

Peço desculpa por nada ter a ver com o poste, mas ddeve ser do conhecimento geral:

http://portadaloja.blogspot.pt/2014/09/a-sociedade-aberta-e-os-seus-inimigos.html

zazie disse...

Os comunas detestam-nos mesmo.

Anónimo disse...


Caro PA,

Mais um post "ajuizadamente" injusto.
Mas vou deixar o meu comentário para mais logo.
Agora vou recolher.
Ler e trabalhar em solidão até às 5H00 da manhã - nesta matéria sigo uma dura ética protestante: nada mais na vida senão trabalho e humildade.


Um abraço e até breve
D. Costa

Anónimo disse...

"Mais um post ...injusto".

Caro D. Costa,
Cristo não veio à Terra para julgar, como dizem os protestantes.
Veio para dizer a verdade.
Abc.
PA

Anónimo disse...

Pedro Arroja,
Só para o cumprimentar. Por voltar a escrever. Por procurar a verdade.
Por não impigir ideias.
eao

Euro2cent disse...

> Mais um post "ajuizadamente" injusto.

Se se for ler Montaigne, por exemplo, nota-se a transição, à roda dos 1600s, entre duas posições.

Antes acreditava-se numa idade de ouro dos antigos, da qual os contemporâneos eram descendentes decaídos e inferiores.

Depois começou-se a pensar que os antigos eram umas criaturas limitadas e pouco esclarecidas, e as últimas novidades eram óbviamente superiores em tudo (mesmo sem serem testadas na prática, as teorias eram *tão* bonitas ...).

zazie disse...

Foi a mudança da Idade Média para a dita Moderna.

A visão católica foi-se perdendo por aí.

Anónimo disse...

O Pedro Arroja nunca teve oportunidade de visitar asilos de velhos há quarenta ou cinquenta anos Não faz ideia de como eram tratados os velhos pelas familias e o Estado. É um teórico.

Anónimo disse...



Não conheço muitos católicos na minha vida.
Convictamente só conheci um (o Professor Arroja foi o segundo, mas sobre esta matéria acho o PA uma personagem ambígua).

O único e verdadeiro católico do meu conhecimento pessoal foi o professor Vicente Sanches.
Vicente Sanches é um dramaturgo português. Ninguém ouviu falar dele e apenas um punhado de pessoas conhecem a sua obra e menos ainda tiveram o privilégio de conhecer a personagem.

Uma das observações do PA mais excelentes é em Portugal (país católico) encontrarmos de tudo. Do bom, do excelente, do mau, do terrível, do razoável e do medíocre.

Vicente Sanches é católico convicto. Dedicou 12 anos da sua vida a ler a Summa theologica, na edição original e na edição francesa (em 15 volumes, se não estou em erro).
Quando o visitei em Castelo Branco, nos anos noventa, estava apaixonadamente a aprender aramaico (a língua de Cristo). “Cristo não falava hebraico. A palavra divina foi falada em aramaico! Ninguém sabe isso. Esquecemos o significado da palavra ” dizia-me Vicente Sanches.

Necessariamente tinha uma biblioteca monumental, meticulosamente lida, relida e anotada.
Em solidão e até altas horas da noite dedicava-se à leitura da Bíblia em grego e aramaico.

(…)

D. Costa

Anónimo disse...


Um católico não discute a religião. Um católico não discute SOBRE a religião.

Ao contrário do PA o Professor Vicente Sanches nunca tocava no tema do catolicismo ou qualquer tema teológico mais complicado.

Há um silêncio profundo nos católicos que sempre me impressionou.
Poderemos discutir todos os assuntos mas sobre a Fé apenas silêncio.

À hora do jantar discutia-se filosofa, literatura e assuntos do dia à dia.
Recordo-me de um dos temas favoritos ser Dostoyevsky.
Ele, Dostoyevsky argumentava que um condenado à morte sofre mais do que a vítima de um crime.
Senão vejamos:
Um assassínio é um acto irracional. A vítima não espera o acto. Morre sem previsão, sem conhecimento prévio do seu destino.
Pelo contrário, um condenado à morte é “racionalmente” julgado e condenado à pena capital. Ao contrário da vitima ele sofre por antecipação. Há todo um processo jurídico que leva à condenação e sua morte, um processo doloroso e longo.
E o problema da morte é um problema de expectativa.

Assim, argumentava Vicente Sanches e Dostoyevsky, não sofrerá o criminoso mais do que a vítima?
Não há aqui uma injustiça?

D. Costa

(...)

Anónimo disse...


Caro PA,

A verdade pertence a Cristo, nós humanos discutimos, batalhamos, morremos pela justiça.
É esse o nosso destino é essa a nossa condição.

D. Costa

Anónimo disse...


"Só é possível mudar Portugal comovendo os portugueses." - PA

Já agora...e sobre o assunto da
familia aconselho um filme fascinante para o Professor Arroja: "How Green was my Valley" de John Ford.
Ford era católico. Silenciosamente católico. Mas este filme é sublime.

Mais uma vez terei de gastar um patacos para lhe oferecer o DVD.

O esplendor e a ruina de uma familia na velha Irlanda católica do início do século XX.

Algumas frases do filme:

"Men like my father cannot die. They are with me still - real in memory as they were in flesh, loving and beloved forever"

"Everything I ever learnt as a small boy came from my father, and I never found anything he ever told me to be wrong or worthless. The simple lessons he taught me are as sharp and clear in my mind as if I had heard them only yesterday."

D. Costa

PS - Ando um bocado mal de finanças.
On second thoughts a minha ideia e oferta é simples, empresto o filmes.
Tenho excelentes cópias posso cede-las por um prazo de 15 dias ou um mês, depois o PA devolve-me as cópias pelos CTT ou correio expresso.
Se não gostar dos filmes pode cobrar ao destinatário...

D. Costa





Ricciardi disse...

D.Costa,
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Ponha-o online com um sistema paypal. Aproveite e meta lá a colecção toda.
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Ando a pensar nisso com a biblioteca que a minha avó deixou (sempre fechada a sete chaves) depois de nos abandonar aos 98 anos. Velha maluca que eu tanto adorava. Bolas.
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ZAZIE, está lá o livro Zazie dans le metro, que me cha,ou a atenção por causa de ti. Penso que é da decada de sessenta, mas agora estou na cubata e não posso confirmar.
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Rb

zazie disse...

Os meus sentimentos pela tua avó, Morgadinho

A primeira edição por cá há-de ter sido em 65, suponho.

Ricciardi disse...

PA,
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Vc diagnostica bem as coisas. Eu admiro isso. Muito.
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Vc descreve uma cultura, a católica, por comparação com a protestante. Na sua opinião, que eu tambem partilho, a cultura católica terá sido abduzida ou ultrapassada pela esquerda pela protestante que teremos importado algures no tempo.
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Ora, isso parece-me ser verdade. No entanto, quais são os motivos pelos quais isso se verificou. Poderão ser muitas coisas que a história burilou, mas na sua opinião aonde estará o cerne da questão. Quer dizer, qual terá sido a mudança verificada na cultura católica que terá induzido à transfiguração da cultura católica na protestante.
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A minha opinião é que essa mudança se verificou quando se alterou a responsabilidade de prover as necessidades financeiras da familia com o sustento. Basicamente quando o papel de um dos conjuges se alterou radicalmente. Eu acho que tudo deriva deste ponto.
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Sem possibilidade prática de acolher e cuidar dos mais velhos (e mesmo dos mais novos) que alternativa têm as familias senão armazena-los em lares?
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Como é que podia, ser na sua opinião, diferente?
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Rb

Ricciardi disse...

Em suma, como é que uma economia que possa fluir a par das nossas tradições católicas poderia ser mais ou tão eficiente e competitiva com as outras economias de tradição protestante de forma a que a mudança não nos trouxesse arrenpendimento quanto ao nivel de vida das pessoas em geral?
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Que lugar teria uma mãe e um pai de familia de tradição católica nessa economia?
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Se um dos membros de uma familia não trabalhasse fora o problema do desemprego desapareceria de supetão.
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Aliás, o problema seria o inverso. Haveria falta de mão-de-obra.
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Isto quer dizer que o valor do trabalho seria obviamente mais valorizado para o conjuge que trabalha fora. Aquilo que um dos conjuges deixava de ganhar talvez fosse ganho em qualidade pelo outro por um simples aplicação das leis da oferta e procura.
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É claro que os empresários importariam mão-de-obra externa de outros paises e neste cenário os salários não subiriam o suficiente para sustentar uma familia.
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Como fazer, então, para que a familia volte a ser um local onde velhos e novos coabitam, ter um elemento do casal que possa cuidar deles e ao mesmo tempo conseguir competir com as outras culturas?
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Rb

Ricciardi disse...

Neste enquadramento, eu acho que o papel de Mãe podia ser transformado em profissão.
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Neste sentido, a mãe seria para efeitos práticos licenciada em cuidados geriatricos, pediatricos, gestão de stocks, gestão financeira e de marketing (porque os filhos e os avós tem de se apresentar bem).
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O salário de quem trabalha fora seria salário (para efeitos legais) da familia e não do trabalhador, o que significa que o futuro da Mãe estaria assegurado como se fosse ela a que trabalha e faz descontos, o que na falta ou na morte do trabalhador tem bastante relevancia.
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PS. Está um amigo a chamar-me para ir à praia beber uns canecos. Depois continuo a coisa. Já vou meu. Dasss.
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Rb

Pedro Sá disse...

Treta. Só na burguesia é que a mulher não trabalhava. Nos campos sempre trabalharam.